Comportamento Comunicação Não-Violenta Convivendo

Transforme-se com Comunicação Não Violenta

Ilustração de um homem e uma mulher sentados em um banco conversando.
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Em meio ao trânsito da cidade, é comum que alguma pessoa cometa algum erro ao dirigir ou que duas pessoas acabem trombando os carros. Nesse momento, vários xingamentos são proferidos, buzinadas tomam conta da rua e o estresse de todos os engarrafados aumenta ainda mais.

Ou então, depois de assistir a um vídeo ou ler um post com o qual uma pessoa não se identifica, ela opta por fazer um comentário. Muitas vezes, o que ela diz não se relaciona com o conteúdo da publicação. É um ataque à pessoa que fez o post, com palavras ofensivas e negativas, de forma a desvalidar um argumento tirando a credibilidade de quem o disse.

Se uma pessoa faz algo que algum superior a ela condena, é possível que ouça críticas que não são construtivas. Esse tipo de devolutiva pode não parecer uma forma de comunicação violenta, mas o impacto psicológico que ela terá pode tornar uma pessoa cada vez mais insegura e sem confiança.

Transforme-se com Comunicação Não Violenta

Nesses três casos e em muitos outros, os conflitos entre as pessoas se dão por causa de uma comunicação violenta. Não há o exercício da compreensão e da escuta, apenas a vontade de discordar da outra pessoa e fazê-la sentir-se mal com o que ela fez ou com quem ela é.

O senso comum associa a violência à imagem física desta, imaginando que a violência entre duas pessoas se dá por meio do contato entre os corpos, ou pelo uso de algum tipo de arma. No entanto, a violência verbal pode ser ainda mais traiçoeira. É mais difícil de identificar e de combater, sendo ignorada ou interpretada como frescura.

O que caracteriza uma comunicação violenta é o uso de palavras de baixo calão para se referir a uma pessoa durante uma conversa, ou a reprodução de frases que podem fazer uma pessoa se sentir mal por sua forma de pensar ou por sua personalidade. Essa forma de comunicação parte da ideia de que uma pessoa sempre será superior à outra e sempre estará mais certa que ela.

Ilustração de duas pessoas discutindo sobre fundo verde.

O meio de interromper a permanência da comunicação violenta é a disseminação da comunicação não violenta. Diferentemente da primeira, esse jeito de se comunicar tem como princípios a compreensão e o respeito. Ao ouvir um argumento do qual você discorda, ou ao passar por uma situação estressante, você não irá ofender a pessoa que é o motivo da sua discordância ou da sua irritação.

Com a comunicação não violenta, as pessoas seriam capazes de expressar o que pensam e o que sentem sem desrespeitar outras pessoas, compreendendo que cada uma delas tem formas distintas de pensar e de agir. É possível discordar de uma pessoa ou demonstrar que algo te incomodou sem ofender alguém.

Visto que a violência é entendida pela sociedade como a melhor forma de resolver um conflito, a comunicação não violenta pode ser confundida com passividade. A passividade teria uma conotação negativa, nesse caso, já que indicaria que uma pessoa não sabe como demonstrar seus pensamentos e opiniões, a partir do momento em que ela não se exalta durante uma discussão.

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Não é disso que se trata a comunicação não violenta. Esse meio de interação não é a representação de uma postura passiva perante os debates ou situações estressantes. A passividade seria a inação em um contexto desse tipo, seria aceitar que a outra pessoa deve ter a palavra final.

Ao contrário disso, a comunicação não violenta é justamente uma forma de se expressar em discussões, reuniões, debates e interações sociais, em momentos nos quais é preciso se posicionar, respeitando a outra pessoa. É desenvolver a possibilidade de um diálogo, no qual os indivíduos podem conversar como iguais, expondo suas ideias com a certeza de que não serão ofendidos pelo interlocutor.

Ainda que haja desafios para a perpetuação da comunicação não violenta, a seguir você vai aprender a colocá-la em prática e a driblar qualquer dificuldade que possa aparecer nesse processo. Confira!

Como praticar a comunicação não violenta

1) Observação

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Do que se trata: observar quais são as falas ou as atitudes de uma pessoa que te incomodam.

Como praticar: ao fazer as observações sobre como a outra pessoa está te incomodando, você deve mentalizá-las, preparando-se para o próximo passo, que será essencial.

Desafio: no momento em que você for se comunicar com a outra pessoa, é possível que a ela se sinta ofendida com qualquer tipo de crítica, mesmo que você esteja falando de forma cortês e respeitosa, sem ofendê-la.

Como resolver: se a pessoa com quem você está falando se recusa a te ouvir sobre o que está te incomodando, mantenha a calma. Você deve ter como principal objetivo estabelecer uma conexão compreensiva com seu(ua) interlocutor(a). Permita que ela expresse todo o descontentamento que sente com o comentário que você fez.

2) Sentimentos

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Do que se trata: avaliar quais são os sentimentos que a outra pessoa está causando em você no momento da conversa.

Como praticar: o que as pessoas falam diretamente para nós ou sobre uma parcela da população na qual estamos incluídas(os) sempre causa algum sentimento em nós. Por que esse sentimento veio à tona? Por que essas palavras fazem você se sentir assim?

Desafio: em um primeiro momento, ou dependendo de quem é a pessoa com quem você está falando, abrir-se sobre os seus sentimentos pode ser um processo lento, doloroso e difícil.

Como resolver: compreenda que uma comunicação violenta não pode ser instalada na sua mente de uma hora para outra. Se você ainda tem dificuldades para expressar os seus sentimentos, faça isso aos poucos. Você pode começar praticando com pessoas com quem você tem intimidade, que vão entender os seus motivos e respeitá-los. Será um processo lento, de fato, mas os resultados podem durar por mais tempo ainda.

3) Necessidades

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Do que se trata: identificar o que é necessário para que você não tenha mais os sentimentos negativos que a outra pessoa está te causando.

Como praticar: muitas vezes, nós culpabilizamos a outra pessoa pelo nosso cansaço e pela nossa frustração. Esses sentimentos culminam em uma comunicação violenta, que ignora que o problema pode estar dentro de nós. Em vez de dizer que a outra pessoa nunca faz o que você pede, por exemplo, diga que seria muito importante se ela fizesse o que você pediu, para que você não precisasse se preocupar com isso e se sentisse melhor.

Desafio: nesse caso, o maior desafio é justamente identificar o que você precisa de forma clara e objetiva, aprofundando-se nos seus sentimentos e analisando como eles poderiam se tornar positivos.

Como resolver: tenha em mente que esse exercício não é do que você quer, mas do que você precisa. Por que a outra pessoa deve mudar a forma como ela conversa com você, ou como ela desempenha determinada função? É porque você não quer se estressar com isso? É porque você não consegue desempenhar adequadamente a função que ela pode fazer? Faça essas perguntas para você e só então liste o que você precisa dessa pessoa. Nem sempre esse alguém irá agir de acordo com as suas expectativas, então, esteja preparada(o) para lidar com a frustração sem desrespeitar a outra pessoa.

4) Pedido

Ilustração de mãos segurando um ponto de interrogação.

Do que se trata: tendo identificado todos os outros tópicos e tendo feito uma avaliação sobre como você se sente e do que você precisa, você irá pedir para a outra pessoa que ela mude a forma como fala com você ou alguma atitude que te afeta diretamente.

Como praticar: o ideal é que você faça esse pedido de forma clara, objetiva e respeitosa. Você pode se basear nisto: “Quando você [diz alguma coisa/faz alguma coisa], eu me sinto [dizer a forma como você se sente]. Eu sei que você não tem responsabilidade sobre os meus sentimentos, mas, se você pudesse [dizer o que a pessoa precisa fazer], eu me sentiria melhor, e nossa convivência seria mais harmoniosa”.

Desafio: como a comunicação não violenta ainda não é um padrão, a outra pessoa pode oferecer alguma resistência a aceitar essa nova forma de se comunicar.

Como resolver: em vez de criticar a pessoa por ela não ter aprendido essa nova forma de se comunicar, você pode ensiná-la como se comunicar sem violência. Explique os motivos, fale sobre como isso está te ajudando e sobre como você acredita que, desse jeito, as pessoas podem se respeitar mais.

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