Convivendo

Uma conversa com a jornalista Layse Moraes, do Blog “Coração Nonsense”

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Alguns blogs carregam as emoções de quem os criou, talvez por isso o blog Coração Nonsense seja o querido de muitas pessoas. Quem acompanha os escritos da jornalista Layse, e agora também seu canal no Youtube, pode perceber a sutileza em suas palavras.

E muito mais do que isso! Qualquer que seja o assunto, Layse consegue se expressar de forma pura, transmitindo conhecimento e opiniões, seja da moda, literatura, feminismo, entre outros. Nós da equipe do Eu sem Fronteiras conversamos com Layse, que nos contou um pouco do blog, de sua rotina e da paixão pelos livros. Confira a entrevista:

Eu sem Fronteiras – Me fale um pouco de você, formação, onde cresceu, mora:

Layse Moraes: Cresci em Andirá, uma cidade micro, no interior do Paraná (PR). Morei lá até os 7 anos, quando me mudei para Londrina, também no Paraná. Moro em Londrina até então, e essa cidade exerce algum tipo de amarração nas pessoas, mas já quis muito sair daqui. Sou aquariana, então minha cabeça está sempre lá na frente, fazendo planos e tendo mil ideias de futuros paralelos… Vamos aguardar.

Eu sem Fronteiras – Como nasceu o blog Coração Nonsense?

Layse Moraes: O Coração Nonsense nasceu primeiro como nome. Lá por volta de 2008, acordei e pensei: quero algo que se chame assim – o que tem tudo a ver comigo, porque eu sou toda bagunçada e meio nonsense no sentir. Mas o blog nasceu primeiro para dividir textos literários que eu escrevo desde sempre. Nada demais. Coisas minhas mesmo, crônicas, pensamentos aleatórios, poeminhas, contos… Não tinha nenhum critério nem frequência para postar. Era tudo bagunçado. Escrevia quando rolava – e às vezes demorava muito para rolar. Daí comecei a ter necessidade de falar mais sobre outras coisas também, coisas que eu gosto, que me inspiram, que me fazem pensar e juntei esses dois tipos de textos nesse canto antigo. Sou tipo uma problematizadora compulsiva. É insuportável! Então preciso colocar isso para fora de alguma forma. 

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Eu sem Fronteiras – Você gosta muito de literatura, também é a sua área de formação (Letras). O que a literatura representa para você?

Layse Moraes: Literatura é o que me fez ser o que eu sou hoje – e não sei realmente se isso é bom ou ruim. Literatura é meio que uma ruína também. Ela te deixa mal às vezes, te faz pensar, te tira do mundo confortável do não saber. E isso é maravilhoso, mas dolorido também. Fiz Letras por isso e fiz Jornalismo para escrever sobre isso. Acabou que, na prática, tem sido diferente e eu estou na minha pior ressaca literária dos últimos anos. Tenho lido muito menos do que eu gostaria. Mesmo assim, a Literatura ocupa um lugar muito central e definitivo da minha vida.

Eu sem Fronteiras – Você tem se envolvido com questões ligadas ao feminismo. O que ainda precisa ser problematizado?

Layse Moraes: Eu sinceramente acho que não dá para não se envolver com questões ligadas ao feminismo quando se é mulher e se tem uma mínima ideia do que o feminismo é. Então parece que é tão natural que não passa nem pela escolha. É meu. É inerente ao fato de eu ser mulher e sentir as agressões, os olhares, os preconceitos e as inseguranças na pele. Há tanta coisa para ser problematizada ainda que eu nem sei por onde começar… É um posicionamento político mesmo. Precisamos ocupar espaços, falar, nos fazer ouvir. Já conseguimos muitas coisas, mas ainda falta muito! Coisas básicas mesmo, como direitos sexuais e reprodutivos – isso pensando no Brasil. Se formos pensar, a nossa emancipação é muito recente…. e não vamos parar tão cedo!

Eu sem Fronteiras – Você começou recentemente um canal no Youtube. O que pretende com ele?

Layse Moraes: Comecei o canal por necessidade de falar mais mesmo. Sou tagarela, sempre fui. E as coisas agora estão muito visuais, né? As pessoas estão lendo menos (infelizmente) e preferindo assistir a vídeos. E falar é mais descontraído, mais direto. É como se fosse um bate-papo mesmo, meio sem filtro. Eu mesma tenho acompanhado muitos canais de mulheres e acho muito bacana isso de ouvir o que outras têm a dizer. Então quis falar também. Mas não tenho muita pretensão, é tipo uma autoafirmação: o que eu tenho para falar importa, sim, e o que você tem para falar também. Então, vamos colocar umas palavrinhas no mundo!

Eu sem Fronteiras – Quais seus escritores mais bajulados?

Layse Moraes: Sou cheia de escritores bajulados… mas depende da fase. Hoje tenho tentado me voltar para escritoras, porque é impressionante como as mulheres são silenciadas também na literatura. Há de se ter atenção para não cometer injustiças o tempo todo… Então vou fazer uma lista de escritoras, apesar de amar muito vários escritores! Em modo aleatório, mas com muito amor: Ana Cristina Cesar, Clarice Lispector, Hilda Hilst, Lorena Martins, Carol Bensimon, Chimamanda Ngozi Adichie, Adriana Falcão, Elvira Vigna, Lygia Bojunga, Virginia Woolf, Angélica Freitas… ai, deus, tem muitas maravilhosas! Sugiro que procurem e amem essas e outras mulheres incríveis também.

Eu sem Fronteiras – Com tantas revistas e espaços dizendo para mulheres ‘ser aquilo’, ‘fazer isto’, vem surgindo também outros espaços mais alternativos, mostrando que a mulher pode ser o que ela quiser. O que você tem a dizer sobre isso?

Layse Moraes: Acho maravilhoso que vozes distintas daquelas que ditam padrões existam e sejam cada vez mais comuns! Tem gente que torce o nariz e diz que o feminismo está virando mainstream, mas eu quero mais é que vire!!! Que fique bem na moda mesmo, para que todo mundo queira seguir, a ponto de virar totalmente comum e a informação alcançar todo mundo. Gosto especialmente do Lugar de Mulher, Revista AzMina e Revista Capitolina, mas tem muita coisa massa acontecendo por aí – o que é maravilhoso!

Eu sem Fronteiras – Como é o seu dia a dia?

Layse Moraes: Meu dia a dia é bem normal, na verdade. Trabalho numa editora, escrevo nas horas que me sobram, assisto Netflix compulsivamente… essas coisas. Paro para sofrer um pouquinho, problematizar umas coisas que eu inventei na minha cabeça e ler uns livrinhos. Queria muito dizer que meu dia é cheio de coisas incríveis, mas na verdade sou só uma cria da geração Y que não sabe muito bem como se encaixar na vida adulta – e na verdade, nem sente que é muito adulta ainda. 

Eu sem Fronteiras – O que você faz para encontrar mais tranquilidade nos dias corridos?

Layse Moraes: Eu tenho deixado os dias corridos me corroerem um pouco… preciso urgentemente lidar melhor com isso. Mas faço análise lacaniana e quero voltar a fazer exercício físico urgentemente. Mas falando de coisas mais palpáveis, o que me tranquiliza é estar com as pessoas que eu amo, com minhas amigas, com meus bichos. Eu não sei ser feliz sozinha. Preciso sempre do outro. E esse contato vem junto com sair um pouco da tela do computador, viver para além das redes sociais, sabe? Conversar mesmo, por horas, de igual para igual, sem câmera, sem filtro, no real mesmo, sem simulacros. Então isso me recarrega, me reenergiza. Ah, e astrologia, claro! Estou sempre de olho nos meus trânsitos astrológicos (melhor garantir!).

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Eu sem Fronteiras – Deixe uma mensagem!

Layse Moraes: É importante fazer aquilo que a gente acha que tem que fazer. Cada um tem um caminho e a gente não deve silenciar nossos desejos e anseios. Estou falando isso em voz alta, para ver se também entendo de uma vez. Tudo é um aprende-desaprende, né? Então, vamos por aí, aprendendo e desaprendendo juntas.

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