Durante muitos anos, a vida obriga que se assumam alguns papéis que são inadiáveis, como o cuidado com os filhos, com a família, a formação e desempenho profissional, a manutenção dos conhecimentos adquiridos após anos de estudo. Além disso, com a mecanização de muitas atividades, que antes eram feitas manualmente, obrigou os humanos a buscarem a movimentação física, para evitar a perda muscular e o enfraquecimento geral do organismo e fugir de doenças crônicas.
Nunca foi tão difícil encontrar uma vida mais tranquila. O não fazer nada é um momento ainda pouco valorizado por algumas pessoas, que costumam condenar e apontar o dedo para quem decide reduzir o ritmo por algum motivo, ainda que por motivo algum, apenas por resolver não fazer…
Viver em uma sociedade em que tempo é dinheiro, não fazer nada significa perder dinheiro para alguns. Bem como escolher fazer coisas que, utopicamente ou não, contribuirão para mudar a situação do momento em que se vive, pode ser vista como perda de tempo e com o “não trazer vantagem para o grupo em que se convive”.
Se uma inação de alguém traz tanto incômodo para outro alguém, será que este outro alguém não estaria precisando de momentos de também não fazer, de encontrar outra atividade diferente do sempre fazer? Será que fazer é tudo que se faz no mundo e na vida? Talvez não, incluindo a escolha de não fazer opções, deixando o outro alguém perturbado.
A vida moderna tenta nos obrigar a fazer sempre: ora lendo, ora se locomovendo a pé, de carro, de transporte coletivo; mexendo no celular; trabalhando, mesmo que no horário além do trabalho, mesmo que não esteja trabalhando, ou desempregado, ou desocupado, ou desalentado; fazendo amizades ou inimizades; preparando o alimento. Fazendo críticas ou comentários. O verbo fazer está muito enraizado nas nossas vidas…
É preciso mesmo ter tempo de não fazer. Até a lei nos diz que podemos decidir entre fazer e não fazer, mas, mesmo decidindo, estamos fazendo uma escolha ou uma decisão.
E o que uma pessoa faz nem sempre pode ser desfeito. Por exemplo, se alguém fizer intrigas, estará fazendo alguém se sentir infeliz ou constrangido; se fizer um bolo, poderá fazer a vontade de alguém comer um doce. Ainda tem o faz tudo, que faz mais coisas que todos, porque faz tudo mesmo (às vezes, não faz)!
Não é uma alegação para não fazer o que é um dever. Apenas um não fazer como direito ao descanso ou um abraço ao que é prazeroso, ou ainda na realização de um ideal. Pode ser também um fazer ou não por convicções e crenças. Ou mesmo por questões físicas, ou mentais no momento vivido. Tem ainda o fazer por indução ou por pressão, correndo-se o risco de ter como resultado algo que não foi bem feito.
O importante é entender o porquê da ação ou da inatividade que se optou e buscar não se arrepender depois. Caso contrário, a leveza da escolha se perde e as justificativas passam a não convencer quem está em processo de autoavaliação.
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Fazer ou não fazer é uma escolha para que seja possível deitar no final do dia, ou mesmo durante o dia, o que é uma alternativa, e não ficar se questionando se a escolha foi certa ou errada. É preciso estar convencida de que foi tomado o melhor caminho.
Pergunto: quantas vezes neste último ano você se deu a oportunidade de escolher entre o fazer e o não fazer sem culpas?