Existe algo especial em assistir a uma história sem palavras. Flow, a animação letã que conquistou o Oscar 2025 de Melhor Animação, provou que não precisamos de diálogos para nos conectarmos com um personagem. Basta um gato preto, corajoso e assustado ao mesmo tempo, navegando por um mundo inundado em busca de sobrevivência.
O filme, dirigido por Gints Zilbalodis, acompanha esse pequeno felino solitário que vê sua casa ser destruída por uma enchente apocalíptica. Sem humanos por perto, apenas os vestígios de uma civilização que desapareceu, ele precisa encontrar refúgio. A salvação vem na forma de um barco, onde compartilha espaço com outros animais: um labrador empolgado, uma capivara, um lêmure e uma ave gigante. Espécies que normalmente não conviveriam, mas que agora dependem umas das outras para seguir vivas.
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O que torna Flow especialmente tocante é sua simplicidade. Sem falas, apenas sons naturais dos animais e da água que tudo invade, o filme nos lembra que empatia, companheirismo e confiança transcendem qualquer barreira. O gato aprende a confiar. O cachorro aprende a ter mais autonomia. E nós, espectadores, aprendemos que há beleza na vulnerabilidade.
Mas o impacto de Flow foi muito além das salas de cinema.
Gatos pretos encontrando lares
Algo inesperado aconteceu depois que o filme ganhou o Oscar. Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), uma usuária anunciou a doação de dois gatos pretos usando o termo “tipo Flow”. A publicação viralizou. As pessoas começaram a chamar esses felinos de “flowzinhos”. Comentários como “agora, sempre que eu vir um gato preto, vou pensar em um flow” se espalharam pela internet.
E o mais importante: a procura por adoções de gatos pretos aumentou. Organizações como o Instituto Ampara Animal relataram uma mudança significativa. Esses animais, que por tanto tempo enfrentaram preconceito e superstições, agora são vistos como protagonistas, como heróis de suas próprias histórias.
“O que nem todos imaginam é o impacto que o filme tem tido: aumentando o interesse pela adoção de gatos pretos, que há tanto enfrentam preconceitos”, destacou o instituto em uma publicação nas redes sociais.
Quebrando superstições com afeto
Durante séculos, gatos pretos carregaram o peso de associações com azar, bruxaria, más energias. Essas crenças infundadas fizeram com que esses bichos fossem os menos adotados nos abrigos. Pessoas escolhiam qualquer outra cor, qualquer outro padrão, menos o preto. Como se a pelagem tivesse alguma relação com personalidade ou capacidade de amar.
 
Flow mudou essa narrativa. De repente, ter um gato preto se tornou sinônimo de ter um pequeno sobrevivente em casa, um companheiro valente que enfrenta tempestades e ainda assim escolhe confiar. A percepção mudou porque as pessoas finalmente viram esses animais como indivíduos, não como símbolos de superstições ultrapassadas.
O poder das histórias
Cinema sempre teve esse dom: transformar mentalidades, abrir corações, criar empatia onde antes havia indiferença. Quando colocamos um gato preto como herói, quando mostramos sua fragilidade e coragem, quando permitimos que as pessoas se conectem emocionalmente com ele, algo muda. Os muros caem. Os preconceitos perdem força.
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Cada gato preto que agora encontra um lar carrega um pouco dessa história. Não porque o filme inventou algo novo, mas porque ele lembrou as pessoas do óbvio: todos os gatos merecem amor. A cor nunca deveria ter importado.
Graças à Flow, muitos “flowzinhos” estão finalmente recebendo o lar amoroso que sempre mereceram. E isso, por si só, já valeria qualquer prêmio.

 
 
 
 
 
 
 
