Comportamento Meditação

A lagarta que não virou borboleta

Representação das fases da vida de uma borboleta.
blackdiamond67 / 123RF

Catarina estava diante de uma fase que considerava difícil e quase impossível de superar devido à grande dor emocional que estava vivenciando.

Ela rezava (praticamente implorava) para que algo acontecesse. Rezava para que uma mudança a transformasse em outra pessoa. Uma pessoa capaz de viver sem dores, angústias e sofrimentos.

Relutava e assim vivenciava uma longa fase de negação. Apesar da terapia e da medicação, ainda perdurava uma questão difícil de cuidar.

Essa dificuldade momentânea de cuidar de sua dor gerava esperança por mudanças. Mas com a mente entorpecida pela dor, sua capacidade imaginativa estava aguçada.

Olhava borboletas voando pelo jardim e almejava voar também. Imaginava a metamorfose. Leveza e liberdade para voar. Voar para vislumbrar flores, cores e perfumes. Desejava se transformar. Gostaria de romper os limites gerados por suas angústias.

Uma borboleta se apoiando em uma flor.
Yulia / Pexels

Num dia qualquer, ao entrar na cozinha, notou que uma lagarta escolhera o quadro de avisos fixado ao lado da porta de entrada para se instalar.

Catarina considerou o episódio como um sinal! Um sinal maravilhoso da vida mostrando que as preces dela seriam atendidas: hora de mudanças! Se tornaria uma borboleta livre para voar.

Permaneceu parada diante do quadro, acompanhando cada instante da transformação: os impulsos internos transformando o corpo da lagarta em casulo.

Várias borboletas-azuis.
pexels / pixabay

Ela observou por vários dias. Olhava atenta para o casulo na expectativa de ver a borboleta nascer.

Passaram-se vários dias e nada. Nenhuma alteração no casulo.

Muitas semanas se passaram e o casulo não abriu. A borboleta não nasceu. Ao perceber que não aconteceria o rompimento do casulo, sentiu tristeza. Considerou a experiência como um sinal de fracasso pessoal. Se espelhou no episódio e considerou que estava condenada a ser lagarta e não se tornar borboleta. Condenou a si e condenou a borboleta. Condenou a natureza. Morta. Fracassada. Desabou.

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Mesmo triste, Catarina decidiu não retirar o casulo do quadro. Apesar de estranho, muito estranho, serviria de lembrete. Uma lembrança sobre aceitar o que é. Tentaria não julgar e consideraria possibilidades e não desejos. A realidade era o que estava diante de seus olhos. Nem boa, nem má. Apenas a realidade.

Pensou sobre mudanças e sobre o exemplo que a natureza estava lhe dando.

Refletiu sobre ciclos, pausa, tempo, introspecção e silêncio. Talvez a metamorfose não seja um espetáculo único para marcar uma grande mudança. Não precisava necessariamente mudar de forma, ou de vida, bastava aprender a aceitar e acolher suas dores com a leveza de uma borboleta.

Nota da autora: Catarina é personagem fictícia de “Clara e o Caderno de Escrita”.

Sobre o autor

Cintia Ski Pelissari

Estudiosa de meditação e técnicas de autocuidado há mais de 14 anos.

Formada em Reiki pela Mestre Claudete França, da ABR – Associação Brasileira de Reiki.

Idealizadora dos projetos: Contos e Encontros - Vida criativa; e Contos e Encontros - Conversas sobre o luto.

Oferece workshops, consultorias e atendimento individualizado, com o objetivo de promover a gestão do autocuidado.

Facilitadora da divulgação da mensagem de gratidão de Brother Steindl-Rast, por meio do site viveragradecidos.org

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Email: cspelissari@hotmail.com
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