A vida ficou mais fácil, mais rápida e a informação é acessível de uma forma nunca antes imaginada. Isto posto, por que muitos de nós nos sentimos vazios, entediados e ansiosos?
A impressão que tenho é de que, à medida em que aumentamos nossa produtividade, nossas opções, escolhas e nossa dimensão do mundo, consequentemente diminuímos o tempo que passamos com nosso eu interior. Explicando melhor: estamos antenados com as informações, nos conectamos com amigos do outro lado do mundo, fazemos amizades novas todos os dias, ouvimos música, vemos filmes, somos participantes ativos de grupos virtuais, mas não temos tempo para cuidar de nossa vida íntima.
Temos menos tempo ainda para um café com um amigo antigo ou para uma conversa com nossos filhos. Não visitamos nossos pais ou parentes com a mesma frequência de antes. Não temos paciência para a meditação nem vontade de começar a se alimentar de maneira saudável. Não temos nem mesmo tempo para beber mais água! Nosso dia está tomado por tarefas infindas de verificar as redes sociais, a cotação da bolsa, a vida do outro (e nos comparamos com ele)… Se sentimos que não estamos acompanhando suficientemente o andar da carruagem do mundo, instala-se no nosso íntimo uma dúvida torturante e de certa maneira filosófica: quem sou eu e como estou vivendo? Então nos comparamos mais e mais com a vida virtual supostamente feliz dos amigos, das celebridades, dos desconhecidos. O ter vale zilhões de vezes mais do que o ser. Então a frustração se instala e com ela os antidepressivos, os calmantes, os remédios para dores de estômago… Buscamos a felicidade e nos distanciamos da paz. Buscamos o amor e a aceitação, mas nos aproximamos da intolerância (por si mesmo e pelo próximo) e da amargura.
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Como podemos então viver uma vida com propósito, alegria e paz? Acredito que essa tríade anda de mãos dadas. A paz provém da paciência e da aceitação. Tenho de me aceitar e ter paciência comigo mesmo e com o outro, para que eu possa também aceitá-lo. A paz traz alegria e harmonia. O propósito advém do encontro comigo mesmo e de minha aceitação, pois o propósito é um modo de fazer parte do mundo de modo em que a minha contribuição seja uma gotinha no oceano, mas que irá transformar para melhor a vida de alguém (começando por mim). Quando eu consigo transformar algo ou alguém de modo que essa mudança traga bem-aventurança, com certeza ela será geradora de novas possibilidades de auxílio inimagináveis. A paz abre espaço para uma grande corrente do bem. A paz abre espaço para o diálogo, para pontos de vista diferentes que serão respeitados e para perspectivas novas, assim como para esperança e benefícios infinitos.
Então sigamos com boa vontade de termos uma conversa interior, de nos ouvirmos, nos acolhermos e termos paciência conosco nesse processo. Um dia de cada vez. Todo sentimento de paz provém da paciência e do amor. Sejamos luz no caminho. Mesmo que esse caminho seja apenas uma trilha, com certeza afetaremos os passarinhos, as formigas e as borboletas que transitam por ele. Nenhuma ajuda é em vão. Tudo é benção e também lição. Fiquemos em paz!