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A sua cabeça não para? Por que isso acontece e como lidar?

Uma mulher segurando sua própria cabeça.
Alona Siniehina / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Alguma vez você já se pegou pensando: eu só queria que a minha cabeça parasse um pouco? É, isso tem sido cada vez mais relatado por diferentes pessoas, essa vontade de simplesmente olhar pro céu e calar preocupações, ansiedades, medos, reflexões e tudo o mais que faz nossa mente trabalhar de maneira incessante.

Feliz ou infelizmente, é impossível interromper os nossos fluxos de pensamentos, mas podemos ajudar você com duas coisas: a primeira é mostrar que você não está sozinho nessa e a segunda é tentar te ajudar a entender por que isso está acontecendo com tanta gente por aí. Reflita!

Sociedade do cansaço

Cobrança excessiva. Produtividade. Positividade. Essas são expressões que você tem ouvido por aí ou nas quais pensou recentemente? Segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, esses são sintomas da chamada sociedade do cansaço, termo criado por ele.

Uma mulher dormindo. Ela repousa sua cabeça sobre uma mesa.
moodboard / Canva

De acordo com ele, essa sociedade do cansaço se caracteriza por uma sensação permanente de exaustão que decorre do fato de que a nossa sociedade atual normalizou uma cobrança excessiva por produtividade, o que exige que entreguemos sempre mais e melhor — tudo isso mascarado por uma positividade.

É um belo resumo das redes sociais, não? Esse ambiente no qual precisamos dar conta de tanta informação e novidade, e no qual somos cobrados a produzir também — e a assistir à série do momento, ver a trend atual, acompanhar o BBB e os memes da semana —, tudo isso postando selfie sorrindo num lugar legal no fim de semana.

Infotoxicação: o que é?

Recentemente, este termo passou a circular em algumas discussões a respeito do modo como estamos nos comportando na internet. Pois estamos cada vez mais dependentes de telas (smartphones, computadores, TVs etc.), ouvindo áudios e assistindo vídeos acelerados, salvando links, imagens e podcasts para consumir depois, e por aí vai.

A verdade é que é humanamente impossível que a gente consiga dar conta da quantidade imensa e absurda de informação que está sendo produzida: mensagens, vídeos, fotos, áudios, filmes, séries, livros, podcasts, notícias… Simplesmente não cabem em 24h.

Segundo uma pesquisa da Consumoteca publicada em 2021, 78% dos brasileiros afirmaram que se sentem incapazes de assimilar todo o conteúdo que consomem diariamente. E é isso o que chamamos de infotoxicação: consumimos demais, não damos conta de processar — e o cansaço é duplo: não dar conta e se sentir culpado por não dar conta.

Sensação de incapacidade

O que fica, no fim do dia, é uma sensação de incapacidade. Todo mundo parece capaz de acompanhar as notícias, assistir à série que estreou na semana, ouvir o podcast do momento, fazer 2h de caminhada, cozinhar um bolo, ler 2 livros por semana e por aí vai… menos você, né? Pois é, muita gente tem sentido isso.

Uma mulher apresentando um semblante de frustração. À frente dela, um notebook aberto.
NataBene de Getty Images / Canva

E, como explicado anteriormente, isso vem com uma sensação de culpa também, como se nós fôssemos os culpados, por sermos incapazes, de não darmos conta de consumir o excesso de informação que está circulando.

A infantilização das redes

Além disso, muitas pessoas acima dos 30 anos de idade têm relatado outro tipo de incômodo: cada vez mais, as redes sociais são dominadas e protagonizadas por jovens falando sobre temas de jovens com uma linguagem jovem.

Não parece absurdo que pessoas com 30 ou 35 anos de idade estejam se chamando de “velhas”? Tudo isso é efeito do que estão chamando de infantilização do entretenimento: os tiktokers famosos são, em sua maioria, adolescentes, os seriados sobre adolescentes fazem muito sucesso, até atores e atrizes de mais de 25 anos parecem ter 16 ou 17…

E isso causa uma exaustão, uma culpa, um cansaço. Porque, ao contrário do mundo pré-internet, quando circulávamos onde queríamos e somente quando queríamos, as “visitas” que fazemos às redes sociais são diárias, muitas vezes diversas vezes por hora, então se algo ali causa mal, esse mal-estar é literalmente diário.

E não para por aí…

Se os problemas fossem só esses, as coisas não seriam tão graves quanto são, mas poderíamos empilhar problemas e mais problemas que só fazem nossa mente acelerar. Adicionalmente, temos, é claro, nossos problemas pessoais: relacionamentos, família, amigos, trabalho, faculdade, estudo, sonhos e planos, contas e boletos…

Além disso, pode somar aí a pandemia e a incerteza a respeito do futuro que ela trouxe, o apocalipse climático que estamos vivendo, uma crise política, econômica e social que parece nunca acabar e que ninguém se lembra de quando começou, as demandas cada vez mais exigentes do trabalho nos tempos da positividade tóxica do LinkedIn…

A carga mental fica pesada, exaustiva.

E aí, o que fazer?

Não tem fórmula mágica, não tem receita de bolo. Nunca o ser humano foi tão exposto a informação e tão cobrado quanto vem sendo hoje. Por isso é que ninguém sabe muito bem o que fazer… O que você pode fazer é se analisar e seguir algumas dicas que preparamos.

1 – Limite o uso de redes sociais

Diversos logotipos de redes sociais atuais.
geralt de pixabay / Canva

As redes sociais são grandes vilãs quando pensamos na aceleração do pensamento, porque elas nos expõem a informação de modo incessante. Se você rolar o feed eternamente, ele vai que vai! Então repense a maneira como você está usando as redes e seja mais responsável nesse uso.

2 – Durma!

Baixa quantidade de horas de sono é uma grande responsável da pouca capacidade de raciocínio, processamento de informação e da sensação de estafa mental. Então priorize o seu sono, estabeleça horários para dormir e acordar e não ache normal simplesmente não dormir uma noite ou dormir menos do que deveria.

3 – Encontre ambientes com atividades de distração

Esportes, hobbies, artesanato, yoga, meditação… Enfim, encontre atividades ou ambientes e espaços nos quais você possa estar e que serão distração, em vez de cobrança por produtividade. Essas atividades precisam ser verdadeiros descansos, como uma terapia mesmo.

4 – Cerque-se de pessoas como você

Pessoas se cumprimentando com as mãos.
aleksandrdavydovphotos / Canva

Sim, muita gente está se sentindo cansada como você, então tente ficar próximo a essas pessoas, em vez de perto de pessoas que enviam 1001 links por dia e indicam 2 filmes, 4 livros e 6 podcasts, tudo isso mandando o meme do momento. Se é demais pra você, tudo bem procurar companhias mais alinhadas a quem você é.

5 – Menos cobrança!

É, falar é fácil, mas você precisa se cobrar menos. Pare e pense em todas as coisas das quais você dá conta nos momentos em que começar a se martirizar por todas aquelas das quais você não dá. Você vai perceber que tem conseguido fazer muito mais do que aquilo que tem deixado sem fazer. Pegue mais leve consigo.

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Enfim, muitas pessoas estão sofrendo com essa síndrome do pensamento acelerado atual, então não é só você! Saiba que isso não é culpa sua e que é sinal dos tempos em que estamos vivendo. Porém siga tentando encontrar maneiras de burlar isso e de se sentir menos cobrado por produtividade e processamento de tanta informação.

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