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Caminhos de cura e ilusão

Imagem de um homem usando um agasalho cinza. Ele está com as pernas dobradas, em posição de corrida.
Tinpixels / Getty Images Signature / Canva
Escrito por Giselli Duarte

As histórias de cada um são marcas de vivências que moldam o ser. Quem transcendeu as lutas traz serenidade e se torna guia, irradiando autenticidade. Outros, em dor, evitam encarar sombras e espalham solidão. Há ainda quem disfarce feridas, envenenando relações. A cura autêntica é livre de máscaras.

As histórias que cada um de nós carrega são como marcas, reflexos das vivências que moldaram nosso ser. As cicatrizes que exibimos, sejam vitórias ou feridas, ecoam a antiga sabedoria da existência.

Aqueles que conseguiram, de alguma forma, transcender as lutas da vida possuem uma qualidade rara: uma serenidade em seu olhar e uma firmeza em suas palavras. Não sentem a necessidade de justificar-se, de julgar ou redimir o que os cerca. Eles simplesmente são. E nessa simples existência, encontram um espaço de transformação.

Essas almas, ao se reconectarem com sua essência, tornam-se guias para os que continuam perdidos. Elas conhecem a dor do percurso emocional e, assim, não guiam com mapas, mas com uma intuição silenciosa que fala mais alto que qualquer conselho. Seu conhecimento profundo das sombras permite que inspirem outros, não com promessas, mas com a presença que irradia autenticidade.

Contudo, há aqueles que permanecem no lado oposto, fragmentados e confusos. Eles hesitam em buscar as partes que lhes faltam e, no processo de reconstrução, muitas vezes percebem que destruir o mundo ao redor é mais fácil do que confrontar suas próprias sombras. Em sua luta, podem se tornar alérgicos à alegria alheia, acreditando que, se outros compartilham de seu vazio, sua dor será mais leve. Essa identificação com a dor, paradoxalmente, pode criar um laço de solidão ainda mais profundo.

Então, existe um terceiro tipo, talvez o mais insidioso. Não aquele que aceita a derrota, mas aquele que disfarça suas feridas sob uma máscara de cura. Essa pessoa se aproxima com um sorriso, oferece apoio, mas, na verdade, constrói um mundo de ilusões. Sua verdadeira natureza se revela lentamente, enquanto o perigo reside na habilidade dessa pessoa em manipular, desmoronando relacionamentos em silêncio, enquanto mascara sua verdadeira intenção.

Imagem de uma mulher triste e com semblante apagado, olhando para o pôr do Sol em frente a um lago.
StockSnap / Pixabay / Canva

Esse engano é cruel. A vítima, depositando confiança, começa a se desvanecer, questionando sua própria realidade. É assim que os que fingem curar operam: envenenam lentamente, gota a gota. Acreditamos em sua bondade porque é intrínseco a nós esperarmos o melhor do outro, especialmente quando suas intenções estão veladas por uma fachada convincente.

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A farsa, embora insustentável, se assemelha a um parasita que consome aos poucos. O tempo passa e a vítima se vê fraca, presa em um emaranhado emocional sem lógica. Os falsos curados espalham destruição silenciosa; não gritam, não ameaçam. Eles cativam, e quando você se dá conta, já está quebrado, com mais partes perdidas do que quando começou.

A verdadeira capacidade de elevar alguém vem de um espaço autêntico, livre de pretensões. Aqueles que possuem essa força não precisam impor-se; eles simplesmente estão presentes, compartilhando sua essência. Porque a verdadeira cura nunca tem interesses escondidos. Ela surge do coração, e nesse coração reside a verdadeira liberdade.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

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Meditação para quem não sabe meditar

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