Autoconhecimento

Como fica o casamento após os filhos?

Escrito por Eu Sem Fronteiras

Aumentar a família é um passo importantíssimo. Não se pode voltar atrás nessa decisão. Filhos exigem planejamento financeiro e psicológico. Por isso, muitos casais têm filhos após concluírem os estudos e consolidarem suas carreiras. Vemos esse fenômeno acontecer mais frequentemente nas capitais e regiões metropolitanas, onde elementos básicos que proporcionam qualidade de vida como uma casa confortável, ensino de qualidade e um bom plano de saúde possuem custos elevados. Portanto, adiar esse sonho, visando estabelecer um ambiente financeiramente seguro é uma resolução perfeitamente compreensível e responsável.

Aproveitar a vida de casados é outra justificativa bastante recorrente. Entenda-se por aproveitar a vida de casados, ter tempo e dinheiro para viajar, ir a festas, baladas e poder acordar mais tarde no final de semana. Nos primeiros anos de casamento, homens e mulheres preocupam-se com a aparência. Fazem dieta, vão à academia, as mulheres em especial sempre encontram tempo para dar uma passadinha no cabeleireiro.  A manutenção da intimidade do casal é outro ponto que diferencia os casais com e sem filhos. Aqueles que ainda não os têm, podem fazer sexo em qualquer cômodo da casa, a qualquer hora. Aliás, esse parece ser o ápice dessa liberdade vivenciada pelos casais sem filhos. Pode-se dizer os casais sem filhos vivem uma paixão adolescente.

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As vantagens dos casais sem filhos foram confirmadas em pesquisa realizada pela universidade britânica Open University. A instituição entrevistou 5 mil pessoas (homens e mulheres) e eles afirmaram que consideram seus casamentos mais felizes. A explicação para isso é a maior concentração de tempo e energia em conversas, programas a dois, declarações de amor e o sexo. Essas atitudes promovem a manutenção do casamento e são mais constantes e intensas em casais que não têm crianças e adolescentes em casa.

O mesmo estudo também revelou dois fatos. As mulheres com filhos se consideram mais completas, mesmo vivendo um relacionamento frio. Os homens sentem mais a diminuição das relações sexuais, porém, de acordo com os entrevistados, isso não abala o nível de satisfação com o casamento.

Todos nós sabemos que filhos exigem atenção em tempo integral. O dinheiro, antes gastos com viagens e festas, agora é direcionado a saúde e educação do rebento. O espaço, outrora exclusivo do casal, passa a ser ocupado com os brinquedos. Porém, se a vida é um exercício continuo de administrar o tempo, por que abandonar atividades prazerosas como jantares, festas, viagens e assistir filmes no sofá, quase sempre interrompidas pelos beijos que culminam em longas sessões de sexo?

Para o relacionamento continuar ardente e leve após os filhos, o homem precisa ficar “grávido”. A figura masculina tende a se comportar como o filho mais velho que perdeu espaço, devido à chegada de uma criança e fazem birras para chamar e conseguir atenção. Veja o que pode ser feito para que marido e mulher fiquem mais próximos:

  • Envolva o homem na gestação. Converse com ele. Como aumentar a família é uma vontade dos dois, ele precisa saber todas as transformações físicas e psicológicas que estão acontecendo com você. Os hormônios deixarão as emoções à flor da pele, é como se fosse uma TPM estendida. Dê espaço para que ele expresse seus medos. Caso encontre dificuldade nesse diálogo, vale a pena ingressar em uma terapia de casal;
  • O vínculo entre o casal fica mais estreito quando os homens estão presentes na hora do parto. A intimidade é favorecida e a admiração também.
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Infelizmente, poucos casais tomam esses cuidados. O que vemos aos montes são casais que entram em crise após o nascimento da criança. Muitas vezes, são conflitos que estavam mascarados. A pessoa que cuida da criança tende a tornar-se exigente, mandão e até mesmo autoritário. Assim, uma mulher mandona que conseguiu camuflar isso, com a maternidade deixa transparecer essa nuance de sua personalidade.

No primeiro semestre, a dependência dos bebês é integral, visto que eles são amamentados a cada duas horas. A mulher precisa acordar no meio da noite. O banho e a troca de fraldas também consomem muito tempo. A prioridade é a criança. Nesse cenário, o lazer e o descanso viram coisas do passado. A mulher cada vez mais se reconhece apenas como mãe. Por não conseguir associar os papeis de mãe e amante, o sexo fica em último plano, isso quando não desaparece da vida do casal. Mas, o que provoca esse desinteresse pelo sexo?

  • Superproteção: Algumas mães colocam o filho na cama. Esse instinto não é saudável nem para a criança, nem para o casal. Muitas conservam tal hábito por anos. Quanto mais tempo, mais difícil será fazer o filho dormir em sua cama. A intimidade também fica abalada pela falta de privacidade;
  • Cansaço: Cuidar de um bebê é cansativo. O esgotamento físico e mental bloqueia as respostas sexuais. Dormir pouco causa mau humor e afeta a capacidade de sentir prazer nos primeiros 18 meses;
  • Vergonha do corpo: Com o ganho de peso vêm as estrias, flacidez e varizes. O escurecimento dos mamilos também detona a autoestima das mulheres;
  • Interferência familiar: No intuito de ajudar, pais e sogros podem se intrometer demais na vida do casal, tirando sua autonomia. Juntando as dificuldades naturais da situação com essa interferência familiar, são maiores as chances do casal brigar, pois, um não vê nada demais nesse auxilio, enquanto o outro acha que tudo não passa de intromissão.

E o homem? Quais as dúvidas e medos que eles têm? Como já foi dito, eles sentem que perderam espaço. Eles, em sua maioria não têm capacidade para lidar com conflitos emocionais, ficam perdidos. Sabem que precisam ser participativos, compreendem a mudança na rotina da casa e nas atitudes da parceira, mas, querem suas mulheres de volta. Só que infelizmente, alguns acabam traindo, o que complica ainda mais as coisas.Homens, vejam como vocês podem ajudar suas mulheres a recuperarem a autoestima:

  • Elogiem suas parceiras. Elogiem a beleza e como elas são boas mães.
  • Demonstrem com palavras e, principalmente com atitudes que o amor continua.
  • Se a mulher estiver segura em relação aos sentimentos do parceiro, certamente ela se sentira amada, terá ânimo para se arrumar (fazer uma simples trança, colocar um gloss), consequentemente, se sentirá desejada. Fica a dica!

Entretanto, as mulheres precisam fazer sua parte. Lembra que falamos de colocar a criança no quarto? Reflita sobre suas atitudes. Será que você, inconscientemente não está sabotando seu relacionamento?

Por mais que o casal seja cúmplice, a chegada de um filho muda a dinâmica. Porém, essa mudança pode ser equivalente ao grau de “piração” do casal. Quanto mais afobado, mais confuso fica o casal. Sabemos que os primeiros meses são complicados, entretanto, pressões, cobranças e colocar nossas frustrações no outro torna esse período ainda mais difícil.

Conversando a gente sempre se entende

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Segundo a psicóloga Mônica Genofre, professora do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo (ITFS), o casal deve conversar sobre a nova rotina e expor seus sentimentos. Dessa forma, os dois conseguirão chegar à conclusão sobre a melhor forma de lidar com os novos desafios impostos pela chegada do bebê.

Não tem jeito, dedicação à criança é integral. Vai faltar tempo para namorar. No entanto, a coisa muda de figura se as tarefas forem compartilhadas. Aliás, a pesquisa realizada pela Universidade de Missouri, nos Estados Unidos garante que os casamentos são mais duradouros quando os afazeres domésticos e as decisões sobre a criação dos filhos são conjuntas.

Quer mais um motivo para fazer uma forcinha e resgatar o sexo? Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu o sexo como um importante fator para a qualidade de vida, colocando-o no mesmo patamar da vida em família, lazer e trabalho. Mas, para retomar a vida sexual após o parto é necessário alguns cuidados:

  • Resguardo: Alguns obstetras recomendam esperar de 21 a 30 dias. Outros, não liberam a atividade sexual antes dos 40 dias. O colo do útero está mais fechado e precisa voltar as suas condições normais. Esse período também é importante para a cicatrização dos pontos da cesárea. A episiotomia, incisão feita no períneo (área muscular entre a vagina e o ânus), feita com anestesia local, para aumentar o canal vaginal, impedindo que o mesmo se rasgue na passagem do bebê exige ainda mais cuidados. Siga sempre as orientações do seu médico;
  • Fórceps: O fórceps, intervenção médica que abrevia o período expulsivo, quando o feto corre algum risco. Deve ser usado com muito cuidado. A mulher pode demorar mais para se recuperar;
  • Lubrificantes: O hormônio prolactina, responsável pela produção do leite, diminui o desejo e a lubrificação vaginal. O ginecologista/obstetra poderá indicar o produto mais adequado;
  • Contraceptivos: As chances de engravidar são menores no primeiro semestre de amamentação. A prolactina diminui a libido e a atividade ovariana. Mas, aos poucos o corpo volta a funcionar como antes. O estrogênio, hormônio presente na formulação da maioria dos anticoncepcionais compromete a produção de leite. O médico poderá receitar as chamadas minipílulas, que são tomadas sem intervalo. O DIU (dispositivo intrauterino) ou a camisinha também são alternativas viáveis.
  • Posições: A melhor posição é aquela em que não há dor, nem constrangimentos. A clássica posição papai-e-mamãe pode não ser recomendável, pois, o pênis chega mais fundo no canal vaginal, o que causa dor. Posições que mulher por cima são indicadas, porque a mulher pode controlar a penetração;
  • Cuidado com os seios: O homem precisa evitar o contato da boca com os seios. A saliva pode levar bactérias que causam infecções. As fissuras em decorrência da amamentação tornam os seios mais sensíveis a dor;
  • Sexo anal: Não é aconselhável fazê-lo antes do vaginal, pois, o ânus tem mais bactérias que elevam os riscos de infecção na vagina.

A prática sexual após a gravidez é muito complexa. Além dos cuidados acima, ainda tem a preocupação com o corpo. Durante a relação sexual, pode jorrar leite dos seios. Isso é normal, e cada casal precisa conversar sobre isso, para descobrir se existe algum incômodo. O sangramento, provocado pela regeneração da placenta, costuma ter a mesma duração do resguardo. Algumas mulheres não ficam muito a vontade. Nada que uma boa conversa não resolva.

A retomada da vida sexual exige que o casal analise as agendas. Sim, se antes era possível transar a qualquer hora e lugar, agora existe uma criança que depende totalmente da mãe e do pai. Não há nada de mais pedir para as avós cuidarem do bebê de vez em quando (mas só de vez em quando!). Quando não for possível deixar o pequeno com seus pais ou seus sogros, apelem para a babá eletrônica. Use a tecnologia a seu favor. Façam um esforço para trazer a chama da paixão de volta. Confiram algumas dicas úteis:

  • Administrar tempo: Coloquem a rotina de ambos no papel. Peguem o calendário e vejam em quais dias não há compromissos, ou pelo menos, que eles sejam em menor número. Encontrem tempo e façam acontecer;
  • Sejam criativos: O tempo é pouco, não dá mais para passar horas nas preliminares. A troca de bilhetes, e-mails e mensagens de texto sensuais durante o dia podem ser tão excitantes quanto as preliminares físicas;
  • Mentes abertas: Sexo não é apenas penetração. Beijo na boca, carícias e masturbação são práticas tão prazerosas quanto.

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O casamento após a chegada de uma criança pode continuar prazeroso, e até mesmo ficar melhor.
Serão necessárias várias conversas para chegar a um denominador comum. O homem deve ser paciente e bancar o psicólogo, se realmente quiser resgatar o relacionamento. A mulher precisa baixar a guarda e não cobrar demais do companheiro. Ninguém deve cobrar de ninguém. A chegada de um bebê é uma situação que mexe com ambos. As mudanças atingem homens e mulheres de forma diferente. Ter filhos é uma decisão tomada em acordo, por isso, nada mais justo que ambos se esforcem para minimizar os conflitos que sempre surgem, mesmo com o mais bem resolvido dos casais. Na verdade, seja qual for a crise e suas origens, um casal deve lembrar-se do juramento de estarem sempre juntos, nos bons e nos maus momentos.


  • Texto escrito por Sumaia Santana da Equipe Eu Sem Fronteiras

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