Autoconhecimento Comportamento

Conheça os efeitos da falta do autoconhecimento na era digital

Imagem de várias pessoas conectadas nas redes sociais.
Gordon Johnson / Pixabay
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Muito se fala sobre os efeitos da internet na sociedade mundial. Alguns defendem que ela é boa, porque promove o contato com diversas culturas e referências, enquanto outros dizem que ela é tóxica, porque pode influenciar pessoas de forma negativa e em uma escala imensa. Não é possível dizer que alguma dessas perspectivas está errada. A internet é boa e tóxica, na medida que seus usuários a utilizam.

Pense assim: se você segue pessoas que compartilham conteúdos que fazem com que você se sinta bem, será mais fácil identificar o lado positivo da internet. Por outro lado, se você acompanha pessoas que divulgam conteúdos que lhe desagradam, ou se vê constantemente pessoas serem influenciadas por isso, será mais fácil afirmar que a internet é tóxica. Tudo depende da sua realidade e do seu ponto de vista.

Porém, há um fator que vale para todas as experiências online: o autoconhecimento é fundamental para manter a sua sanidade mental nesse cenário. Para entender essa afirmação, primeiro você deve ter certeza do que é autoconhecimento. É um processo que consiste em desvendar sua verdadeira essência, avaliando quem você é, o que você busca, quais são seus defeitos e de onde vêm as suas opiniões sobre o mundo.

Mas como o autoconhecimento funciona na era digital? Como ele pode nos ajudar a ter uma experiência melhor nas redes sociais que usamos normalmente? Como ele se faz presente e importante para cada faixa etária? A seguir, entenda cada um desses questionamentos!

O autoconhecimento na era digital

Na era digital, estamos sempre em contato com um mundo virtual, que pode destoar da realidade em que vivemos. Em um sentido, isso permite que entremos em contato com outras formas de pensar, com outras culturas e com outros jeitos de existir. Em outro sentido, isso pode nos aprisionar a um cenário que não corresponde ao que realmente importa nas nossas vidas.

Com o fenômeno de influencers digitais e anúncios patrocinados, entramos em contato com conteúdos que se tornam itens de desejo. Queremos consumir o que as pessoas com muitos seguidores consomem, queremos ter uma vida feliz e bem-sucedida como é a das pessoas que acompanhamos. Queremos ser iguais e elas. A realidade de alguém que talvez nem conheçamos na vida real passa a ser nosso maior desejo, e entendemos aquela vida como a definição de sucesso, e não como uma possibilidade de sucesso.

Imagem de um notebook aberto na página do google. O computador está sobre uma mesa de madeira e ao lado dele um aparelho de telefone celular.
377053 / Pixabay

É por meio do autoconhecimento na era digital que conseguimos combater essa distorção que ocupa nossas mentes. Se você é consciente do que quer para a sua vida, de qual é a sua realidade e de que é possível ser feliz seguindo os seus objetivos, as outras pessoas não terão poder sobre a sua existência e sobre os seus planos de vida.

Se você é uma pessoa com mais visibilidade online e precisa lidar com haters, ou com comentários negativos sobre você, o autoconhecimento é o que vai ajudá-lo a lidar melhor com isso. Uma vez que sabemos quem somos, quais são os nossos defeitos e as nossas qualidades, a opinião dos outros sobre nós deixa de ser importante e relevante. Afinal, é só uma opinião, e não uma verdade.

Se você já entendeu como o autoconhecimento na era digital se faz essencial, continue lendo o artigo para descobrir como ele se faz presente em cada idade, e como pode melhorar a experiência de cada pessoa na internet!

Autoconhecimento durante a infância

Durante a infância, quando uma pessoa ainda está descobrindo o mundo, quais são seus gostos e quais são seus desejos, é muito fácil que ela seja influenciada por tudo o que vê ao seu redor. Para encantar uma criança, basta mostrar algo colorido, divertido ou com um som interessante.

Então, o maior risco para a infância durante a era digital é a exposição desenfreada aos anúncios de produtos e de brinquedos, veiculados por meio de canais do YouTube destinados a crianças, que realizam o processo de desembalar esses itens (unboxing).

Tais vídeos apresentando brinquedos e outros itens despertam a curiosidade e o desejo das crianças, que ainda não entendem como o dinheiro funciona, e não sabem que adquirir a maioria desses produtos seria financeiramente inviável para a maioria das famílias brasileiras. Então, quando elas não conseguem aquilo que tanto desejam, podem se sentir frustradas e inconformadas, culpando os familiares por isso.

A Intel Security, em 2015, realizou uma pesquisa sobre os usuários de redes sociais, e a idade deles. Identificou-se que 83% dos internautas são crianças de 8 a 12 anos que estão ativas na internet. Ou seja, estão em contato direto com os anúncios.

Imagem de uma sala cheia de crianças e com vários computadores. Muitas delas estão mexendo no computador.
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Em 2019, porém, o Ministério Público brasileiro exigiu que o Google removesse os vídeos do YouTube que apresentavam anúncios de brinquedos. Dessa forma, as crianças teriam o contato com esse tipo de conteúdo reduzido.

Tendo em vista que as crianças podem ter suas vidas prejudicadas pela exposição aos anúncios da internet, o autoconhecimento deve partir de conversar com seus familiares e de controle sobre o conteúdo que elas consomem.

Uma criança que ainda está se formando não poderia desenvolver um autoconhecimento sobre si, mas pode aprender, aos poucos e com as pessoas de seu convívio social, que os brinquedos e produtos que ela tem podem lhe trazer satisfação e diversão, sem precisar de tudo que veem em propagandas.

O controle dos familiares sobre o conteúdo que as crianças consomem também é essencial, para garantir que elas não estarão sendo expostas a materiais inadequados para suas faixas etárias ou que podem promover desejos que não serão atendidos. Mantenha o diálogo com seus filhos!

Autoconhecimento durante a adolescência

Durante a adolescência, o contato com a internet é ainda maior. As pessoas se fazem mais presentes nas redes sociais e podem até construir relações de amizade que só existem no ambiente virtual. Há inúmeros perigos escondidos na diversão online, como cyberbullying e exposição à pornografia e a influências negativas, mas vamos analisar como o autoconhecimento se mostra nesse universo ameaçador.

Diferentemente da infância, é improvável que os familiares de uma pessoa adolescente sejam capazes de controlar o conteúdo que ela consome. Como ela já está adquirindo independência, pode acreditar que os parentes a estariam atrapalhando nesse processo de descobrir contas a seguir e vídeos para assistir.

Infelizmente, a situação pode fugir do controle com facilidade. Falando sobre os casos de cyberbullying, que se caracterizam por agressões virtuais a uma pessoa (xingamentos, intimidação, ameaças etc.), uma pesquisa promovida pela Intel Security, em 2015, revelou que 66% dos jovens brasileiros de 8 a 16 anos que participaram do levantamento já presenciaram casos de agressão na internet.

Muitas vezes, um comentário negativo sobre a aparência de alguém pode parecer inofensivo para quem o escreve, mas terá consequências sérias para quem o recebe. Nesse sentido, o autoconhecimento auxiliaria uma pessoa a não se abalar com possíveis críticas ou ataques.

O cyberbullying deve ser punido, e os adolescentes devem ser capazes de conversar sobre isso com seus familiares, mas é a partir do autoconhecimento que esses jovens terão consciência de que o que dizem sobre eles na internet não corresponde ao que eles realmente são.

Imagem de uma adolescente estudando em seu notebook. Ela está sentanda em um banco de madeira em uma sala feita com parede de tijolinho vermelho.
StartupStockPhotos / Pixabay

Outra ameaça da internet para os adolescentes é a exposição à pornografia. O serviço de aconselhamento ChildLine, do Reino Unido, realizou um estudo em 2015 com 700 adolescentes de 12 a 13 anos sobre esse tema. Constatou-se que 1 em cada 5 adolescentes recebeu uma imagem pela internet que considerou perturbadora, enquanto 12% afirmaram já ter participado de alguma forma de um vídeo de sexo explícito.

O problema da exposição à pornografia é a formação de uma imagem sobre o sexo que não corresponde a realidade. A sexualização e a objetificação dos corpos pode fazer com que as pessoas se sintam mal consigo, ou que tenham expectativas sobre o ato sexual que não podem ser atendidas.

Com o autoconhecimento, porém, adolescentes podem aprender sobre seus corpos, sobre o que lhes dá prazer e sobre formas seguras de se proteger de ISTs ou de prevenir uma gravidez. A educação sexual e as informações sobre a importância de se conhecer, nesse caso, podem ser fornecidas por familiares ou por escolas.

Finalmente, a exposição a perfis de influenciadores ou de celebridades pode ameaçar a autoestima de muitos adolescentes. Meninos e meninas podem criar uma imagem irreal de um corpo ideal, e conduzirão seus hábitos alimentares de forma a atingir um objetivo impossível, visto que muitas vezes as fotos que essas pessoas compartilham são editadas.

Por meio do autoconhecimento, adolescentes podem compreender que o corpo deles é único e que isso os torna especiais. Tentar se parecer com outras pessoas não fará com que eles tenham mais visibilidade, ou com que sejam alguém melhor. É importante que saibam quem são e do que realmente gostam para não se renderem a esse tipo de influência.

Autoconhecimento durante a adultice

Na fase adulta, muitos dos problemas da adolescência ainda podem permanecer na internet. No entanto, surge uma outra situação que pode prejudicar o bem-estar de uma pessoa: a comparação com pessoas bem-sucedidas.

Durante a infância e durante a adolescência, as pessoas não pensam com intensidade sobre o que esperam das suas vidas. Já na fase adulta, é comum que se questionem sobre as carreiras que escolheram, sobre suas famílias e sobre as escolhas que fizeram até o presente momento.

Quando uma pessoa adulta se depara com um perfil de alguém que parece ter mais dinheiro, mais felicidade, mais tempo de lazer e mais sucesso, imediatamente realiza comparações com a própria vida. Começa a imaginar que tudo o que tem não está bom, que é preciso mudar, que é preciso ser como essa outra pessoa.

Imagem de um homem digitando. À sua frante uma caneca de café. Ele está trabalhando e usando duas telas para realizar as suas tarefas.
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Nesse sentido, o autoconhecimento surge como um aliado para o público adulto que está inserido nas redes sociais. Se uma pessoa adulta tiver consciência das próprias escolhas e se suas metas de vida forem bem definidas, ela saberá que a vida dos outros é só uma outra forma de viver e não a única forma de viver.

Assim, as comparações tendem a diminuir, bem como os problemas que podem ter começado na adolescência. Outra dica é se rodear, online, de pessoas que tenham escolhas de vida parecidas com as suas, e que são felizes assim. Uma influência positiva fará bem para a imagem que você constrói sobre a sua vida.

Autoconhecimento durante a velhice

Os maiores problemas do uso da internet durante a velhice são a desinformação e o risco de cair em golpes virtuais. Como as pessoas mais velhas não estão acostumadas ao ambiente digital, elas podem sentir dificuldade para separar a realidade da ficção na internet, o que faz com que elas compartilhem notícias falsas ou sejam vítimas de golpes sem se darem conta disso.

A prática de enganar pessoas para que elas compartilhem dados bancários e informações confidenciais é chamada de phishing, e os idosos são os que mais sofrem com isso. Como eles têm dificuldades para verificar a veracidade de mensagens ou de notícias, acabam acreditando que uma pessoa má intencionada é quem ela diz ser, sem desconfiar.

Imagem de um senhor sentado em um banco de mandeira. Ele está mexendo no notebook. Ele usa blusa de frio e calça jeans. Ao fundo a imagem do mar azul.
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Para proteger as pessoas idosas desses golpes, o ideal é que os familiares sempre conversem com elas sobre isso, para impedir que o pior aconteça. Assim, o autoconhecimento não tem serventia para as pessoas idosas, mas há uma outra situação na qual ele tem utilidade.

As comparações que aconteciam durante a adultice ainda podem tomar conta da vida de uma pessoa idosa. Ela pode se deparar com amigos ou amigas que estão vivendo de uma forma diferente dela, e imagina que seria melhor se fosse mais como eles. E então, a sensação de solidão e de infelicidade irá tomar conta dessa pessoa, que se esquece de que a vida que ela tem também é boa.

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O autoconhecimento é fundamental para que os idosos lembrem-se de quem são e de que as vidas deles foram muito bem vividas, assim como as de outras pessoas. Se eles não forem capazes de realizar esse processo de olhar para si sozinhos, devem receber o auxílio dos familiares.

A era digital apresenta uma série de benefícios, mas também esconde armadilhas que podem promover muito mal-estar. Se você quer escapar de problemas como esse, o melhor a fazer é desenvolver seu autoconhecimento e sempre dialogar com as pessoas que fazem parte do seu círculo social!

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