Convivendo Doenças Mentais

Depressão, justiça e felicidade

Um homem sentado e escorado à parede.
Aonprom Photo / Shutterstock
Escrito por Vitor Vieira

Quando pensamos que neste mundo terreno e manifestado de diversas formas, insistimos e nos guiamos por meio da dualidade das emoções e dos sentimentos, o que não é feliz é triste, então se você está triste não há felicidade… Agora fica a grande questão: o que é estar feliz? O que é felicidade? Logo concluo que o oposto seria estar depressivo, mas o que é depressão? O propósito é entender e identificar esses opostos tão próximos, como a mente e o corpo, que é o que há de maior conexão neste plano onde vivemos.

Depressão é uma patologia que tem algumas ramificações entre sintomas cognitivos, fisiológicos e comportamentais, como falta de prazer, falta de interesse no mundo externo, desânimo profundo, sentimento de culpa, fadiga, entre outros, ou seja, pode ser sutil, mas bem agressivo, então deve ser levado a sério.

Muitas vezes nos perdemos de nós mesmos para nos encontrarmos, mas até que ponto fazemos isso de forma consciente e saudável, ou melhor, para quê fazemos isso?

Se pensarmos em um ator, ele tem que ser diversos personagens, absorver e expressar diversas emoções sobre as quais ele mesmo talvez tenha dúvida, medo e insegurança, mas é o papel dele fazer com que seja verdadeiro o que está sendo dito e se em algum momento ele cansar de atuar, ele pode abandonar o papel e abandonar aquele personagem, deixando para trás o que não faz sentido, mas e quando nós somos esse ator e esse personagem? Essa é a razão pela qual trago a diferença entre estar triste e estar depressivo: a tristeza acontece quando você está insatisfeito por algo que ocorreu ou não; é pontual, palpável e consciente. Já a depressão é seu corpo e sua mente dizendo: “Eu quero abandonar esse personagem, eu cansei de ser você, estou sobrecarregado, lide com isso”.

Um homem tapando o seu rosto com as suas duas mãos.
Daniel Reche de Pexels / Canva

Pode parecer distante, mas de fato a depressão pode ser uma escola, caso nela já estiver. É preciso reconhecer seus medos, pensamentos, reações e, principalmente, as mudanças desse processo. Em vez de ignorar e gerar mais revolta, enfrentar com coragem de que essa intensidade ou falta de intensidade pode abrir espaços no seu coração para preencher com algo de verdade, não apenas substituir um vazio por uma distração. Se pensar que a depressão é apenas uma tristeza que vai passar, talvez se passem anos e ela ainda permaneça lá.

Nem sempre depressão e ansiedade estão associadas. Apesar de terem pontos em comum, a ansiedade é o sofrimento por antecipação, que pode prejudicar muito a sua relação pessoal, profissional e social, o que me faz crer que a infelicidade parte dessa ansiedade para que a felicidade chegue como se fosse uma conquista, um destino, um ponto final.

Um homem de braços erguidos num cume.
Immagini di Michelangelo Oprandi / Canva

Sobre felicidade, uma definição clara e que muito me acrescentou, trazida pela psicopedagoga Alicia Fernandez: “Ser feliz é, diante das minhas dificuldades, ser capaz de buscar as minhas possibilidades. O que é que eu posso fazer com essa minha dificuldade? O que essa dor quer me dizer?”.

Até que ponto refletimos sobre a felicidade coletiva e individual. Felicidade, para alguns filósofos, só é possível se compartilhada. Penso que estar em uma comemoração é algo mais satisfatório do que propriamente o motivo dela, como quando eu aprendo algo que me deixou feliz, pois me auxiliou de algum modo na vida, então eu logo quero compartilhar esse sentimento e proporcionar a quem interessar, para que, juntos, possamos discutir e refletir sobre. Sendo assim, o que me faz feliz consegue nos fazer feliz, respeitando as diferenças.

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Há muitos motivos, situações e circunstâncias que levam as pessoas à depressão, mas destaco um em específico, que é a injustiça. Para isso, devemos contextualizar o que é injustiça de uma forma mais abrangente. Sendo assim, injustiça é quando algo que pertence a um lugar está em outro. Como Martin Luther King ressalta: “Injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em qualquer lugar”. Devemos buscar ser justos com nós mesmos, usar nossos talentos, aptidões, escolhas e vontades a nosso favor. Enfim, sermos transparentes ao nos olharmos no espelho, mesmo em um mundo de tantas injustiças, que nos fazem ter medo de quem realmente somos.

Sobre o autor

Vitor Vieira

Vitor Vieira, 26 anos, psicanalista, cantor, compositor, escritor e apaixonado por filosofia.

Sou colunista nos sites Eu Sem Fronteiras e Ajudaria, e professor no Instituto Paulista de Psicanálise.

Acredito que somos todos um só, dentro de cada particularidade. Somos irmãos, aprendendo e evoluindo, dia após dia, sempre em busca de somar e multiplicar conhecimento e sabedoria.

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