Autoconhecimento Comportamento Convivendo Universo Feminino

Do colapso à poesia: o caminho da mulher que desperta

Imagem de uma mulher desenhando um coração em uma janela de vidro embaçada. A foto traz o conceito da mulher que faz de tudo e ainda não despertou e está em busca do autoconhecimento.
Alphaspirit.it / Canva
Escrito por Tatiana Borsoi

Há momentos em que a alma desperta, e cada escolha revela como lidamos com o que é sagrado. Entre o caos, a negação, o excesso e a poesia, nasce a chance de viver com presença. Ouvir o chamado interior é permitir que a vida se torne mais verdadeira, simples e inteira.

Os contos são como espelhos. Nos mostram, com delicadeza e verdade, as paisagens internas da alma. Hoje quero te contar um desses contos. Simples, antigo… e profundamente transformador.

Diz a história que, certa noite, quatro rabinos foram levados por um anjo à Sétima Abóboda do Céu. Lá, contemplaram a Roda de Ezequiel — uma visão sagrada, luminosa, que revela os mistérios mais profundos da existência. Ao descerem novamente à Terra, cada um reagiu de uma forma.

Um enlouqueceu.
Outro negou o que viu.
O terceiro se perdeu no excesso de palavras.
O quarto… virou poeta.
E viveu melhor.

Essa história, contada por Clarissa Pinkola Estés no livro Mulheres que Correm com os Lobos, carrega mais do que símbolos místicos. Ela fala sobre nós — mulheres em processo de despertar, de retorno ao essencial, de reconstrução da própria narrativa.

A jornada da alma feminina aos 40 +

Se há algo que escuto com frequência nas rodas e mentorias com mulheres, é: “Sinto que estou mudando, mas não sei o que fazer com isso.” Aos 40, 50, 60 anos, muitas de nós somos tocadas por uma espécie de anjo interior. Um chamado sutil — ou por vezes avassalador — que nos convida a olhar para a vida com outros olhos. A revisar nossas verdades, papéis e escolhas.

Mas o que fazemos com essa visão?

À luz da psicanálise junguiana, podemos entender esse chamado como o surgimento de conteúdos da alma que pedem integração. A constelação familiar nos ensina que, muitas vezes, esse despertar também vem das camadas transgeracionais: mulheres que antes de nós silenciaram seus desejos, e que agora, através de nós, pedem voz.

Mas nem sempre estamos prontas.

E é aí que os quatro rabinos se tornam arquétipos do nosso próprio modo de lidar com o sagrado que nos habita.

Os quatro caminhos diante do despertar

A que enlouquece
A mulher que entra em colapso. Que já viu demais, sentiu demais, segurou demais — e não aguenta mais. Sua alma grita, mas ela não tem espaço para escutá-la. Muitas vezes, é a mulher que adoece, que implode ou explode.
Você já se sentiu assim?

A que nega
Ela vê, sente, intui… mas racionaliza.
“É só cansaço”, “deve ser a idade”, “não tem nada de mais”.
Nega a intuição, dúvida da própria sabedoria, tenta seguir no automático.
O que você tem fingido que não está acontecendo?

Imagem de uma mulher asiática lendo e estudando o seu livro. A foto traz o conceito da mulher que fala sobre tudo, quer entender tudo, busca cursos, livros, respostas, rituais… mas não vive. Está tão ocupada tentando interpretar o sagrado que não o integra.
Natee Meepian’s Images / Canva

A que se perde no excesso
Fala sobre tudo, quer entender tudo, busca cursos, livros, respostas, rituais… mas não vive. Está tão ocupada tentando interpretar o sagrado que não o integra.
Você já se afogou em teorias sem permitir a prática silenciosa da alma?

A que vira poeta
Ela sente, acolhe, contempla… e transforma.
Não precisa explicar. Precisa viver.
Essa mulher encontra o sagrado no cotidiano: na filha dormindo, na comida que prepara, na estrela que brilha na janela.
Ela canta a vida com beleza e presença.
Você tem permitido que sua alma componha a própria canção?

Como transformar essa história em prática de autoconhecimento?

Esse conto não quer que você se cobre, mas que você se reconheça. E ao se reconhecer, possa fazer escolhas mais conscientes. Para isso, aqui vão três caminhos práticos:

🔹 1. Escute o que sua alma está pedindo.
Reserve um tempo de silêncio. Escreva. Pergunte a si mesma: “O que eu já vi e não estou conseguindo acolher?” ou “O que essa fase da minha vida quer me ensinar?”

🔹 2. Honre as mulheres que vieram antes.
Reflita: Quantas mulheres da minha linhagem silenciaram seus próprios despertares? Em constelação familiar, honrar não é repetir, é fazer diferente com amor.

🔹 3. Transforme sua dor em arte de viver.
Não precisa pintar quadros, nem escrever livros. A arte começa quando você coloca presença no que faz. Quando responde ao chamado da vida com inteireza.
O sagrado não está só nas visões celestes, mas em estender a mão, preparar o café, chorar em paz.

Qual rabino mora em você?
Essa é uma pergunta que gosto de fazer às mulheres que atendo. Não para rotular, mas para despertar.
Porque sempre é tempo de parar de negar, de deixar de enlouquecer, de soltar os excessos…
E escolher ser a poeta da própria história.

Seja você uma mulher em transição, em renascimento ou apenas em busca de si, saiba:
Você não está sozinha.
E seu despertar pode ser leve.
Basta escolher cantar.

Quer aprofundar essa jornada?
Te convido a conhecer a minha Comunidade de Estudos do Feminino, onde cada encontro é um passo rumo à reconexão com a alma.
@tatiborsoipsi

Sobre o autor

Tatiana Borsoi

Trabalho há 20 anos com autoconhecimento feminino e Terapias Sistêmicas, com foco no estudo das dinâmicas arquetípicas e no poder do feminino ancestral.

Utilizando os ensinamentos do aclamado livro Mulheres que Correm com os Lobos, desenvolvi um método próprio de Contoterapia Sistêmica, que integra psicanálise junguiana, constelações familiares e o sagrado feminino.

Minha missão é ajudar mulheres a se reconectarem com sua essência, resgatar sua força interior e, assim, transformarem suas vidas de maneira profunda e autêntica.

Com uma trajetória sólida de formação e prática, atuo na formação de terapeutas e na liderança de círculos de mulheres, guiando-as a uma jornada de autodescoberta, empoderamento e cura.

Contatos:

E-mail: tatianaborsoi@gmail.com

Instagram: @tatiborsoipsi

WhatsApp: (21) 98103-0405

Grupo de WhatsApp: La Loba 40+