As religiões procuram ser didáticas e são intrínsecas a elas os catálogos de regras, crenças e proibições predominando a voz exterior, enquanto pela espiritualidade, que é livre, prevalece a voz interior e a conscientização de si mesmo como ser eterno, singularidade essa que conduz o ser a se sintonizar com o sublime imaterial. Isso não significa que religião e espiritualidade não coexistam, aliás a concomitância de ambas é bastante profícua.
A religião se faz benéfica, pois que há pessoas que necessitam que lhes digam qual caminho seguir, moldando-os com regras para que dele não saia, pois a autoconduta espiritual voluntária lhes é difícil.
Estamos acostumados a ouvir que precisamos mudar nós mesmos para sermos merecedores do céu. No entanto a espiritualidade nos mostra que havemos de continuar a ser nós, de nos ver como somos, pois é assim que nos sentimos bem, merecendo, contudo, aprimorarmos esse nosso eu interior por meio da reforma íntima que consiste no nosso aprimoramento moral.
Temos a tendência a ser nosso melhor advogado, e para tudo que fazemos ou que nos acontece encontramos explicação que nos justifique, de forma que estamos sempre certos; errados são os outros. Essa postura há de ser revista, porquanto a maioria do que nos acontece é retorno dos nossos pensamentos, palavras ou obras, daí, pela conscientização, passar a nos ver como seres espirituais, percebendo o material como efêmero, embora os que não compreenderam a mensagem imaterial persistam em pregar o que lhes parece conveniente dizer. Um desses dizeres é a expressão “Esperar em Deus”, dando o sentido de passividade de aguardar.
O espiritualismo nos mostra que havemos de ter mérito para merecermos o aconchego Divino, nunca praticar a espera passiva. A propósito, encontramos no cristianismo em, Matheus 22:14:
“Pois muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
Há religiões que pregam a penitência para a purgação dos pecados, outras incentivam a autoflagelação. Não é danificando o corpo que vamos nos aprimorar em espírito.
Pecado é termo judaico-cristão, é a desobediência deliberada à vontade de Deus, ou da Sua Lei. Na visão de religiões de outras origens, o termo “pecado” é desconhecido. No budismo há ações virtuosas e não virtuosas, nas religiões vindas do taoísmo, praticadas em países asiáticos, entende-se “yin e yang”, que são como as forças iguais do bem e do mal. Portanto cada religião tem sua própria visão sobre os desacertos humanos.
O espiritualismo questiona sobre o eu interior, não sobre o que seja certo ou errado no exterior desse eu. Mas se você é religioso e se sente bem na sua religião, continue! Será por ela que se tornará melhor pelo espiritual.
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Assim como na escola, onde para o mesmo ano escolar há várias classes, cada uma destinada à capacidade de compreensão de grupos de alunos, também para cada grupo de espíritos existem religiões que lhes são propícias.
Nas rodas científicas é comum ouvir que à medida em que a ciência avança, a religião vai diminuindo. Prefiro dizer quer à medida que o espírito avança, a religiosidade se faz desnecessária.
Obrigado por me ouvir.