Autoconhecimento Zen

Está vivo ou morto?

Conto Zen: Vivo ou Morto?

tradução Aoi Kuwan

Mestre Dogo e seu discípulo Zangen participavam de uma cerimônia fúnebre. Estavam preparando o altar, as velas, o incenso no ataúde, quando, súbito, Zangen bateu no caixão e perguntou ao mestre:

“Isto está vivo ou morto?”
“Não posso dizê-lo” – respondeu mestre Dogo.
Zangen, então, o ameaçou:
“Se não me responderdes, mestre, eu baterei em você”.
O discípulo era forte e o velho mestre, muito gentil, era bom.
“Concordo, Zangen! Bate-me. Mas, seja como for, vivo ou morto, não posso dizer”.

Esse koan (conto zen) tem me acompanhado enquanto visito as terras dos Mayas e Aztecas com suas pirâmides e costumes ancestrais.

Afinal, as culturas pré-hispânicas estão vivas ou mortas?

Uma ruína pode ser uma cidade morta, mas tem uma outra vida que surge nesse espaço. Está bem viva, cheia de pessoas que vem visitar, que trabalham na sua manutenção ou vendem artesanato. Também uma parte mais sutil se mantém presente, podemos admirar o conhecimento astronômico dos mayas e o seu conhecimento construtivo.

Se olharmos os números, sabemos que um grande número de indígenas morreram com chegada dos espanhóis. Mas se vemos a população local, os traços mostram sua presença.

Também aspectos da cultura e da religião continuam vivos. Perto de San Cristóbal de las Casa, os pueblos de Chamula e Zicacandan tem suas igrejas re-convertidas às suas práticas espirituais. Em Chamula, curandeiros trazem galinhas e ovos para os seus rituais. O interessante é que nas igrejas se mantém os santos católicos. Em Zinacantan eles estão vestidos como as pessoas do povoado.

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Nascimento, vida e morte, processo incessante, de uma pessoa ou uma cultura.

Está vivo ou morto? Como vivemos essa questão? O medo da morte, o sofrimento da morte. Mas o que morre? E o que vive?

Fica aqui a questão.

Sobre o autor

Carol Enguetsu Lefèvre

Arquiteta de formação, artista plástica, zen-budista, designer gráfica, professora de yoga e ilustradora. No começo de 2013 aluguei meu apartamento em São Paulo, empacotei as minhas coisas e iniciei a minha jornada de aprofundamento no Zen Budismo e na Kundalini Yoga visitando e vivendo em locais de prática nos Estados Unidos e México. Tenho um blog onde compartilho as minhas experiências e os meus aprendizados com desenhos e textos. E o meu trabalho de ilustradora você pode conferir no Flickr.

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