Mitologia grega

Héstia: a deusa grega do fogo

A cabeça da estátua da deusa Héstia.
Ed Uthman / Flickr
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Muito provavelmente, você já ouviu falar de figuras masculinas da mitologia que estão atribuídas ao elemento do fogo, como Prometeu, que, segundo seu mito, roubou o fogo do mundo divino e entregou-o aos homens; e Hefesto, o deus do fogo e da metalurgia. O que poucos sabem, porém, é que existe também uma figura feminina que carrega esse quente elemento como seu símbolo: a deusa grega Héstia.

O nome Héstia, do grego “Ἑστία”, que significa “passar pelo fogo”, pertence à mesma família etimológica que o prefixo “Wes” (ou “Ves”) do latim, que significa “queimar”. A figura de Héstia é a personificação da lareira, que se presentifica em lares e altares nas cidades gregas e simboliza o fogo do centro da terra e do Universo.

Apesar de, em muitas versões de estudiosos da mitologia, essa deusa grega estar entre as 12 divindades do Olimpo, ela não é muito conhecida, principalmente por aparecer com pouca frequência nas histórias. Isso se dá pelo fato de Héstia nunca ter se envolvido em nenhuma das muitas guerras e conflitos que se deram no mundo helênico. Mesmo assim, ela era muito adorada por todos que a conheciam, tanto deuses como humanos, já que era tida como protetora das famílias e cidades.

À esquerda, Hestia; ao centro, Dione; à direita, Afrodite.
stu smith / Flickr

Tanto quanto nas histórias e mitos, Héstia também não foi muito representada em esculturas nem pinturas. Dificilmente atrelada a uma forma humana, ela era representada com uma chama que ficava no centro de uma lareira. Seu símbolo, inclusive, era um círculo, em referência às primeiras lareiras da história, que eram redondas. Enquanto outras deusas gregas se movimentavam e se relacionavam de modo diverso no universo mitológico, Héstia estava sempre estática e tendo quase nenhuma representatividade nos mitos. Isso fez com que ela fosse considerada muito mais um conceito abstrato (a chama, a lareira, o fogo) do que propriamente uma divindade personificada.

Quando a personificação acontecia, era comum que Héstia fosse ilustrada com elementos que representassem pureza e bom caráter. Por isso a sua imagem de carne e osso aparecia frequentemente com um véu a cobrir o rosto e um longo vestido branco.

Filha de Cronos e Reia, a deusa Héstia era atribuída ao papel de virgem do lar, da vida doméstica, da família e também era considerada a deusa grega da arquitetura. Por ser a terceira filha mais velha na ordem de nascimento de seus irmãos, tendo somente Hera e Deméter como seus antecessores, Héstia é muito ligada também à maturidade e sempre foi considerada por todos como uma das divindades mais gentis e bondosas de toda a Grécia.

Uma estátua representando, à direita, Cronos (Saturno, correspondente romano) e à esquerda Reia (Cibele, correspondente romana). Cronos e Reia são os pais de Héstia.
Louvre Museum / Wikimedia Commons

Embora fosse cortejada por deuses diversos, dos quais se destacam Apolo e Poseidon, Héstia jurou ao Olimpo que se manteria virgem para sempre e pediu ajuda de Zeus, seu irmão, para proteger sua castidade. Assim, a chama de Héstia foi colocada no centro de todos os lares e templos gregos, a fim de manter sua paz preservada, lhe concedendo a honra de ser adorada e respeitada por todos os deuses e mortais do entorno em troca de sua proteção divina.

Para além dos lares e dos templos, a chama do fogo sagrado de Héstia costumava ser acesa sempre que os gregos fundavam uma nova cidade, chama essa que deveria ser obrigatoriamente obtida através do calor do Sol. A pira sempre era formada onde se daria o centro político do local e o objetivo disso era adorar Héstia para se obter a moeda de troca da deusa, ou seja, sua proteção contra as guerras, invasões, doenças e também contra a fome e a miséria. Sempre que um combatente saía ou entrava nas cidades que adoravam o fogo de Héstia, prestava um sacrifício à chama da deusa, para que ela o acompanhasse e protegesse sua integridade física e seu espírito durante todo o caminho que fosse ser percorrido pelo cidadão.

Vista lateral do Templo de Vesta, da deusa Vesta. Vesta é, na mitologia romana, a correspondente da deusa Héstia.
Wknight94 / Wikimedia Commons / Eu Sem Fronteiras

Na versão mitológica romana, Héstia era cultuada como Vesta e seu fogo sagrado era o símbolo da perenidade do Império. As sacerdotisas de Vesta eram chamadas Virgens Vestais, e deviam fazer voto de castidade e servir à deusa durante pelo menos trinta anos. No centro do Fórum Romano, localizava-se o Templo de Vesta, uma construção da Roma Antiga dedicada ao culto dessa deusa, que garantia a paz de todo o território. As Virgens Vestais eram as responsáveis pelos cuidados do templo.

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Tamanha é a importância dessa figura feminina que até hoje seu templo é um frequentado ponto turístico de Roma. Ademais, apesar de a temática mítica não fazer mais parte das crenças religiosas gregas, o arquétipo da gentil deusa é mantido vivo até hoje em muitas casas que cultivam as narrativas da cultura helênica, para que se mantenha a chama de Héstia (e as simbologias e valores dela) sempre acesas na memória!

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