Autoconhecimento Comportamento

Inimizade e competitividade

Duas mulheres em queda de braços sentadas em mesa de parque
Escrito por Anne Moon

Por Anne Moon. São Paulo, 30 de agosto de 2019.

A inimizade e a competitividade são muito comuns em nossas vidas, mas temos que ter consciência de até que ponto isso se torna algo tóxico, como nos afeta negativamente.

É comum competirmos entre nós mesmos, isso existe também no mundo animal. Os animais disputam entre si pela liderança, pela caça e não seria diferente entre os seres humanos, sempre entramos em competição e inimizade, desde a infância competimos, seja por atenção ou nas brincadeiras de crianças e somos incentivados a competir entre nós mesmos em várias áreas da vida, no lado profissional, pessoal… Assim, nesse esquema todo, surge a comparação.

Entramos numa rivalidade, pois olhamos para o outro, o cargo, ocupação, o estilo de vida, as realizações pessoais deveriam ser uma realidade nossa.

Com certeza você já olhou para tal pessoa e pensou em vários motivos possíveis para ela ter conquistado a carreira, o estilo de vida, o “boy” ou a “girl” que você queria, por ela ser boa em alguma coisa que você não é bom, a estética do corpo ou do rosto, por não estar nesse padrão… Ou até mesmo por essa pessoa estar no padrão esperado, por estar dentro das expectativas que foram impostas para a vida dela.

E nisso é muito comum entrarmos em uma rivalidade de criar uma inimizade muito forte, vem novamente a questão da competição ser algo natural de todos os seres vivos e da sociedade dar mais força a esse lado competitivo, às vezes até acima do saudável.

Não tem como fugir disso, sempre queremos mais, olhamos alguém e pensamos “Quero alcançá-la ou ultrapassá-la”. Não há nenhum problema usarmos essa pessoa como inspiração, pois são como nossos mentores, eles ativam nossa ambição para alcançarmos algum objetivo.

Sim, não é errado ser ambicioso, de ter algo na vida ao qual você aspira ser e quando se tem pessoas as quais o representa, fica muito mais fácil a realização. Bruno Gimenes, uma vez disse que é importante, além de se ter alguma ambição, algo ao qual nascemos para ser, precisamos de método (traçar metas), treino (colocar em prática o que aprendemos) e mentores (pessoas prósperas na área a qual você quer prosperar e que serão suas inspirações).

Ou seja, se você quer ser bem-sucedido em alguma coisa, tem que buscar conselhos, aprendizados, conhecimentos com quem já prosperou nisso, se inspirar e usar como motivação.

Viu como a ambição não é algo negativo e sim que as pessoas colocam um peso muito forte nessa palavra? Se não tivermos ambição na vida e buscar quem nos inspira, nossa existência teria pouco ou quase nada de sentido, sendo assim, nem teríamos como esperar qualquer mudança boa, estaríamos patinando ou como eu já ouvi algumas vezes, somente para “preencher espaço no Universo” ou “roubar oxigênio do planeta”. É desnecessário ter medo de ser ambicioso, pois é isso que movimenta as rodas do mundo e fica um pouco contraditório essa ideia se na sociedade, na mídia, sempre incentivam cada vez mais a competição e a rivalidade por vários motivos.

O que não podemos permitir é que isso seja maior que os nossos princípios morais e éticos, nos cegando, criando uma disputa sem freio e injusta.

A questão é a comparação que fazemos, seja conosco ou com os outros. Isso nos coloca em uma situação de julgamento totalmente desleal. Julgamos a nós mesmos por não sermos iguais a uma determinada pessoa, ou por essa pessoa não ser igual a outra. Não bastando essa comparação, nos rebaixamos ou rebaixamos os outros para engrandecer a um determinado alguém e aí que a competitividade ultrapassa todos os limites do saudável e ainda deixa a nossa frequência vibratória muito baixa, trazendo tristeza, frustração, autoestima baixa, então ficamos presos nesse círculo de infelicidade e insatisfação.

É em cima de tudo isso que a sociedade e a mídia trabalham. A competitividade excessiva que traz inimizade e com ela a insatisfação, infelicidade e a frustração, o que é lucrativo para um grupo de pessoas, o consumismo impensado. Imagine só quantas empresas não iriam à falência e fechariam as portas se não fossemos tão insatisfeitos? Com certeza seriam milhares, e a economia mundial seria muito prejudicada.

O pior de tudo, o motivo disso ser realmente um ciclo vicioso é que não bastasse sermos contaminados por essa energia de falta, ainda contaminamos o próximo, as vezes criamos aversão por aqueles que se sentem satisfeitos, são vistos como uma afronta.

(Quero esclarecer que estar satisfeito não é o mesmo que estar acomodado. Pessoas satisfeitas são gratas e querem sempre evoluir. Já as acomodadas sabem que não estão bem e nem se movimentam para mudar essa realidade)

Enfim, hoje em dia se prega tanto sobre o que é ser feliz e próspero ao ponto de ser uma ditadura, a ditadura da vida perfeita, que não podemos ter momentos de tristeza, raiva, angustia, insegurança ou medo, que é errado sentir essas emoções, que tudo tem que ser 100% perfeito, ser o melhor em tudo, falhas são inadmissíveis, sua vida tem que ser montada em cima do que é dito hoje em dia, o esperado, o padrão. Existe ainda muita fiscalização de alheios para se certificar de que não haja nenhum passo fora dessa linha fina e ainda curiosos para se atualizar sobre sua vida, é um campo minado.

Isso tem se tornado mais comum ainda com as redes sociais. Pessoas sempre alegres e com a vida pessoal sempre maravilhosa, só amor, amor e mais amor. Sempre confiantes, seguras, em um bom dia, vida regada a festas, bebidas, amantes, amigos, um mundo cor-de-rosa.

Sendo que a realidade não é bem assim. Não digo que devemos lotar as redes sociais com tragédias, e sim que o “mundo cor-de-rosa” é ilusão, que não reflete a vida em sua totalidade. Devemos sim buscar sermos felizes (a nossa realização), o que nos alegra, emanar amor, luz, sermos confiantes, seguros, tornar o nosso dia bom, ir em festas (se assim for o seu gosto. Eu mesma gosto de vez em quando), beber de vez em quando (com responsabilidade, claro) e é sim importante um bom círculo de amizades.

(Repito, não há problema nisso)

Porém, há também momentos em que nos pedem mais paciência conosco, em que não estamos tão bem assim e tudo bem. Nem sempre estamos alegres, confiantes, seguros ou corajosos… Às vezes até mesmo precisamos que alguém nos dê uma dose de segurança e confiança, sentir que você pode contar com esse alguém.

A partir do momento em que você repreende essas emoções negativas, elas vão se acumulando no seu subconsciente e se tornam uma bomba relógio que a qualquer momento pode explodir, ou seja, se não fizer bom uso desses sentimentos negativos e canalizá-los, vão te corroer até afetar o seu físico.

As redes sociais, hoje em dia, deixam mais claro que existe uma competição e inimizade desnecessária, a briga por seguidores, curtidas, visualizações, ao ponto das pessoas fazerem loucuras para conseguir essa atenção, a rede social Instagram até tirou os “likes” das postagens, as coisas absurdas e polêmicas que já apareceram em vídeos na internet apenas pelo objetivo de conseguir essas curtidas.

Uma propaganda enganosa também tem sido espalhada pelas redes sociais, além do estilo de vida irreal, corpos com uma estética humanamente impossível, sendo propagado como real, natural, que só são necessário exercícios físicos e alimentação saudável para conseguir tal modelo de corpo, mesmo que cada físico seja diferente e que muitas vezes para conseguir tal corpo, tem que se submeter à procedimentos invasivos que se ela tivesse racionalizado uma ou mais vezes sobre, não teria aceitado. Ou caímos em um “poço fundo” ao ver que não temos a mesma habilidade ou vida de determinada pessoa.

Será que temos que ser os melhores, perfeitos em tudo? Realmente temos que ser alegres, seguros, fortes e confiantes a todo momento? Inibir sentimentos negativos não seriam uma forma de opressão consigo mesmo? Ignorar quando as coisas estão ruins, não seria também uma forma de se iludir? Então seria tapar o sol com uma peneira, certo?

Pode tentar sua vida inteira ser o melhor, perfeito em tudo, alegre, seguro e forte, que isso não vai ser possível, e não falo isso para te chatear e sim para que não haja autocobrança excessiva, expectativas irreais que apenas te empurram mais para o fundo do poço, nós temos que ter “cabeça nas nuvens” e os “pés no chão”, sem colocar a nós mesmos para baixo e nem a si mesmo em um pedestal, sem extremos.

Se permita viver leve sendo um pouco mais empático consigo mesmo, criando suas próprias expectativas para si e não vivendo a partir da perspectiva dos outros, não vale a pena, te garanto.

A competitividade nos dá um parâmetro para vivermos nossa vida, nos dá essa vontade, essa ambição de viver, o que nos impulsiona e movimenta. A inimizade e ódio gratuitos que se propagam pela competitividade é o motivo de ficarmos alerta e usarmos a nossa consciência e bom senso, escolher nossas batalhas, filtrar quais delas não vão te roubar tempo e energia, que são as coisas mais difíceis de serem recuperadas. Na verdade, energia é algo que afeta sua vida de forma muito profunda, já o tempo perdido nunca se recupera. Como eu disse em um artigo anterior, o tempo não pára e sim sempre flui progressivamente, compreenda então a gravidade do mal-uso do tempo, as consequências são perceptíveis em várias áreas da vida.

Algumas competições são desnecessárias. Quem possui mais dinheiro, mais curtidas, visualizações, quem tem as notas mais altas, o rosto ou o corpo mais bonito (e/ou perto do padrão de beleza esperado), os relacionamentos (família, namoro, casamento, amigos) melhores, passando a imagem de perfeição, de todos esses relacionamentos estarem impecáveis, nada fora do lugar… Vidas baseadas em status, apenas com o objetivo de se ter a aprovação dos outros, uma vida muito infeliz, vazia, pois ninguém que seja feliz e preenchido de amor-próprio se prestaria a esse papel, pois essa pessoa está ocupada em fazer sua própria história, investindo em si mesmo, se colocando em primeiro lugar, fazendo da sua própria existência prazerosa. Que a vida seja prazerosa e leve, certo?

Não posso me esquecer também de falar que nós mesmos somos os nossos únicos inimigos. Ou seja, você é seu maior e único inimigo, não existe outro adversário além de si mesmo, pois o poder de controlar sua vida não está e nem deveria estar com outra pessoa.

Se alguém te vê como rival, inimigo, isso é com ela, então que se resolva com ela mesma. Não entre nessa pilha, não tome esse karma para si, não vale sua energia, nem tempo.

Mulher com luvas de boxe batendo em rosto de homem

Ah, nem leve para o lado pessoal, mesmo que seja pessoal. Eu havia dito em um artigo que faz parte do amadurecimento e inteligência emocional para você não levar qualquer provocação ao ferro e fogo, pela simples questão de não ser reativo. Não é para ter “sangue de barata”, ser passivo a tudo. Volto a falar, é escolher suas batalhas e procurar se afetar menos por essas coisas, manter o equilíbrio, filtrar o que tem a ver contigo, pois quando alguém fala algo sobre você, geralmente apenas reflete o que ela mesma pensa sobre si. Então, não dê um valor social a essa pessoa, maior do que ela merece, um valor social maior do que o seu, não dê significância ao que essa pessoa fala.

Pior do que a raiva é a indiferença. Calma, não significa que você tem que ser esnobe, se achar melhor do que os outros, mas também para não se achar pior e nem igual aos outros, um meio termo. Ok?

Guarde isso na sua mente: Se me amo e me aceito, não sou meu inimigo, não vai existir inimigos externos. A minha única e maior competição é comigo mesmo, de me superar a cada dia. Superar medo, vergonha, orgulho, ego, falhas e as minhas ignorâncias (falta de conhecimento).

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Parece até clichê tudo isso que escrevi, você deve estar lendo e pensando que é óbvio que nunca deixaria a competição subir à cabeça, criar inimizades, perder tempo e energia com coisas desnecessárias… Mas peço que reflita se realmente acontece na prática.

Existe tanto esse conceito de inimizade e competitividade muito forte no mundo feminino que hoje é comum se ouvir “as inimigas”, “as meninas que eu não gosto”, existe até os famosos “memes” brincando com essas frases, “eu/nós contra as inimigas/meninas que eu não gosto”, todo mundo compartilha, já compartilhei e com certeza você também já compartilhou posts assim. Mesmo sem ter noção de quem são as tais inimigas ou a motivação para essa inimizade, se realmente há um motivo (normalmente não tem) para surgir essa competição e inimizade que saem fora do normal, temos que nos policiar para não entramos em “batalhas” desnecessárias e criar rivalidades gratuitamente sem sentido, sendo que qualquer uma te rouba tempo e energia. Escolha uma que realmente valha a pena.

Sobre o autor

Anne Moon

Anne Moon é uma escritora graduada em letras que nasceu e mora em São Paulo com seus pais e com o irmão mais velho. Desde criança adora escrever e contar histórias. Antes dos 10 anos já havia escrito duas histórias de ficção e uma biografia, e aos 14 anos começou a escrever o primeiro volume, “The Rise of the Fallen”, da série de livros “Dark Wings”

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