O menininho de quatro anos sai correndo em disparada perguntando: onde está meu milípede? O milípede em questão é o colar de sementes negras da mãe que ora é sucuri, ora é minhoca e, em outras vezes, é o milípede, aquele herbívoro que se enrola em forma de espiral e possui muitas pernas.
Noutra ocasião, a mãe pergunta: que está fazendo, meu filho? O pequeno responde, enquanto esvazia a terra de uma porção de canos e os enche com cuspe, fazendo uma massinha: experiências, mãe, experiências, repete com uma expressão compenetrada.
Outro dia, o menino passa pela mãe, arrastando-se pelo chão e exclamando: o alligator está passando, cuidado. A mãe estranha o termo estrangeiro e sem querer aprofundar, mas já aprofundando, pergunta: qual a diferença entre o crocodilo e o alligator? Mãe, responde o pequeno, em tom professoral: o crocodilo e o jacaré são da família do alligator.
Enquanto almoça, a babá lê para o menino um livro sobre o solo, onde um tatu e um sapo comentam: “O solo é composto de partículas da rocha-mãe, água, ar e matéria orgânica produzida pela decomposição dos resíduos vegetais e animais. É formado pela ação de fatores ambientais como o clima, microrganismos, relevo, rocha-mãe e o tempo”.
Mais tarde, coberto de lama, em um buraco no jardim, o menino-tatu grita: Pai, estou tomando banho de rocha-mãe.
E assim segue o mininaturalista amador: vai pelo jardim atrás de rastros brilhantes de lesmas, pega a escada para ver de perto a teia da aranha tecelã entre os troncos das bananeiras, faz um cobertor de folhas e diz, com prazer: estou coberto de matéria orgânica.
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Essa mistura engraçada entre conhecimento científico, experiência sensória e fantasia pode fazer surgir nas crianças um interesse genuíno pela natureza como parceira de vida.