Em poucas palavras, teofania é uma manifestação de Deus de forma visível e captada pelos sentidos do ser humano. É quando Deus aparece em Sua glória para o homem, mesmo que por intermédio de outro organismo.
Essa palavra tem origem grega e vem da junção de dois termos: “theos”, que significa “Deus” e “phainein”, que se refere aos verbos “mostrar” ou “manifestar”. A aglutinação dos dois termos e sua consequente adaptação à língua portuguesa faz surgir o significado “manifestação de Deus”.
Teofanias na Bíblia
Teofania no Velho Testamento
As teofanias eram muito comuns no Antigo Testamento, quando Deus frequentemente se revelava temporariamente, normalmente para passar a alguém uma mensagem relevante. Veja algumas vezes em que Deus apareceu na primeira parte do Livro Sagrado:
A Abraão, em Siquém
O livro de Gênesis relata que Deus sempre esteve em contato com Abraão, comunicando-se com ele ao longo de toda a sua vida, mas somente em algumas oportunidades é que Deus se mostrou de maneira visível.
A primeira dessas aparições é relatada em Gênesis 12:6-7, que descreve que Deus apareceu a Abraão e disse: “À sua descendência darei esta terra”, referindo-se à terra de Canaã. Nenhum detalhe sobre como Deus apareceu ao seu servo é dado no trecho, exceto que deve ter sido muito impressionante, já que o livro registra que Abraão construiu ali um templo para o Senhor.
A Abraão, anunciando a queda de Sodoma e Gomorra
Quando Abraão já tinha 99 anos e habitava Canaã, certa vez recebeu em sua tenda três homens que passavam por ali. Enquanto Abraão almoçava na companhia deles, ouviu a voz do Senhor dizer que ele teria um filho.
Quando a refeição terminou, os três homens se levantaram para ir embora e Abraão os acompanhou. Segundo Gênesis 18:20-22, dois dos homens foram na direção da cidade de Sodoma, enquanto o terceiro permaneceu e anunciou, em primeira pessoa, que destruiria as cidades de Sodoma e Gomorra, o que deixa transparecer que esse homem provavelmente era uma manifestação direta de Deus.
A Moisés, no monte Sinai
Moisés é considerado o homem que teve mais intimidade com Deus, já que o Senhor sempre conversava com seu servo, que guiava o povo israelita pelo deserto rumo à terra prometida.
Muita gente costuma pensar que Deus se manifestou quando Moisés conversou com uma sarça em chamas, mas a Bíblia deixa subentendido que a sarça estava em chamas, mas era um anjo quem estava se comunicando com Moisés, não o próprio Deus.
Em Êxodo 19:18-19, porém, Deus decide conversar diretamente com Moisés e desce sobre o monte Sinai envolto com uma nuvem densa, com raios, trovões, fogo, fumaça e o som de uma trombeta. Todo o povo de Israel viu esse fenômeno, mas apenas Moisés foi chamado para ter com o Senhor, que deu a ele, naquele momento, as leis de Israel e os Dez Mandamentos.
Após um diálogo que durou dias, Moisés pediu a Deus que pudesse ver Sua glória, mas o Senhor recusou, argumentando que Sua face mataria qualquer mortal, porém permitiu que Moisés visse suas costas (Êxodo 33:18-23), maravilhando-o.
Aos israelitas, no deserto
O livro de Êxodo também relata que, quando os israelitas construíram o tabernáculo no deserto, Deus desceu sobre ele como uma nuvem que nunca desapareceu e serviu como guia ao povo no deserto, já que o povo acompanhava o movimento da nuvem e, quando ela descia, montava um novo acampamento no lugar indicado por ela durante os 40 anos que passaram no deserto.
A Elias, no monte Horebe
Perseguido pela rainha Jezabel após confrontar os profetas do deus Baal, Elias fugiu para o deserto e subiu o monte Horebe, onde Deus avisou a ele que iria aparecer para conversar. Os versículos de 1 Reis 19:11-13 relatam que Elias esperou escondido em uma caverna e ouviu e viu um vento muito forte, um terremoto e depois fogo, após os quais o Senhor surgiu diante dele em uma brisa suave e o tranquilizou quanto aos seus temores. Os versículos não falam sobre como Elias reagiu ao se ver diante de Deus.
A Isaías e Ezequiel, em visões
Isaías e Ezequiel foram dois profetas que puderam ver a glória de Deus em visões promovidas pelo Senhor, que são relatadas em Isaías 6:1 e em Ezequiel 1:26-28. Isaías, por exemplo, relatou que viu “o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo.” Já Ezequiel escreveu “bem no alto – sobre o trono – havia uma figura que parecia um homem. Vi que a parte de cima do que parecia ser a cintura dele parecia metal brilhante, como se estivesse cheia de fogo, e a parte de baixo parecia fogo; e uma luz brilhante o cercava”.
Teofania no Novo Testamento
Jesus Cristo
A maior teofania do Novo Testamento é a vinda de Jesus Cristo à Terra. Como Jesus, Deus e Espírito Santo são um só, numa Trindade, a vinda do Cristo pode ser considerada uma aparição de Deus aos homens. Jesus ficou na Terra durante 33 anos, pregando a boa nova do Evangelho e palavras de amor. Outra teofania é relatada quando Cristo, após ser crucificado, ressuscita e volta dos mortos para falar com seus apóstolos e seguidores.
A Saulo
Logo após a morte de Cristo, seus seguidores começaram a ser perseguidos. Um dos promotores dessa perseguição era o judeu Saulo de Tarso. Um dia, quando estava viajando de Jerusalém a Damasco, com a intenção de continuar sua perseguição aos cristãos, Saulo viu uma luz muito forte e, em seguida, uma visão de Jesus, que o repreendeu por perseguir os cristãos, como relata o livro Atos dos Apóstolos 9:3-5: “Saulo perguntou: ‘Quem és tu, Senhor?’ Ele respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem você persegue’.”
Após essa visão, Saulo se converteu ao cristianismo, mudou seu nome para Paulo e passou a pregar o Evangelho, sendo um de seus maiores disseminadores e autor de boa parte dos livros do Novo Testamento, espalhando a palavra de Cristo pelo mundo.
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A João, na ilha de Patmos
João, um dos apóstolos de Cristo, foi preso e isolado na ilha de Patmos por pregar o Evangelho. Quando estava lá, João teve uma visão em que Cristo veio até ele, relatada em Apocalipse 1:13-16: “Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés eram como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o som de muitas águas. Tinha em sua mão direita sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu furor.”
Naquele momento, Jesus permitiu que João visse o fim dos tempos e ordenou que ele escrevesse sobre o apocalipse, com o objetivo de preparar os cristãos para sua segunda vinda, no dia do juízo final.
Mas alguém viu mesmo Deus?
Alguns teólogos pregam que, sempre que Deus se mostrou ao homem, mostrou uma manifestação de Seu poder, nunca sua aparência verdadeira, que seria impossível de ser vista pelo homem. João, por exemplo, escreveu que “ninguém jamais viu a Deus” (João 1:14), enquanto Paulo escreveu que Jesus é a manifestação “do Deus invisível” (Colossenses 1:15). Por fim, Jesus Cristo mesmo declarou enfaticamente, como registrado em João 14:9: “Quem vê a mim vê o Pai”, então pouco importa, segundo alguns teólogos, se Deus apareceu mesmo em todo Seu esplendor para o homem, porque o que importa é sentirmos Sua existência em nosso íntimo.