Em setembro, decidi me voluntariar num Templo Budista, o Centro de Meditação Kadampa, em Cabreúva – SP.
Chamei uma amiga, nos inscrevemos, e fomos. Pé na estrada, sem muito saber o que nos esperava. Sem nem sequer tem ido à Cabreúva alguma vez!
Tudo o que eu sentia era uma vontade, um chamado de ir.
Acordamos às 5:00 horas da manhã, tomamos café e pegamos o carro. A estrada parecia adivinhar que aquele final de semana seria extraordinário!
Vimos o nascer do sol pelo caminho. Quanto mais nos aproximávamos do nosso destino, o céu e a natureza ficavam cada vez mais lindos e vívidos.
Ao chegar no portão de entrada do Templo, aquela paz. Uma atmosfera de silêncio e energia positiva que o circundava.
Já iniciamos nossa hospedagem trabalhando, renovando as oferendas à Shakyamuni Buda. Um trabalho meditativo, de atenção plena. Principalmente pelo fato de manusear potes de cristais com água. Isso para uma pessoa como eu é um desafio constante, visto as centenas de louças, vidros e cristais já quebrados pelas mãos desta que vos escreve.
A cada trabalho encerrado no Templo, um mantra é cantado, falado ou mentalizado em devoção e vacuidade.
Dada por concluída a tarefa no Templo, fui para a cantina. Conheci a Kika, uma mulher incrível! Cantora de MPB, mãe, dona de uma risada contagiante e voluntária do Templo, por amor.
Foi com a Kika que eu passei grande parte da minha estada no Templo.
Ao chegar na cantina, preparei o material para lavar os banheiros. Nunca lavei banheiros com tanto carinho! No Templo, fazemos todos os tipos de trabalhos, pois tudo é a serviço do amor, da compaixão e aos Budas. Tudo é mantido com trabalho voluntário.
Após um intervalo e outro, eram iniciadas as aulas do curso sobre budismo, no interior do Templo, ministrado pelo Monge residente, Gen Kelsang Tsultrim. Sempre começávamos com uma meditação. E, como uma criança, eu ficava bem atenta a tudo o que o Monge ministrava. As aulas eram muito agradáveis, com ensinamentos práticos para nosso dia a dia.
Sem saber, eu e minha amiga Cuca fomos em um final de semana muito especial para o Templo. Duas vezes por mês é feita a Oferenda ao Guia Espiritual. Pudemos participar da organização, contribuição das oferendas e da cerimônia principal.
Após a cerimônia, alguns voluntários combinaram de se encontrar às 6:30 da manhã do dia seguinte para fazer uma meditação matinal próximo à árvore Bodhi. Sem hesitar, confirmei minha presença. E, pela manhã, pela primeira vez na minha vida, eu estava meditando ao lado de uma Bodhi Tree, com o sol nascendo de trás das montanhas da Serra do Japi.
Após a meditação, tomamos café e iniciamos a aula sobre o “Caminho Rápido ao Grande Êxtase” do curso “Liberte-se da dor e do sofrimento”.
De volta aos trabalhos na cantina, eu já me sentia parte daquele lugar. Familiarizada com todos os seres. Inclusive as aranhas, que passei a ver de forma diferente ali. Quem me conhece desde pequenina sabe o pavor que sempre tive por elas. Todavia, após uma quase-aula com um monge e um budista na mesa do almoço, me permiti trabalhar essa questão sobre o pavor, a fim de começar a olhá-las e apreciá-las como mães. Afinal, elas são mães, têm filhos, cuidam, vivem, sentem. A diferença entre eu e elas é a espécie. E também o fato de eu ainda não ser mãe (risos).
No domingo, a visitação é bem maior do que no sábado. Atendemos na cantina muita, mas muita gente que veio para a visita monitorada. Foi uma experiência incrível. Olhares, palavras trocadas, gentilezas.
Finalizando o atendimento, me dirigi ao Templo para as Preces pela Paz Mundial. Já sabia que o final de semana estava terminando.
Sentimentos de acolhimento e muito amor fizeram-se muito presentes nesse final de semana tão mágico! Nem tudo o que vivenciei consigo escrever ou traduzir. Pois o sentimento e a intenção acontecem aqui no coração. Mas sabe quando você sente uma felicidade plena e incondicional?
Conhecer pessoas e ouvir suas histórias sempre me fascinou. Ouvir ensinamentos de Buda, contados por um monge budista, num templo repleto de paz, foi uma experiência única! Muita presença e conexão naquele lugar.
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O mais incrível: qualquer pessoa pode se voluntariar, conhecer, participar dos cursos e das meditações. Eu me inscrevi através do site.
E, posso dizer, foi uma das coisas mais belas que me aconteceu! Sou grata por cada um que me acolheu tão bem. Mas como dizia Buda: “Não acreditem no que eu digo, testem por si próprios.”