Caminhamos pela avenida, parque ou rua com um novo olhar. O dia pode estar mais úmido, se olharmos de novo. Talvez algum orvalho no portão ao lado nos lembre disto: o dia é diferente. O orvalho não estava lá ontem pela manhã.
No caminho, se estamos apressados, o vento que bate no rosto também se apressa e perdemos o toque que há nesse encontro. Se estamos caminhando sem companhia, o vento pode nos acompanhar. Basta fazer o convite.
Dentro das casas dos vizinhos, os jardins gritam de alegria se choveu na noite anterior ou se entristecem se estamos em período de seca. Quando apressados, nem mesmo percebemos as quatro estações entremeadas uma na outra.
Perto da padaria, o cheiro de pão ainda permanece no ar. Podemos escolher esse aroma como o perfume dessa manhã, desse dia. Só dessa manhã. Só desse dia. A manhã com cheirinho de pão e tudo que esse aroma pode nos proporcionar: saudade, acolhimento, encontro.
Em outras manhãs, podemos ter outros perfumes: manjericão do quintal, gotinha de chuva no chão, sabonete da pia, gentileza de alguém que encontramos pelo caminho. Imagina a manhã com cheirinho de gentileza. Qual o aroma teria a gentileza? Hortelã ou alecrim? A manhã está livre para o perfume que dermos a ela.