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Os desafios do puerpério

Uma mulher deitada numa cama a abraçar um bebê.
Natalia Deriabina / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você sabe o que é puerpério? Essa palavra é utilizada para se referir ao período de 45 a 60 dias que uma mãe vive após o nascimento da própria criança. É quando os órgãos maternos poderão retornar ao que eram antes da gestação, garantindo que a mãe se recupere após o processo de gerar uma criança.

Tal processo, entretanto, não é formado apenas por bons momentos e uma recuperação tranquila do corpo materno. Na verdade, é um período repleto de desafios, que pode trazer sentimentos de solidão, de desamparo e de exaustão para muitas mães. Informe-se sobre os detalhes do puerpério a seguir!

Os grandes desafios do puerpério

O puerpério é um momento de recuperação para a mãe de um recém-nascido e também traz cinco desafios principais, que só serão superados com uma rede de apoio bem estruturada e com acompanhamento médico. Entenda quais são eles:

1) Depressão pós-parto

Uma mulher debruçando a sua cabeça na sua mão esquerda. A mão direita, por sua vez, envolve um bebê.
Arsenii Palivoda / Shutterstock / Canva

Como resultado das oscilações hormonais depois da gestação, a depressão pós-parto pode se desenvolver em qualquer mulher durante o puerpério. A prolactina, por exemplo, que é fundamental para a amamentação, também torna a mãe mais sensível, intensificando as emoções negativas.

Outra questão que pode levar ao desenvolvimento da depressão pós-parto é o fato de que algumas mulheres demoram para construir o vínculo afetivo com os filhos no momento em que eles nascem, o que pode trazer uma sensação de culpa persistente difícil de superar.

2) Amamentação

Mesmo que seja muito romantizada, a amamentação não é fácil. Nos primeiros meses de vida de um bebê, é fundamental que ele consiga se alimentar bem em momentos específicos do dia, mas, para que isso ocorra, existe um longo caminho a ser percorrido.

Além de o bebê precisar de ajuda para realizar a pega correta do mamilo da mãe, a exaustão materna resultante da falta de sono e da constante necessidade de alimentar a criança pode tornar o puerpério muito desgastante.

3) Mudanças no corpo

As mudanças no corpo de uma mulher que acabou de parir são naturais e esperadas. No entanto, em meio a uma bagunça de hormônios, ao cansaço extremo e às angústias do puerpério, é possível que a mãe comece a se cobrar para voltar ao corpo que tinha anteriormente.

Sendo assim, a aparência do corpo após a gestação se mostra como um dos fatores que as preocupa. É preciso ter muita paciência nesse processo, mas isso pode ser um grande desafio em uma sociedade tão exigente em relação aos padrões de beleza..

4) Isolamento

Uma mulher contemplando uma paisagem repleta de neve através de uma janela.
Maridav / Canva

O puerpério é um período no qual a mãe terá que se ajustar às necessidades do filho, que depende exclusivamente dela para sobreviver, mesmo que já esteja fora do útero. Devido a isso, a mãe precisa passar mais tempo em casa, com horários desregulados, podendo se desencontrar com o resto da família.

O afastamento do trabalho, que é tão importante, infelizmente é mais um motivo para que a mulher que pariu se sinta isolada. É necessário lembrar, portanto, que mesmo recebendo o apoio de outras pessoas uma mãe pode se sentir dessa maneira.

5) Críticas sobre a criação dos filhos

Muitos familiares e amigos acreditam que tenham o direito de opinar sobre as escolhas de uma mãe na hora de criar os próprios filhos. Ainda que alguns comentários pareçam inofensivos, as críticas constantes à mulher que está no puerpério podem minar a saúde mental dela.

E, então, o que poderia parecer uma tentativa de ajudar a mãe se transforma em um pesadelo para aquela que está fazendo o melhor que pode para criar os filhos. O bom senso, o respeito, a empatia e a compreensão deveriam ser colocados à frente de tudo nessa época.

Saúde da mulher

Os desafios principais que o puerpério apresenta para as mulheres não são as únicas dificuldades desse período. Imagine tudo o que pode acontecer com um corpo que acabou de gerar uma criança e que agora precisa se dedicar inteiramente a ela. É por isso que a saúde física da mulher é uma prioridade nesse momento.

Alguns dos aspectos que afetam diretamente a saúde física da mulher no puerpério são o aumento do tamanho das mamas, a redução ou o aumento do peso corporal, a flacidez, o inchaço, o sangramento e a realocação dos órgãos no corpo da mãe.

Mesmo que todos esses efeitos sejam naturais e esperados nesse período, é importante continuar realizando consultas médicas, para observar se o organismo está se recuperando corretamente. Apenas profissionais da saúde podem julgar o que precisa mudar dentro do corpo de uma mulher no puerpério.

Saúde mental no puerpério

Outro aspecto que diz respeito à saúde da mulher no puerpério é a saúde mental. Como vimos anteriormente, o risco de desenvolver depressão pós-parto é alto, já que há um desequilíbrio hormonal no corpo materno.

Quando esse desequilíbrio é somado ao sentimento de isolamento, às dificuldades de cuidar de um filho recém-nascido e à falta de apoio, em muitos casos, a saúde mental de uma mãe pode sofrer um sério impacto.

Uma mulher debruçando sua cabeça na palma da sua mão direita. À sua frente, um pequeno berço.
dashapetrenkophotos / Canva

Não é possível prever tudo que uma mãe sentirá durante o puerpério, mas é de extrema importância garantir que ela receba ajuda tanto para cuidar da criança quanto para se cuidar.

Os profissionais da saúde devem analisar o corpo físico e a mente, analisando como a mulher está se sentindo com essa mudança de vida. Em meio a tantas questões, as críticas e a pressão da sociedade não são saudáveis e podem, inclusive, prejudicar a mãe. A seguir, aprofunde-se nesse tema.

Pressão social no puerpério

O corpo de uma mulher demora nove meses para formar uma criança. Esse processo é marcado por alterações físicas e mentais, que impactam o estilo de vida da mãe, a maneira como ela se vê no mundo e as expectativas da sociedade sobre ela.

Como vivemos em um contexto patriarcal, a comunidade espera que todas as mulheres queiram engravidar; mais do que isso, elas devem ser mães carinhosas, gentis, pacientes e dentro dos padrões de beleza.

Essas expectativas são reforçadas a partir de comentários de familiares, de amigos e até de desconhecidos, de representações midiáticas e de uma opressão internalizada, os quais a fazem duvidar de si constantemente por não se encaixar em alguma dessas imposições.

Portanto, uma mulher sabe o que a sociedade espera dela e pode tentar atender a essas exigências, contudo as imposições não são definidas com base em fatos, o que torna difícil de alcançá-las.

Não há um método científico que prove como todas as mães devem ser e se parecer, mas a sociedade continua a reforçar essas imagens. É esperado que, mesmo no puerpério, uma mãe já seja capaz de trabalhar, de recuperar o corpo de antes da gestação, de dar atenção aos familiares e de cuidar do filho perfeitamente, como se tivesse nascido para realizar essa função.

Ou seja, é como se a mulher que se torna mãe não pudesse sentir exaustão, insegurança, tristeza, raiva, depressão, ansiedade ou irritabilidade durante o puerpério. Na verdade, ela só poderia ser grata por ter uma criança e trabalhar para se encaixar aos padrões novamente.

A sociedade não é atenta à realidade das mães e impõe comportamentos e padrões de beleza que são inatingíveis e desrespeitosos, mas nem tudo está perdido nesse processo. Executando um papel duplo, as redes sociais podem melhorar os sentimentos ruins do puerpério ou agravá-los.

O impacto das redes sociais no pós-parto

As redes sociais não podem ser vistas como algo totalmente bom ou totalmente ruim. Como elas estão nas mãos de diferentes pessoas em todo o mundo, há mais de uma maneira de utilizá-las, sobretudo no período pós-parto.

Por um lado, as redes sociais permitem que diferentes mães que estão no puerpério conversem entre si sobre os desafios que estão enfrentando. Elas podem compartilhar dúvidas, receitas, dicas, contatos de profissionais de saúde e acompanhar famosas que falam sobre maternidade sem filtros.

Mãos femininas utilizando um teclado de um notebook. Sobre ele, ilustrações de símbolos comumente vistos em redes sociais.
NituriStock de Getty Images / Canva

Principalmente para as mulheres que não têm uma extensa rede de apoio, as redes sociais cumprem a função que amigos e familiares não podem cumprir. A internet pode oferecer acolhimento, alívio, momentos de descontração e a sensação de que nenhuma mulher está sozinha.

Ao mesmo tempo, as redes sociais, quando utilizadas no período pós-parto, podem criar algumas sensações ruins nas mães. A principal delas é a preocupação com a própria aparência, sobretudo quando essas mulheres se deparam com as fotos editadas de celebridades que pariram e não parece que tiveram filhos.

Outra questão que prejudica o puerpério é o excesso de críticas nas redes sociais. Muitas vezes, um post pode receber comentários negativos, de pessoas que acreditam saber qual é a forma correta de criar uma criança. Mesmo em uma rede social privada, esses julgamentos podem acontecer.

Ainda assim, os pontos positivos e negativos das redes sociais não significam que elas devem ser utilizadas com mais ou menos frequência durante o puerpério. Na verdade, eles são um lembrete de que é possível utilizar esse recurso tanto para o bem quanto para o mal e que um pouco de equilíbrio sempre faz bem.

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Dessa forma, o puerpério é um período delicado para a saúde da mulher que acabou de gerar uma criança. Embora essa fase seja repleta de desafios, de sentimentos negativos e de muito cansaço, ainda é possível melhorar a qualidade de vida das mães oferecendo ajuda, acolhimento e muito amor.

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