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Pensamento excessivo, pensamento obsessivo: controle, racionalidade, adoecimento, recuperação.

Homem olhando pensativo para a janela
Gabriel The / Gabriel The / Canva

Pensamentos não são fatos, são especulações, suposições, dúvidas, não raro depreciações ou críticas. Acostumamo-nos a pensar que tudo isso nos ajuda, que entendemos melhor a realidade, que nos planejamos pro futuro. Com isso, justificamos o ato de pensar (inclusive descontroladamente). Com isso, justificamos nossa ansiedade. A ansiedade justificada, defendida com argumento, é mais difícil de endereçar, de ser remetida a seu lugar apropriado. Isso é importante para um enfrentamento de qualquer dificuldade pela qual estejamos passando.

Na verdade, muito do que pensamos não nos ajuda. Por quê? Confundimos especular com entender, antecipar com planejar, duvidar com conhecer. Isso não é seu ou meu, é cultural, deriva de certo tipo de racionalidade que desenvolvemos. Filosofia, previsibilidade, probabilidade, ceticismos. Há saúde nesses aspectos, desde que não os extrapolemos. E como saber o ponto? O corpo fala, e a mente também. Então precisamos de estratégias pessoais para lidar com impulsos naturais ou culturais que temos.

O primeiro, é claro, é o enfrentamento profundo e estrutural que conhecemos como psicoterapia. Devido às diferenças teóricas, é difícil resumir do que se trata e fazer justiça a todas as abordagens. Do jeito que faço, costumo estimular a reflexividade, sendo acolhedor com a pessoa e confrontativo com a inconsciência.

Onde o cognitivismo fala de pensamentos automáticos, por exemplo, os analíticos falam de complexos autônomos. Eu gosto de explorar as teorias, comigo mesmo ou com quem converso, porque, para mim, elas não são componentes intrínsecos da verdade, mas formulações humanas que ressoam ou não ressoam em nós, que nos fazem sentido ou não fazem.

Mulher olhando pensativa para o lado
mimagephotography / Canva

A menos que realmente durmamos, sempre estaremos prestando atenção a algo. Muito de nosso pensamento se estrutura como um enfrentamento do mundo real: tarefas a fazer, entendimentos que, se eu tivesse, fariam diferença; evitamentos que desejo; processos de culpa disfarçados de autoaprimoramento; sonhos que tenho dificuldade de realizar; colocações que gostaria de ter feito ou que ainda cogito fazer. Novamente, alguns aspectos disso são produtivos ou adaptativos. Às vezes, deles abusamos: nós os usamos excessivamente. Outras vezes, o uso que deles fazemos é inadequado mesmo, disfuncional. Tudo isso nos rouba a calma, pois algo de nossas reações emocionais demanda constante atenção.

Outros dois recursos eu gostaria de citar, em contraponto: Mindfulness, que pode ser entendido como Atentividade ou Estar Presente, e a Prática Artística. Mindfulness é uma prática para desviar o foco da razão (a mente) para concentrar na sensação (corpo). Isso dá uma objetividade, que é um enfrentamento à subjetividade característica do racional. O segundo recurso possível é o expressar-se artístico: desenhar ou escrever sobre o que vem à nossa mente, por exemplo. Por meio da Prática Artística, podemos tanto acolher quanto transformar o conteúdo de nossos pensamentos e sentimentos. Além disso, o expressar (exteriorizar – pôr para fora) que lhe é característico expia esses conteúdos, isto é, promove uma catarse, uma purificação emocional deles. Assim, retira de nós a necessidade premente e constante de pensarmos e repensarmos (obsessiva ou insoluvelmente) sobre esse conteúdo que tanto nos afeta.

O Mindfulness é uma técnica de relaxamento. O apelo à Prática Artística (escrever, pintar) é o primeiro passo e um convite ao processo de imaginação ativa, que é uma confrontação exploratória com a inconsciência e com o que ela emana simbólica e arquetipicamente. São duas atitudes distintas.

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Jung alertou para os perigos da imaginação ativa. A questão é que os processos emocionais nos quais mergulhamos dizem de nossas dificuldades em processar e integrar as vivências e o si mesmo (nossos aspectos internos, por vezes conflitivos ou divergentes). Por isso, é interessante fazer isso estruturadamente. É claro que os passos iniciais e o trabalho principal são sempre de cada um. Mas o terapeuta pode ser um guia e um acompanhante valioso nessa difícil jornada. Ou seja, independentemente do seu modo preferido de enfrentamento e recuperação, compartilhá-lo com alguém treinado para isso aprimorará seus resultados. Fica o convite para o acompanhamento psicológico, na saúde, na doença, na alegria, na tristeza, para recuperar-se ou para autoconhecer-se!

Sobre o autor

Guilherme Henz Franco

Psicólogo desde 2007, com formação em Antropologia Social na Alemanha (2015), trabalhou por 8 anos em Psicologia Organizacional, tendo também boa experiência em Psicoterapia Adulta e Infantil, e ainda Psicologia Escolar e Avaliação Psicológica. Na área cultural, é editor do site "O Franco Atirador", desde 2016, com produções artísticas e divulgação de material científico e político, e também do Blog "O Auscultador do Invisível", desde 2007, com produção literária (traduções, poemas, aforismos e ensaios).

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