Convivendo

Pior que menstruação

Homem seguindo mulher na rua e encostando em seu ombro. A mulher olha com para o homem incomodada, e estende sua mão para ele se distanciar.
Escrito por Rodrigo Frazzão

“Pior do que seu preconceito, é sua capacidade ridícula de achar que uma mulher precisa usar o corpo como atrativo, quando ela tem algo chamado cérebro.”

Mulher de pé em escritório, usando saia e camisa, segurnado uma agenda. Atrás dela, um  homem sentado se inclina para fora de sua mesa, para poder olhar o corpo da mulher.

Fui apresentada a várias propostas, aparentemente boas, mas que eu sabia por experiência própria que não passavam de enrolação. “Você pode ficar famosa”, eles diziam. “Olha só esse seu corpo, é maravilhoso.” Ia para uma entrevista de emprego, para o ponto de ônibus ou caminhava pela rua normalmente e sempre os mesmos olhares, as mesmas insinuações baratas, os mesmos elogios despretensiosos. Será que eu não podia oferecer ou ter qualidades sem necessariamente usar meu corpo? “Por que uma mulher tão bonita como você está solteira?”

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Eu bufava de raiva, não precisava de ninguém ao meu lado só por minha beleza. Estava muito bem sozinha e não era de um homem que eu precisava. Tinha necessidade de respeito, de valor. Queria zero por cento de machismo, menos elogios disfarçados de gentilezas, menos ironias. Precisava ser olhada como gente, não como um pedaço de carne que não tem nada, além do corpo para oferecer. Queria ser olhada como um ser humano pensante, capaz, independente, que sofre, que tem medo de ser estuprada pelo simples fato de usar uma roupa curta. Queria ser olhada como mulher, como alguém que precisou de séculos para ser inserida na sociedade. E melhor do que sobreviver a essas pessoas eu queria viver entre elas, como qualquer ser humano normal.

Vestir minhas próprias roupas, sem ser taxada de vadia, de puta, de promíscua. Antes de qualquer coisa, queria mais respeito. Porque ser mulher não é fácil, nada fácil, e pior do que uma menstruação é ter que lidar todos os dias com gente machista e mal-educada.

Mulher com traje social, olhando para uma parede branca. Sua sombra a representa como uma heroína, vestindo uma capa, com as mãos na cintura.

Pior do que seu preconceito, é sua capacidade ridícula de achar que uma mulher precisa usar o corpo como atrativo, quando ela tem algo chamado cérebro. Se você acha bonito meu corpo, meu bem, é porque ainda não sabe de nada do que eu penso. E acho que o seu brinquedinho aí embaixo é igual ao seu cérebro, minúsculo. E felizmente não preciso dele pra viver, querido, preciso apenas de mim mesma, e cá entre nós é mais do que o suficiente.

Sobre o autor

Rodrigo Frazzão

Desde criança sempre me fascinei pela escrita, pela leitura, pelo comportamento humano e por toda forma de manifestação de arte. Cresci em meio à pobreza, na roça, na caatinga, morava em uma casa de taipa, com poucos recursos, mas sempre muito feliz e desde essa época sempre mostrei interesse pela área da educação. Com 10 anos mudei-me para a zona rural de Petrolina, uma cidadezinha no interior de Pernambuco, onde minha família começaria a trabalhar na área de fruticultura irrigada, às margens do rio São Francisco, um paraíso.

Aqui, um pouco mais perto da cidade, fui me aprofundando na leitura, tendo contato com a escrita, com as artes e lendo mais e mais sobre a psicologia humana, o que nos molda e o que nós somos irresponsáveis, por que sofremos. Comecei a me conhecer por completo, os meus medos, meus traumas, minhas limitações. Comecei também a ler muito sobre a importância de amar a si mesmo, de se perdoar, de entender a mente, seus processos e desde então passei a me amar mais, a aceitar as pessoas como elas são, a não julgar, a querer ajudar quem precisa de um conselho, de um ombro amigo.

Aprendi que o modo como pensamos muda nossa experiência e nossa vida, então quero aos poucos ajudar as pessoas, mesmo sendo jovem, mesmo não sabendo de tudo, quero ajudá-las a mudar a forma como se enxergam, a forma como veem todos os seus problemas, todos os traumas, como veem a si mesmas. Eu aprendi que para as angústias da alma existe um alívio, um remédio, uma cura, basta apenas mudar a forma como enxergamos tudo ao nosso redor, começando por nós mesmos. Todo o meu conteúdo é livre, eu só quero ajudar você a ser cada vez melhor, mas para isso você precisa se permitir.

Em breve lançarei meu livro, falando sobre revolução do eu e por que todos nós podemos evoluir cada vez mais.

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