Comportamento Saúde Integral

Precisamos falar sobre a síndrome de burnout

Ilustração de homem vestindo um terno e roupa social, com muita raiva, os dois punhos fechados, só que no lugar da cabeça há somente fumaça.
Escrito por Giselli Duarte

Não é de hoje que eu venho notando uma incrível quantidade de posts publicados no Linkedin sobre o esgotamento profissional, mais conhecido como síndrome de burnout.

Além disso, confesso que estou ensaiando escrever sobre esse tema há algum tempo, mas que por algum motivo eu ainda não tinha conseguido escrever. Bom, o motivo, em minha opinião, é muito óbvio: eu também já sofri com essa síndrome.

Mulher cansada

Existem eventos desafiantes para encararmos e aceitarmos. Nós vamos lendo por aí que não podemos pensar, muito menos nos sentirmos tristes ou insatisfeitos com alguma coisa, senão baixamos a vibração e teremos mais daquilo que internalizamos. Porém sendo muito sincera, devemos nos questionar sobre tudo o que acessamos e tomamos como verdade. Não devemos negar nossos sentimentos, muito menos negligenciar os nossos pensamentos. Preste atenção em todos os seus passos, sim!

Como eu falei no início, eu já tive a síndrome de burnout em duas fases bem distintas da minha vida, portanto em graus diferentes.

A primeira vez que eu sofri desse mal foi no ano de 2012. Refletindo um pouco sobre tudo isso, hoje eu percebo que os sinais começaram no ano anterior. Nessa época eu trabalhava incansavelmente. Eu chegava bem cedo no escritório e era a última a apagar as luzes, mas não parava por aí. Continuava trabalhando em casa. Eu me cobrava muito em ser a melhor, em fazer as coisas sempre certas e terminar todas as exigências antes do prazo. Sempre tive projetos em paralelo, além do meu trabalho principal, e fazia cursos quase que trimestralmente para me aperfeiçoar cada vez mais naquilo que um projeto ou outro pedia.

Logo, os sinais começaram a aparecer um atrás do outro. Sobrecarregada com uma série de situações, eu me estressava facilmente, minha memória começou a falhar, tive taquicardias que demoravam para passar, vivia enjoada e com dores de cabeça, caspa no couro cabeludo, uma tristeza profunda e dores muito fortes pelo meu corpo inteiro que me faziam ficar o final de semana todo na cama. Eu não tinha ânimo para nada. Eu só percebi o que estava acontecendo comigo quando tive um ataque de pânico, pela terceira vez.

homem representando a síndrome de burnout

O dia em que caiu a ficha foi exatamente depois do terceiro ataque de pânico. Eu estava em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, prestes a mergulhar com um grupo de turistas. Todos já estavam com aquela roupa de mergulho, cilindros e tudo. Assim que eu pulei no mar, eu senti uma coisa horrível, dessas que a gente não consegue explicar direito, mas a sensação era a de que eu ia morrer. Meu coração não parava de acelerar e o peito apertar. Eu só sei que nessa altura eu já estava gritando e pedindo pelo amor de Deus ao treinador para me tirar da água, pois eu não faria mais o mergulho. Só depois de muita insistência, ele me tirou dali. Tirei aquela roupa e sentei no barco. Ficamos somente eu e o capitão, na superfície. E eu não parava de chorar. Senti que algo precisava mudar. E que eu precisava agir.

Desde então eu não parava de pensar em mudanças. Entristeci-me ao ver que eu não era mais aquela menina corajosa que fazia as coisas sem medo, e que naquele momento em diante passava mal só de estar em ambientes cheios de gente.

Decidi buscar ajuda e criar um hobbie. Busquei por terapias, mas ainda não havia encontrado nada que me fizesse realmente bem. Até me recordar das aulas de yoga que eu fazia na academia ao lado da faculdade. A partir dessa maravilhosa lembrança, comecei a buscar estúdios de yoga próximos ao trabalho e acabei encontrando o Instituto Hermógenes.

Iniciei minhas práticas em um horário privilegiado, o qual me permitia ter aulas quase que particulares. Éramos três, às vezes quatro. Com o tempo, a yoga e as meditações foram me ajudando a ser uma pessoa mais consciente. Graças ao professor João Batista, uma alma iluminada no corpo de um senhor de 84 anos de idade.

mulher praticando yoga

A partir daí, aceitei a yoga como um estilo de vida que aos poucos foi incorporado à minha vida como um todo. Foi assim que a yoga entrou na minha vida de vez.

Hoje em dia sei que é humanamente impossível manter um alto nível de performance no trabalho o tempo todo. Precisamos aceitar nossos limites e nos permitir fazer pequenas pausas durante a jornada de trabalho. Nenhum ser humano consegue permanecer o tempo inteiro com 100% da sua capacidade de alta performance. E isso eu senti na pele.

Em 2018 eu tive uma recaída. Bem menor do que na primeira vez, mas ainda sim doeu.

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E creio que doeu muito mais na alma, pois dessa vez eu já tinha uma nova consciência e ainda assim aconteceu. Muitos fatores envolvidos, responsabilidades e exigências. Só tinha tempo para trabalhar.

Eu entendo que atualmente vivemos em um cenário incerto sobre muitas questões, e isso tudo mexe com as pessoas. Por um lado há uma taxa altíssima de desemprego, e por outro empregados que se sujeitam a trabalhar em locais cuja necessidade de mão de obra varia entre três e cinco profissionais a mais para suprir todas as funções preestabelecidas, porém as mesmas são concentradas em uma única pessoa. Existem as exigências pela alta performance incessante, inclusive muito exaltada em palestras motivacionais, falta de reconhecimento, promessas de promoções e aumento de salário que nunca se cumprirão, autocobrança, sensação de não dar conta de tudo, e por aí vai.

Mulher cansada

Infelizmente, em muitos casos, se o profissional demonstra sintomas de esgotamento, acaba sendo demitido e substituído friamente. Já em outros casos, o empregador compreende com mais facilidade a situação e de fato estende a mão para seu colaborador.

Existem casos e casos e muitas formas de reverter essa situação toda. Mas o importante é não se calar.

Com a aceitação, nós cortamos pela metade o caminho rumo ao processo de cura. Para cada pessoa uma abordagem fará mais sentido, por isso buscar ajuda será o primeiro passo.

Caso você seja um líder em sua empresa ou ainda a empresa seja sua, te faço um convite: Repense as estratégias que incluam seus colaboradores a praticar uma vida com mais qualidade. Hoje em dia, existem muitas empresas grandes com projetos de bem-estar, salas de meditação, práticas de yoga, corridas de rua, porque tudo isso tem sido crucial para manter o bom desempenho do profissional. Entendo que para algumas empresas isso tudo pode ser moda, mas tudo bem, eu até que não acho ruim essa mentalidade, contanto que tenha e que as pessoas possam de fato utilizar!

Se porventura você já sofreu ou sofre da síndrome de burnout, saiba que você não está sozinho. Jamais!

Contudo, procure ajuda.

sessão de terapia

Procurar profissionais na área da psicologia não é nenhum tabu, e descobrir novos hobbies, como fazer aulas de yoga, meditar, correr, andar de bicicleta, escalar, velejar, dançar, cantar, fazer trilhas, escrever, acampar. Procurar terapias naturais: shiatsu, reiki, massoterapia, florais de bach, aromaterapia, cromoterapia, acupuntura, thetahealing, barra de access e tantas outras… não interessa. O negócio é cuidar de você!

Eu espero que eu tenha contribuído com você de alguma forma. Caso você conheça alguém que sofra com a síndrome de burnout, compartilhe este artigo com ela. Essas são as horas em que mais precisamos de carinho, amor e acolhimento e muitas vezes não sabemos como receber.

Expor uma parte da minha história tem o objetivo de mostrar que, além dos artigos técnicos que a gente lê por aí sobre o assunto, há uma pessoa por trás desse processo. E que, sobretudo, é possível sair dessa bolha e ter uma vida repleta de paz e alegrias.

Só depende de você. <3

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

Curso
Meditação para quem não sabe meditar

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