Autoconhecimento

Um caderno e um chá

Mulher segurando xícara de chá na mesa ao lado de um livro e algumas flores
Thought Catalog/ Unsplash
Escrito por Anna Bheatriz Nunes

Existem muitos estímulos diários através de telas, cores, imagens e sons. Parar é um movimento contrário, porém extremamente necessário e orgânico para os seres da natureza. Mas, no tempo em que vivemos, o natural às vezes é visto como exceção. Não são todas as pessoas que conseguem fechar os olhos e meditar. Então sugiro começar com um caderno e um chá.

A folha em branco pode ser amedrontadora, mas a barreira não é física e sim mental e sentimental, oriunda do medo e de crenças limitantes carregadas ao longo da jornada. Não é necessário ser escritor para escrever. Rótulos não podem continuar à frente da essência humana. Dessa forma, é preciso cessar a ilusão em algum momento. Só a consciência pode nos conduzir às respostas que tanto buscamos. O primeiro passo é observar. Não o que está fora, mas dentro. As emoções são muito negligenciadas e por isso é fundamental dar atenção a elas, assim como para uma criança. O caderno é um bom convite para o início. Colocar as emoções em palavras é como deixar uma água antes parada, correr. O movimento é o sentido natural da vida, portanto os sentimentos não podem ser mantidos em uma represa dentro do corpo.

Xícara de chá ao lado de uma colher com ervas para fazer chá
Drew Jemmett/ Unsplash

O ato de fazer um chá para si mesmo é uma gentileza. Ferver a água, escolher a erva, fazer a infusão ou decocção. Esperar o líquido borbulhante ficar morno até servir em uma xícara e beber. É como um aviso para o corpo de que está tudo bem, que ele será ouvido. Em alguns locais do Oriente, fazer o chá é tratado como uma meditação. Um momento para exercitar a presença dos sentidos. E tudo é exercício. Muitos de nós estão treinados para terem mentes aceleradas. Parar também deve ser um treino. Por isso alguns minutos por dia devem ser reservados para a pausa.

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O processo de se dar atenção é gradual. No início, haverá uma relutância tanto em desacelerar quanto em se expressar. Mas, em seguida, há uma readaptação à própria natureza. Primeiro um caderno e um chá. Depois, com os sentimentos soltos, não existirão limites. A única certeza no decorrer é que uma pessoa que dá atenção a si, não buscará no exterior. Nisso consiste uma libertação.

Sobre o autor

Anna Bheatriz Nunes

Eu sou Anna Bheatriz Nunes, arquiteta, urbanista, escritora e poetisa. Autora do livro de poemas "da distorção à transformação", publicado pela Ape'Ku Editora. Expresso-me para dar vazão ao que sou e para me encontrar. Que as nossas expressões criem belos encontros!

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