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7 livros para criar e trabalhar a empatia

Duas pessoas segurando as mãos umas das outras.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você provavelmente já esteve em uma situação em que houve um debate dentro do grupo, e os ânimos começaram a ficar um pouco exaltados, não é? Sempre tem uma pessoa que parece agressiva para defender o ponto de vista, uma pessoa que se sente ofendida, e pode até haver aqueles que choram. Nessa situação de debate, você consegue dar um ultimato e dizer quem está certo e quem está errado, ou acredita que cada um tem um motivo para ter um posicionamento?

Se você é a pessoa que consegue decidir o certo e encerrar o debate, você é uma pessoa prática. Mas a tendência é definir como certo aquele que tem o ponto de vista em comum com o seu, o que pode nem sempre ser a verdade.

Já as pessoas que compreendem os posicionamentos alheios são mais empáticas, porque, apesar de não terem vivido as mesmas experiências, conseguem entender o porquê daquela opinião.

Apesar disso, ser uma pessoa prática não é ruim, mas há momentos em que é preciso ser mais empático do que prático. E empatia não significa seguir a opinião dos outros e anular a própria, mas entender que há outras perspectivas que ainda podem ser exploradas.

Entenda mais sobre o que é a empatia, como trabalhá-la, sua importância e alguns livros que podem te ajudar a entender mais sobre esse conceito. Acompanhe o artigo para saber!

O que é empatia?

Empatia consiste em se identificar emocionalmente com a outra pessoa. Assim, significa enxergar sua perspectiva e entender seus pontos de vista, ações, crenças e valores, mesmo que a vida do outro não pareça ter semelhanças com a nossa.

Uma pessoa segurando as mãos de outra.
74images / Canva

Empatia é menos sobre o nosso lado da história e mais sobre visualizar a situação do outro, e, assim, compreender suas motivações. É por isso que esse conceito está sempre ligado à expressão “colocar-se no lugar do outro” e se relaciona com compreensão, afeição pelo outro e respeito à sua identidade.

Exemplos de empatia

Se até aqui tudo pareceu um pouco abstrato, pense em pessoas que trabalham em ONGs. Elas não são renumeradas pelo trabalho, mas têm dedicação total à causa, seja em prol dos animais abandonas, do combate à violência doméstica e infantil ou mesmo do acolhimento a refugiados. Todas essas pessoas trabalham porque entendem a situação pela qual o outro está passando – mesmo sem nunca terem estado em tal posição – e querem ajudá-lo a superar as situações difíceis sem exigir nada em troca.

Mães também são muito empáticas com seus filhos. Imagine um caso em que o filho relata para a mãe que vem sofrendo bullying na escola. Essa mãe sentirá a dor que o filho sentiu e, assim como ele, terá sentimentos de tristeza, indignação e até raiva. Mas, como adulta, será capaz de conversar com a escola e os responsáveis. Ou seja, apesar de se colocar no lugar do filho, ela não se comporta como o filho nem anula seus próprios sentimentos, mas age da melhor forma, considerando o que o filho sente.

Retomando o exemplo da introdução, em caso de discussão em um grupo, uma pessoa empática não encerraria o conflito elegendo uma pessoa como certa, mas daria um tempo para que cada um pudesse expor suas opiniões e levaria em conta a particularidade de cada um para, com base nisso, chegar a uma conclusão.

Acima de tudo, empatia é sobre entender o outro, enxergar o outro e dar a ele a chance de ser ouvido e respeitado sem julgamentos.

O que a falta de empatia causa?

Ser empático é ser humano. Mas, apesar do belo significado de empatia, ela nos falta muitas vezes, porque nem sempre é fácil ouvir o que a outra pessoa tem a dizer e, apesar de não concordar, entendê-la. No entanto, é um exercício que deve ser praticado, porque a falta de empatia pode nos tornar egoístas, insensíveis e preconceituosos.

A falta de empatia fragiliza todos o relacionamentos – não só os amorosos, mas com qualquer outra pessoa. Afinal, ninguém quer conviver com alguém que está sempre certo e nunca considera sequer ouvir os outros.

Uma mão segurando uma placa escrito "arraogance".
Ildo Frazao de Getty Images / Canva

A longo prazo, a falta de empatia faz com que as pessoas se tornem superficiais e passem a viver um uma bolha, isoladas de toda a realidade, pensamentos e ideias que sejam diferentes dos próprios. O famoso “Mas todo mundo que eu conheço disse/faz isso”. Claro, porque pessoas sem empatia tiram do círculo de amizade qualquer um que seja diferente.

Além disso, viver sem empatia causa a indiferença – o típico “Problema é seu”. Obviamente as pessoas devem resolver seus próprios problemas, e não devemos tomar todas as dores de todos os nossos conhecidos. Mas a indiferença é um outro nível, em que alguém sequer quer saber se o outro está com problemas ou não. Logo, não é nem questão de não dar conselhos ou ajuda, porque a pessoa nem se deu o trabalho de ouvir ou querer saber sobre o outro.

Dessa forma, pessoas egoístas e sem qualquer empatia acabam ficando sozinhas, sem amigos com quem contar e sem relacionamentos profundos com ninguém.

Por que criar e trabalhar a empatia?

Ser uma pessoa empática e aberta a conversas é uma função social importante, e, apesar de pessoas empáticas não agirem dessa forma para benefício próprio, elas são beneficiadas por suas próprias ações.

Ao ouvir o outro, conhecemos outros pontos de vista e outras histórias. Isso também faz com que possamos nos conhecer melhor, até porque podemos pensar: “O que eu faria no lugar dessa pessoa?”, entendendo melhor também nossos próprios sentimentos e contribuindo para a nossa inteligência emocional.

Ademais, os empáticos sabem conduzir conversas e lidam melhor com situações difíceis, o que gera menos estresse para todos os envolvidos.

Lembra das pessoas sem empatia? Elas não têm relacionamentos profundos, mas os empáticos tendem a ter relações interpessoais bem melhores e mais duradouras. Sabe aquele amigo sensato que sempre tem os melhores conselhos? É provavelmente uma pessoa empática que ouve o que você tem a dizer e, por isso, sabe o que te dizer também.

7 livros para criar e trabalhar empatia

Pode parecer difícil começar a agir com mais empatia, principalmente com as várias tarefas do cotidiano, em que podemos achar que não temos tempo para ouvir o que os outros têm a dizer. No entanto, é importante criar e trabalhar a empatia diariamente. Assim, trazemos algumas dicas de como ter mais empatia: livros que te ajudam a criar e trabalhar essa qualidade. Confira!

“Comunicação Não Violenta: Técnicas para Aprimorar os Relacionamentos Pessoais e Profissionais” – Marshall Rosenberg

Capa do Livro "Comunicação Não-Violenta".
Editora Ágora / Divulgação

Em “Comunicação Não Violenta: Técnicas para Aprimorar os Relacionamentos Pessoais e Profissionais”, o psicólogo Marshall B. Rosenberg trata sobre a importância da comunicação não violenta (CNV), o que é, como funciona e que problemas ela resolve (spoiler: sabendo se comunicar bem, você consegue resolver tudo – ou quase).

Os capítulos 7 e 8 tratam especificamente sobre a empatia e a importância de ser presente e de, acima de tudo, ouvir o que os outros têm a dizer.

Assim, cada capítulo traz, de forma didática, formas de se comunicar com outras pessoas, resolver problemas e conflitos sem julgar nem usar de violência.

“O Poder da Empatia: a Arte de se Colocar no Lugar do Outro para Transformar o Mundo” – Roman Krznaric

Livro de referência para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo sobre a empatia, em “O Poder da Empatia”, Roman Krznaric recomenda hábitos para se tornar uma pessoa mais empática, como vivenciar outras experiências (viajar, fazer trabalho voluntário), conversar com os outros, ouvir e ser ouvido, e, até mesmo, usar as redes sociais para trazer luz a um assunto que precisa ser discutido.

Nessa obra, Krznaric mostra o poder que as pessoas têm de mudar o mundo. Mas isso começa quando deixamos de viver uma experiência solo e passamos a enxergar o mundo como algo coletivo, vendo, entendendo e lutando pelos problemas do outro, para que não só aqueles que estão próximos, mas também as pessoas mais distantes, não precisem sofrer.

“No Seu Pescoço” – Chimamanda Ngozi Adichie

Capa do livro "No Seu Pescoço".
Companhia das Letras / Divulgação

Cada vez mais reconhecida, Adichie é uma escritora nigeriana e tem conquistado muitos fãs. Em 12 contos, “No Seu Pescoço” retrata a desigualdade racial, imigração, preconceitos e estereótipos. Assim como todas as obras de Adichie, os 12 contos são um convite à empatia, ao combate ao racismo e à xenofobia e a entender que uma pessoa não deve abrir mão de sua cultura e identidade para ser respeitada.

“As Coisas Que a Gente Fala” – Ruth Rocha

Nesse livro infantil destinado a crianças a partir dos 7 anos, Ruth Rocha ensina algo valioso tanto para adultos, pais e professores, quanto para as crianças: as palavras têm poder, e devemos usá-las com cuidado. Com versos rimados, “As Coisas Que a Gente Fala” ensina sobre a mentira e suas consequências, a distorção das palavras e como elas podem machucar as outras pessoas.

“O Caçador de Pipas” – Khaled Hosseini

Capa do livro "O Caçador de Pipas".
Globo Livros / Saraiva / Divulgação

Quem já leu alguma obra de Khaled Hosseini sabe que a realidade é dura. Em “O Caçador de Pipas”, a desigualdade, a injustiça e a culpa são abordadas de forma tão realista que o leitor não tem escolha a não ser ter empatia pela situação das personagens. Amir, personagem principal e narrador da história, mora em Cabul, Afeganistão, e é um homem rico que se arrepende e se tortura por anos por não ter ajudado o amigo Hassan quando ele foi violentado por ser considerado de uma “raça inferior”. A narrativa mostra como Hassan esteve constantemente na memória de Amir e como este tenta se redimir com o amigo, fazendo-nos entender que o silêncio é uma forma de violência quando se trata da desigualdade e que não há “compensação” para isso. Deve-se agir pelo outro em tempo hábil.

“Ensaio Sobre a Cegueira” – José Saramago

Lançado em 1995 e premiado com o Nobel de Literatura em 1995, “Ensaio Sobre a Cegueira” é talvez a obra mais famosa e impactante de Saramago. E, apesar da época de publicação, enquadra-se na situação que vivemos hoje.

A obra narra como a “cegueira branca” infectou milhares de pessoas e que, muito antes de essas pessoas perderem a visão, elas já não enxergavam. Não literalmente, mas no sentido de prestar atenção no outro, no que importa. E a perda da visão só realçou a desarmonia da sociedade. Somente quando se olha para o outro e o vê é que há esperança.

“Eu Achava Que Isso Só Acontecia Comigo” – Brené Brown

Capa do livro "Eu Achava Que Isso Só Acontecia Comigo".
Editora Sextante / Divulgação

Brené Brown comumente escreve sobre coragem e empatia, e, em “Eu Achava Que Isso Só Acontecia Comigo”, não é diferente. Nesse livro, a autora aborda como a vergonha impacta nossas vidas e nos faz viver com medo e limitações. Diante da vergonha, temos que ter resiliência, aceitar a empatia dos outros e ser empáticos também. Apesar de o livro abordar o sentimento de vergonha nas mulheres, a leitura é válida para todos, e é disso que se trata a empatia.

Frases para criar e trabalhar a empatia

“O paradoxo de ouvir é que, ao abrirmos mão do poder – o poder temporário de falar, afirmar, saber –, ficamos mais poderosos. Quando você para de falar ou pregar e ouve, eis o que acontece: (…) Você começa a enxergar as outras pessoas como seus semelhantes – e talvez até aliados. Deixa de ver as outras pessoas como estereótipos. Passa do ‘nós contra eles’ para simplesmente ‘nós’. Os objetivos passam a ser compartilhados, não conflitantes.” (Amy Cuddy em “O Poder da Presença”, 2016)

“Temos quatro opções quando escutamos uma mensagem difícil: 1. culpar a nós mesmos; 2. culpar os outros; 3. perceber nossos próprios sentimentos e necessidades; 4. perceber os sentimentos e necessidades dos outros.” (Marshall B. Rosenberg em “Comunicação Não Violenta, 2006)

“Quase não existe jeito melhor de desafiar seus preconceitos e estereótipos sobre alguém do que falar com essa pessoa e ouvir o que ela tem a falar, e você pode muito bem descobrir que estava errado, e isso te ajuda a não transferir muito de si mesmo nos outros”. (Roman Krznaric, 2018)

“Por isso, quando falamos, temos de tomar cuidado. Que as coisas que a gente fala vão voando, vão voando e ficam por todo lado. E até mesmo modificam o que era nosso recado.” (Ruth Rocha em “As Coisas Que a Gente Fala”, 2012)

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” (José Saramago, em epígrafe de “Ensaio Sobre a Cegueira”, 1995)

“As histórias importam. Muitas histórias importam. As histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para empoderar e humanizar.” (Chimamanda Ngozi Adichie em “O Perigo de uma História Única”, 2019)

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Deu para perceber que a empatia é necessária para o bem-estar mundial e o bem-estar pessoal, certo? Ouvir os outros é uma qualidade em falta, não só por puro egoísmo, mas pela necessidade de se obterem resultados imediatos, pela ideia de que tempo é dinheiro, então “não tenho tempo para ouvir histórias”. A sociedade em que estamos quer nos colocar em uma posição de não exercício da empatia. Mas ouvir e ser ouvido e ser compreendido são necessidades humanas, e é a partir do ouvir e entender o outro que entendemos a nós mesmos e podemos criar mudanças significativas. Cultura, amadurecimento, não conformismo, resiliência… tudo isso – e muito mais – é resultado da empatia.

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