O perfeccionismo e a insegurança não são opostos. São, em essência, estruturas dependentes sustentadas por um mesmo circuito de validação: o medo de falhar. A falha, no indivíduo perfeccionista, é um evento que ativa a amígdala como se fosse uma ameaça à integridade da própria identidade.
Já a insegurança opera como vigia permanente desse cenário, mantendo a dopamina modulada por expectativa e frustração. São dois fenômenos neuro funcionalmente conectados. Ocorre que ambos perdem poder quando confrontados com uma consciência simples e irrefutável: a da finitude.
Essa foi a chave que usei como manobra de reversão: “Sendo eu um perfeccionista inseguro, comecei a utilizar como marcha de manobra a consciência da finitude para não me importar.” Não é um desapego superficial, mas uma recondução do eixo da importância.
Quando você entende que não é eterno, percebe que o julgamento alheio e o erro não têm o peso que seu sistema límbico atribui a eles. Não se trata de se desvalorizar, mas de libertar-se da prisão da performance constante.
Essa é a origem do meu paradoxo:
“A excentricidade supera a imperfeição para a perfeição.”
Na prática, o que isso significa? Significa que, em vez de tentar esconder a imperfeição com máscaras sociais, você a desloca para um campo onde ela se torna irrelevante: o da autenticidade. A excentricidade, nesse sentido, é a liberdade de errar sem que o erro comprometa sua trajetória.
Se erro, não me justifico com desculpas — uso a verdade, ou assumo minha posição fora do padrão como escudo: “Se eu errar, uso ou a verdade para justificar e causar impacto, ou sou excêntrico em comprovar que não me importo, que posso estar por baixo, mas que isso não elimina o meu histórico genuíno.”
Essa lógica não é apenas emocional. Ela é neurológica. O córtex pré-frontal dorsolateral precisa de liberdade para planejar e criar, e a insegurança contínua interfere nisso, desviando energia para o controle obsessivo.
A excentricidade autêntica, por outro lado, desvia o foco do julgamento externo e devolve potência ao sujeito — ou melhor, ao indivíduo que reconhece sua história, sua autenticidade e sua limitação.
O perfeccionista inseguro se liberta quando compreende que o erro não é exclusão da sua grandeza, mas parte da sua trajetória. E que a excentricidade não é uma anomalia, mas um território onde a imperfeição não ameaça. É onde ela pode, inclusive, ser beleza.
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A minha escolha foi simples, mas profunda: entre esconder a falha e viver sob tensão, ou expor minha excentricidade e viver em coerência, optei pela segunda. Porque ninguém vence o medo de errar tentando não errar. Vence-se reconhecendo que, ao errar, não se perde a essência. Aprende-se.