Autoconhecimento

A criança pode curar o seu mendigo interior

Homem branco de barba castanha, sentado em frente a uma mesa de escritório, enquanto segura uma caneca branca.
gstockstudio / 123rf
Escrito por Rafael Gonçalves

O que você perde ao deixar o medo de ser julgado dominar situações importantes na sua vida? Qual é o peso da vergonha na sua performance profissional? Como o sentimento de se achar insuficiente tem atrapalhado a sua autoconfiança? Como essas emoções e sentimentos impactam o seu relacionamento? E a sua vida pessoal? O que você deixa de ganhar? Quanto você deixa de ganhar?

Mas, Rafa, o que isso tem a ver com criança e mendigo? Confia e vem comigo…

O que você está prestes a ler pode te ajudar a se livrar de algumas amarras que te prendem a esses sentimentos e emoções potencialmente destrutivos.

Certa vez, mentorei uma pessoa que estava extremamente infeliz com sua realidade profissional, estava imersa em suas trevas emocionais e isso afetou toda sua vida, principalmente seu relacionamento. Essa pessoa era casada e desejava mudar de profissão, mas estava extremamente insegura e suas emoções e sentimentos destrutivos estavam afetando também sua saúde física. Ela tinha medo do que o seu cônjuge e sua família falariam, de suas reações, medo de não ter apoio, medo de não ser boa o bastante, vergonha de ter que vender e fazer seu marketing e diversos outros medos.

Imagine essa situação. Imaginou? O que essa pessoa estava perdendo?

Viver uma vida com mais sentido. Mostrar o seu verdadeiro potencial. Desenvolver habilidades que podem trazer mais resultado. Relacionamento mais saudável e feliz. Conquistar mais objetivos pessoais e profissionais. Paz mental. Realização pessoal. O que essa pessoa estava ganhando? Ansiedade. Tristeza profunda (ou mesmo depressão). Vazio emocional/existencial. Baixa autoconfiança. Sensação de que não era boa o bastante. Estava vivendo em sua prisão mental.

Família sentada à mesa. Todos estão sorrindo.
Pexels / Elly Fairytale

No sentido mais amplo, tudo na vida sempre tem a ver com relacionamento: nada existe que não seja definido, e que não adquira seu significado por meio de um relacionamento com outra coisa.

Isso não é menos verdadeiro no que toca aos seres humanos. Ninguém existe em isolamento. Desde a nossa infância e, na realidade, desde a nossa primeira concepção, quem somos, como estamos e, em proporção significativa, em quem nos tornaremos depende muito da forma como somos criados e do ambiente no qual nos desenvolvemos. Ou seja, depende muito dos nossos relacionamentos. E não apenas dos relacionamentos de outras pessoas conosco. Mas também e principalmente do nosso relacionamento com nós mesmos.

Se a gente começa um relacionamento com uma sensação interna de insegurança, provavelmente seremos desconfiados e carentes. Se começarmos com uma sensação interna de plenitude ou confiança, provavelmente seremos generosos e complacentes.

Isso é óbvio e pode parecer simplista. Mas o aspecto emocional de todos os relacionamentos que temos na vida é invariavelmente determinado pela qualidade do relacionamento que temos com nós mesmos naquele momento.

E de onde vem isso? Por que isso acontece e nem percebemos?

Vamos nos aprofundar mais um pouquinho… Em essência, não nascemos brasileiros, japoneses, americanos, chineses, brancos, negros, cristãos, evangélicos, judeus. Esses rótulos são impostos a nós (sem a nossa permissão consciente), de acordo com o lugar onde aconteceu nosso nascimento ou porque indicam o sistema de convicções da nossa família.

Não nascemos com um sentido de desconfiar dos outros, julgando, com vergonha do nosso corpo ou com um preconceito racial já se formando no nosso coração. Não nascemos ansiosos, depressivos, nervosos… Esses sistemas de atitudes e convicções internalizados foram cultivados em nós. Os outros (principalmente nossos pais) modelaram para nós e nos treinaram neles. Essa “doutrinação” acontece direta e indiretamente, e começa desde que somos bebês e vai principalmente até a juventude.

Criança sorrindo com as mãos no rosto.
Pexels / Alexander Dummer

Quando crianças, nós reproduzimos a energia emocional que nos cerca, mas somos incapazes de ter a certeza da parte que somos nós – dos nossos verdadeiros sentimentos e gostos – e da parte que são dos nossos pais ou responsáveis (os outros).

Nós somos profundos observadores do comportamento dos nossos pais e de outros adultos em relação a nós e entre si. Nada disso é acompanhado pela nossa compreensão consciente do que nós estamos fazendo, mas rapidamente a gente deduz o que os nossos pais valorizam, e o que evoca a aprovação ou desaprovação deles.

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Quando crianças, nós não abordamos inicialmente o nosso mundo com os preconceitos e julgamentos dos nossos pais a respeito do que é bom ou mau. Nós expressamos nosso verdadeiro Eu (ou verdadeiro ego), de forma espontânea e natural. Porém, logo essa expressão começa a colidir com o que os nossos pais incentivam ou desencorajam na nossa autoexpressão.

E rapidamente nós aprendemos a que tipos de (nossos) comportamentos eles reagem, de maneira que nos façam sentir amados ou desprezados, respeitados ou indignos. E então começamos a nos adaptar. Nós aprendemos a nos transformar no que quer que seja, qualquer coisa que nos traga o máximo bem-estar e o mínimo de desconforto com eles.

Nós nos adaptamos e sobrevivemos da melhor maneira que podemos nesse clima emocional. E essa nossa resposta estratégica de adaptação resulta na formação de uma personalidade de sobrevivência, que não expressa muito da nossa essência individual. Nós deturpamos quem somos a fim de manter algum nível de conexão com aqueles de quem precisamos para atender às nossas necessidades de atenção, cuidado, aprovação e segurança.

Em outras palavras, acabamos abrindo mão de quem realmente somos, da nossa autenticidade, da nossa essência, para garantir esse vínculo com nossos pais. E muitos carregam essa personalidade de sobrevivência para a vida adulta, deixando de ser quem verdadeiramente são, para garantir atenção, proteção, cuidado ou mesmo aprovação de outras pessoas, como chefe, esposa, marido, colega, amigo, parentes…

Viram reféns de suas próprias emoções com medo de perder esse vínculo e “os ganhos” proporcionados pelo vínculo.

O QUE FAZER?

Passo 1 – Evite mendigar migalhas emocionais

Ficar se adaptando a todos e à maioria das situações mostra um verdadeiro eu interior machucado, inseguro, fragilizado e assustado. Procure um profissional, como um mentor comportamental, psicólogo ou terapeuta.

Passo 2 – Acesse (novamente) a sua criança interior

Permita-se expressar de forma autêntica, natural, espontânea. Permita-se errar. Permita-se não saber tudo e dizer “eu não sei”. Permita-se explorar e descobrir. Permita-se reduzir seus julgamentos. Permita-se sentir gratidão pelas coisas simples da vida.

Mostre suas vulnerabilidades sem vergonha. Entenda, você não estará sendo irresponsável. Estará sendo mais humano e (re)conquistando uma vida mais leve, com menos medo e vergonha e mais plenitude e felicidade!

Sobre o autor

Rafael Gonçalves

Rafa Gonçalves ajuda pessoas (profissionais, empreendedores, executivos, mães, pais...) a transformar emoções negativas e comportamentos limitantes em degraus para obter conquistas pessoal e profissional.

Entende que as pessoas podem fazer tudo o que já fazem (ou talvez mais!) de uma forma muito diferente, com mais leveza, autorrespeito, flexibilidade e muito menos ansiedade, estresse ou cansaço mental.

Sua missão é ajudar 5 milhões de pessoas (até 2030) a obter mais conquistas pessoal e profissional, tendo uma vida com plenitude, liberdade mental e menos ansiedade, estresse ou depressão, por meio de mentorias e treinamentos.

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