Astronomia

Dia do Astronauta: a profissão que explora o infinito e além!

Imagem manipulada de astronauta no espaço, entre um satélite e a Estação Espacial Internacional. Ao fundo, é possível ver o planeta Terra bem perto, e atrás dele, o sol brilhando.
forplayday / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Em 9 de janeiro, comemoramos no Brasil o Dia do Astronauta, aquele que exerce uma das profissões mais fascinantes do mundo, que habita o imaginário de crianças e adultos.

Quem nunca sonhou um dia ver a Terra lá de cima ou desvendar os mistérios do Universo, mas estando lá, no espaço sideral, explorando planetas e outros corpos celestes e – quem sabe um dia? – outras galáxias?

Origem da data

A decisão de criar um Dia do Astronauta aqui no Brasil é uma homenagem à Missão Centenário, que levou o primeiro brasileiro ao espaço.

9 de janeiro é uma referência ao balonista francês Jean-Pierre Blanchard, que nesse mesmo dia, em 1793, realizou o primeiro voo de balão da América do Norte. Esse feito se tornou um marco na conquista do espaço sideral.

Astronauta – origem do nome

Foto de um astronauta no espaço.
NASA / Unsplash

O astronauta é uma pessoa treinada para viagens espaciais, realizando todas as tarefas relativas à função – comando, pilotagem, atividades extraveiculares, exploração. É o profissional que viaja pelo espaço.

O termo “astronauta” se origina do grego, pela união de “astron” (estrela) e “nautes” (navegante, marinheiro). Essa palavra surgiu no romance ficcional de Percy Greg, “Através do Zodíaco” (1880). A primeira vez que esse termo foi empregado de forma científica foi em 1929, em um artigo do “Jornal da Associação Britânica de Astronomia”. Somente em 1959 esse termo passou a ser oficial para a Nasa, agência espacial norte-americana, a maior e mais respeitada no mundo, referência quando o assunto é exploração espacial.

Existe o termo “cosmonauta” – também do grego, com o elemento “cosmo” (Universo) substituindo “astro”. Mais recente que “astronauta”, esse vocábulo começou a ser usado oficialmente para intitular Yuri Gagarin (kosmonavt), o primeiro homem a ir ao espaço. Essa diferença de nomenclatura foi fruto da disputa entre EUA e União Soviética, na corrida espacial. Uma briga que teve suas origens na Guerra Fria.

Já a China, outro país com condições de enviar profissionais ao espaço por conta própria, chama seus viajantes espaciais de taiconautas (com o primeiro elemento significando “espaço” em seu idioma).

O trabalho do astronauta

É um engano pensar que o trabalho do astronauta se resume a missões espaciais ou explorações na órbita da Terra. A maior parte da sua carreira é dedicada a treinamentos de solo, apoiando missões.

Algumas das atividades realizadas em solo são: controle de missão (comunicar-se com os astronautas em órbita); verificação de procedimentos e listas de tarefas da tripulação; checagem das estações espaciais, bem como dos softwares das naves; desenvolvimento de ferramentas para uso durante as atividades extraveiculares da tripulação; apoio a cientistas nos experimentos que serão utilizados no espaço; entre outras.

No espaço

Quando está a bordo, a tripulação tem uma série de tarefas a realizar, além das missões espaciais propriamente ditas. Entre elas, destacam-se a observação do Universo e da Terra; a instalação e a manutenção de satélites; a manutenção da própria espaçonave; a realização de experiências científicas no espaço (como, por exemplo, o cultivo de plantas e materiais, para ver como o processo ocorre nesse ambiente; também se analisa como o corpo humano se comporta fora da Terra e na ausência de gravidade).

Para quem está no espaço, tarefas comuns do dia a dia são realizadas de forma bem peculiar, algumas até com certa dificuldade, exigindo adaptação e muito jogo de cintura.

Por exemplo, eles levam a comida desidratada e, na hora de consumir, colocam em um distribuidor de água, para reidratação. Para escovar os dentes, é preciso usar uma bolha de água, já que não há água corrente. A higiene é geralmente feita com produtos que não necessitam de água para enxágue. Como não há gravidade, a posição para dormir não faz muita diferença. Na maioria das vezes, dormem em pé, em sacos de dormir, amarrados à parede ou em cabines.

Os efeitos da gravidade podem interferir negativamente no corpo humano, em caso de permanência prolongada no espaço, provocando problemas como perda de massa muscular e óssea (os astronautas podem perder cerca de 1% de massa óssea por mês), perda de volume sanguíneo (o que pode diminuir a capacidade cardiovascular). Portanto é necessário praticar exercícios físicos constantes enquanto estiverem em órbita. Para isso, é importante que o profissional também passe por treinamentos intensos antes de estar pronto para viajar.

O que é preciso para ser astronauta?

Para começar, é necessário ter formação em áreas científicas, além de muita experiência após a formação, incluindo a parte profissional e acadêmica.

Para se candidatar a astronauta da Nasa, por exemplo, é necessário ser um cidadão dos EUA e passar por rigorosos exames físicos. Comandante e pilotos precisam ter bacharelado em engenharia, ciências biológicas, ciências físicas ou matemática. Pós-graduações, apesar de não obrigatórias, são um diferencial. Também é necessário ter pelo menos 1.000 horas de voo (como comandante-piloto de avião a jato) e experiência como piloto de testes. São exigidas também altura mínima e altura máxima (por causa do tamanho do traje espacial padrão). Já para especialista em missão, é necessário ser bacharel nas mesmas áreas exigidas para piloto, além de três anos de experiência profissional relacionada. Também há um mínimo e um máximo de altura.

Os treinamentos dentro da Nasa são exaustivos e constantes. Os astronautas passam por um treinamento de 20 meses em várias áreas. Também passam por testes de atividade extraveicular (muitas vezes em ambientes subaquáticos, para simular a baixa gravidade) e por curtos períodos de microgravidade. Antes da decolagem para as missões, o astronauta é obrigado a acumular uma quantidade específica de horas de voo em aviões a jato de capacidade elevada.

Marcos históricos das viagens espaciais

Você sabia que o primeiro ser vivo a ir para o espaço foi um cachorro? A vira-lata Laika foi enviada para orbitar a Terra a bordo do foguete soviético Sputnik 2, em novembro de 1957. Apesar de impressionar o mundo na época, a missão não foi nada agradável para a cachorrinha. As circunstâncias sobre sua morte (que teria ocorrido sem nenhum trauma cerca de uma semana após o lançamento) foram reveladas décadas mais tarde, dando conta de que o animal morreu de parada cardíaca, devido ao pânico e ao estresse por causa do superaquecimento da cabine.

Mesmo tendo sido um evento bastante assustador, ainda mais pelo fato de terem encoberto a forma como Laika morreu, a sua ida ao espaço teve uma grande contribuição para a ciência espacial, permitindo que seres humanos mais tarde fossem enviados em missões espaciais.

O foguete soviético deu 2.570 voltas ao redor da Terra, até entrar na atmosfera do planeta, em 1958. Laika foi a primeira “astronauta” da história mundial.

Ilustração de uma cadela chamada Laika, que foi o primeiro ser terrestre a ir ao espaço.
Shan_shan / Shutterstock

Os pioneiros em seus países

O primeiro homem a ir ao espaço foi o cosmonauta soviético Yuri Gagarin. Isso aconteceu em 12 de abril de 1961, quando, a bordo da nave Vostok-1, ele completou uma órbita em torno da Terra. Sua frase “A Terra é azul” se popularizou no mundo todo, causando grande comoção.

Em 1969, foi a vez de os EUA registrarem mais uma página da corrida espacial, enviando o homem à Lua, com a nave Apollo 11. Em 20 de julho de 1969, o norte-americano Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua, proferindo uma nova frase que faria parte da história da humanidade: “Este é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade”.

Em 2003, a China enviou seu taiconauta Yang Liwei para um voo de 14 voltas ao redor da Terra.

Já no Brasil, o primeiro homem a ir ao espaço foi o tenente-coronel aviador da FAB Marcos Pontes, a bordo da espaçonave russa Soyuz, em março de 2006.

Extra: a Missão Centenário

O nome “Missão Centenário” foi uma referência à comemoração do centenário do primeiro voo tripulado de uma aeronave: o 14 Bis, de Santos Dumont (realizado em 23/10/1906). Esse projeto nasceu de um acordo entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos), por meio do qual o astronauta Marcos Pontes foi enviado ao espaço.

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Pontes foi selecionado pela AEB para integrar a 17ª turma de astronautas da Nasa, já que o Brasil, como membro da Estação Espacial Internacional (ISS), tinha direito a uma vaga no programa espacial do governo norte-americano. No entanto, o Brasil perdeu a vaga, por não ter cumprido sua parte nos pagamentos da ISS. Alguns anos depois, foi fechado um acordo com a Roscosmos, e Pontes foi enviado para a ISS, tendo ficado dois dias a bordo da espaçonave russa Soyuz e oito dias na estação espacial.

Apesar de não ser um país bem-sucedido em projetos espaciais, o Brasil já tem sua marca na história espacial. Quem sabe num futuro também não tenha capacidade de desenvolver programas importantes nessa área? Para isso, é necessário muito investimento em pesquisas, educação e inovação. Um grande desafio!

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