Saúde Mental

Hipocondria: o que é, quais são suas causas e como enfrentá-la?

Um homem fazendo um semblante de surpresa. Ele segura um tablet e está vestindo uma máscara.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

A hipocondria é um transtorno psicológico que se caracteriza pela preocupação excessiva de estar doente. Conhecido também como transtorno de ansiedade por doença, a hipocondria faz a pessoa acreditar que tem uma doença, potencializando sinais do seu corpo e inventando sintomas que, na realidade, não existem.

Os hipocondríacos costumam se consultar em vários médicos e, mesmo após receberem o diagnóstico de estarem saudáveis, não ficam satisfeitos com os resultados e continuam a procurar outros especialistas para ganharem a atenção médica que julgam adequada.

O transtorno pode ser mais preocupante do que parece, pois interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas. Além disso, hoje em dia, com a facilidade de acessar a internet, ao identificar algum sinal diferente a pessoa pode procurar os sintomas e se autodiagnosticar de maneira equivocada.

A origem da hipocondria pode estar relacionada com diversas causas, sejam elas ambientais – por exemplo, quando são criados por pais superprotetores – sejam elas relativas a doenças, como quando o paciente já enfrentou ou vivenciou alguma doença grave.

Mas, apesar de ser uma patologia séria, há tratamento para a hipocondria, desde que a pessoa seja diagnosticada como tal.

O que é hipocondria?

A hipocondria é uma patologia relacionada com o medo irracional de doenças e até mesmo da morte por condições médicas. Também chamada de nosomifalia, a hipocondria traz consequências físicas ao interferir diretamente na qualidade de vida do paciente, quando ele passa a sentir muita ansiedade e angústia em relação à sua saúde física.

Em geral, acomete mais adultos, e pode estar ou não associada a outras condições, como ansiedade e o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). A pessoa com hipocondria acredita que está constantemente doente, mesmo sem apresentar sintomas claros que indiquem algum problema de saúde.

Uma mulher sentada num sofá e colocando uma máscara no seu próprio rosto.
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O hipocondríaco não tem apenas um cuidado excessivo com a sua saúde. Ele se consulta com médicos regularmente para fazer exames, pois não confia no aval médico de que ele está realmente saudável.

Qualquer dor de cabeça, tontura ou vermelhidão na pele, pode desencadear um processo ansioso, em que a pessoa acredita que está com uma doença rara e pode morrer a qualquer hora.

Em síntese, é uma preocupação exagerada com a saúde. Os sintomas da hipocondria assemelham-se muito com os da ansiedade e os da síndrome do pânico, o que pode atrasar um correto diagnóstico.

Quais são os sintomas de uma pessoa hipocondríaca?

Os sintomas da hipocondria podem ser diagnosticados por meio da presença de alguns sintomas característicos, como:

  • Necessidade de realizar exames médicos desnecessariamente.
  • Necessidade de consultar vários médicos, das mesmas especialidades, diversas vezes ao ano.
  • Medo exagerado de ter uma doença grave, principalmente após ouvir os seus sintomas.
  • Preocupação excessiva com a saúde, prejudicando as relações sociais e familiares.
  • Checagem repetida dos sinais vitais, como pressão arterial, temperatura corporal e batimentos cardíacos.
  • Autoexame cotidiano, procurando “sinais suspeitos” no corpo, como manchas na pele, por exemplo.
  • Conhecimento dos mais variados medicamentos e tipos de tratamentos médicos, mesmo não sendo da área da saúde.
  • Uso dos mais variados medicamentos, sem necessidade e por conta própria.
  • Buscas constantes na internet, à procura de informações sobre doenças e condições médicas.
  • Dificuldade para aceitar o diagnóstico médico, principalmente se este indicar que não há nenhum problema ou doença.

Por se tratar de um transtorno mental, cada pessoa manifesta os sintomas de maneira diferente. Inclusive a hipocondria pode também causar uma certa aversão à sujidades e germes, pois o paciente sente que pode se contaminar a qualquer instante.

Ao estar sempre apreensivo quanto a sinais corporais comuns, a pessoa hipocondríaca passa a vivenciar vários sintomas associados à ansiedade, como angústia, pânico e mesmo sintomas físicos como falta de ar e taquicardia.

O que pode causar a hipocondria?

A hipocondria pode ter diversas causas. Comumente ocorre em pessoas que crescem em ambientes em que os pais ou responsáveis se preocupavam muito com a saúde da família de modo geral, ou naqueles que vivenciaram alguma experiência negativa e traumático relacionado com uma doença na infância, seja pessoal ou de uma pessoa próxima, por exemplo.

Esse quadro também pode se manifestar em pessoas que tiveram cuidados básicos negligenciados pela família e acabam, inconscientemente, utilizando essa preocupação exagerada com a saúde como forma de chamar atenção e conseguir para si o afeto e a empatia alheia.

Uma mulher sentada no chão colocando suas mãos no seu próprio rosto.
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A doença também está estritamente associada a pessoas que sofrem de transtornos como ansiedade e depressão ou que ficam bastante nervosas e preocupadas frente à necessidade de enfrentarem problemas ou lidar com as próprias emoções.

Muitas são as causas que podem levar à hipocondria. Entretanto não é possível generalizar, e o diagnóstico deve ser feito de maneira cautelosa por profissionais especializados.

Como se livrar da hipocondria?

A hipocondria é uma condição que pode trazer muito sofrimento físico e mental, tanto para o paciente quanto para seus amigos e familiares. Pode-se dizer que é uma doença que tem cura, desde que seja encarada de forma racional e com a ajuda dos profissionais corretos. É importante não sentir medo ou vergonha de falar com pessoas de confiança sobre o que está sentindo e, então, entender que esses sintomas não são perigosos e tampouco uma ameaça à sua vida.

Como é realizado o tratamento da hipocondria?

Geralmente o diagnóstico da hipocondria é feito por especialistas em transtornos mentais, como psicólogos ou psiquiatras, por meio da observação comportamental do paciente.

Caso a preocupação excessiva com a saúde seja algo permanente, que ocorra há pelo menos seis meses, a hipocondria torna-se uma hipótese. O profissional da saúde deve também avaliar se há ou não outros transtornos psiquiátricos associados.

A primeira opção de tratamento para hipocondria é com um psicólogo, com sessões de psicoterapia, pois, muitas vezes, o problema é só a ponta do iceberg de outras comorbidades como excesso de estresse, depressão e ansiedade.

Uma mulher numa consulta médica. Ao lado dela, uma terapeuta. Ambas sentadas num sofá.
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A psicoterapia mais utilizada nesses casos é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que foca a substituição dos padrões obsessivos por um comportamento mais saudável. O profissional ajudará o paciente a ter um olhar mais racional para o seu problema, e, consequentemente, o controle da ansiedade será mais fácil.

Em alguns casos mais severos, pode ser necessário o uso de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos, sob prescrição do médico psiquiatra, sobretudo se o diagnóstico também indicar depressão e ansiedade.

Como tratar hipocondria naturalmente?

Primeiramente, sabendo que a hipocondria faz com que a pessoa procure diversos médicos mesmo estando com a saúde em perfeito estado, orienta-se que o paciente agende apenas uma consulta com um especialista de cada área.

Diminuir as consultas excessivas ao médico é fundamental para superar os sintomas de ansiedade da hipocondria. Portanto é preferível encontrar um médico de confiança e permanecer com ele por um longo período. É importante manter uma boa relação com esse profissional e ser o mais sincero possível ao relatar o seu problema.

Outra orientação é controlar o estresse e a ansiedade, pois esses são fatores que alteram a percepção do nosso corpo, além de causarem fadiga física e mental. Isso pode ser feito gradualmente, incorporando à rotina um tempo para relaxar o corpo e a mente, por meio de exercícios físicos ou meditação.

Outro método é focar outras práticas que não estejam relacionadas com a área da saúde. Isso pode ser feito a partir de outras atividades e assuntos do interesse da pessoa. Leitura, assistir a filmes e séries, realizar cursos variados e sair da rotina de forma geral podem ser alternativas excelentes.

O que é hipocondria digital?

A hipocondria digital nada mais é do que a procura por sintomas na internet, levando a pessoa a achar que um sintoma corriqueiro, como dor de cabeça, possa ser automaticamente sinal de uma doença grave.

Esse é um problema relativamente recente e em crescimento, já que se deve à popularização das buscas feitas pelos usuários da internet. Além dos problemas que podem surgir a partir de um autodiagnóstico ou automedicação, a também chamada cibercondria, pode evoluir para crises de ansiedade e pânico.

Uma mulher se autoexaminando medicamente.
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A cibercondria, doença da era digital, está intimamente relacionada com a hipocondria, afetando aquelas pessoas que ficam obsessivas com o seu estado de saúde e, consequentemente, se “consultam” pelos sites de busca e se autodiagnosticam online. Assim, deixam-se influenciar pelas informações que encontraram e têm a certeza de que apresentam uma ou mais doenças identificadas.

Se usada com sabedoria, a internet pode ser uma ótima fonte de informação. Entretanto é preciso ter cuidado ao tomá-la como verdade absoluta, já que nem todos os sites trazem fontes confiáveis e, às vezes, fechar um diagnóstico é algo muito mais complexo do que ler a descrição de uma doença pela internet.

As relações entre internet, ansiedade e hipocondria

É importante estabelecer algumas regras para limitar o tempo online. Além disso, é melhor evitar pesquisar por aqueles sintomas muito vagos, como, por exemplo, “dor de cabeça”, que podem ser literalmente uma simples dor de cabeça ou algum “tumor raro no cérebro”.

Para lidar com a hipocondria, o ideal é evitar esses movimentos que gerem ansiedade. Antes de tirar suas próprias conclusões sobre algo que estiver sentindo, marque uma consulta com um médico de confiança!

Ao menor sinal de que você esteja pensando demais em sintomas e com medo de estar doente, procure um médico. Caso nada seja identificado nos exames, talvez seja o momento propício para buscar a ajuda de um psicólogo e/ou psiquiatra. Pensar exageradamente e fantasiar terríveis cenários de doenças, pode piorar, e muito, a sua ansiedade.

Vale ressaltar que ser hipocondríaco não previne – e pode até aumentar – o risco de doenças, pois realizar um tratamento medicamentoso inadequado, sem acompanhamento médico e/ou de uma doença inexistente, pode desencadear reais problemas de saúde.

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Para enfrentar a hipocondria, é essencial contar com o acompanhamento de um especialista, além do apoio da família e amigos. Confie no diagnóstico e na sua rede de apoio e lembre-se de que você não está sozinho!

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