Saúde Mental

Preciso tomar antidepressivo, e agora?

Pílulas brancas.
feverpitched / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Muitas pessoas, quando ouvem numa consulta com psiquiatra que seria bom ou necessário fazer uso de medicamento para tratar problemas como depressão, síndrome de burnout ou transtorno de ansiedade, surtam. Afinal, é difícil reconhecer que não estamos bem e que precisamos de ajuda.

Por isso preparamos uma lista de coisas que você precisa saber se for começar a tomar medicação, porque assim você se sente mais confortável com essa decisão e entende de que maneira o medicamento pode ajudar você a sair de uma fase complicada, mas que terá fim (pode confiar!).

Nem tudo é para sempre

Você provavelmente consegue se lembrar de um período da vida em que se sentia mais bem do que mal, certo? Como tudo o mais que acontece ao longo da nossa caminhada, a vida é cíclica. Às vezes, estamos nos sentindo bem, às vezes, não — e volta e meia, nem há razão para tanta alteração de humor.

Então pense o seguinte: “Assim como já estive bem sem precisar do auxílio dos medicamentos, é provável que um dia eu volte àquela situação. Mas, até lá vou usar essa ajuda aqui para ir melhorando”. Não há mal que dure para sempre, diz um famoso provérbio. Confie nisso!

Pode te ajudar a ser você mesmo

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, canta Caetano Veloso, na música “Dom de se Iludir”. E como todos temos nossas dores e delícias, é normal que, conforme os acontecimentos da vida vão se desenrolando, às vezes as dores acabem desequilibrando a balança em relação às delícias.

Quando enfrentamos problemas como depressão, é comum que não nos sintamos quem somos ou que vejamos apenas os lados negativos de nós… E, se for oferecida uma chance de mudar isso, de equilibrar a balança de dores e delícias mesmo em um momento ruim? É isso que a medicação pode representar: ser você mesmo, ainda que as coisas estejam desabando em volta. E ser a gente mesmo é bom demais, né?

Não tente ser forte o tempo todo

Quase sempre, na sociedade em que vivemos, somos martelados pela ideia de que devemos ser fortes o tempo todo e que não devemos demonstrar fraqueza, vulnerabilidade ou dedicar um tempo para o nosso descanso e para curar as feridas e o cansaço.

Mulher sentada em uma rede olhando para um lago.
Priscilla Du Preez / Unsplash

Pois desconstrua essa ideia! Corajoso não é aquele que demonstra força o tempo todo, ainda que esteja fingindo. É, na verdade, aquele que é forte o suficiente para pedir ajuda, para reconhecer os seus limites e entender que, às vezes, só com as nossas forças, as coisas não caminham como gostaríamos.

Nem tudo está sob o seu controle

Muitas pessoas, quando se veem diante da necessidade ou da possibilidade de usar medicamento para passar por fases ruins, começam a se culpar, como se os problemas pelos quais estivessem passando fossem, afinal, sua culpa. Responda a uma pergunta simples: se você pudesse estar 100% bem agora, você não estaria?

Sim, não é? Pois então pare de achar que é culpa sua, que você não está bem porque não está se esforçando o suficiente ou algo assim. Nem tudo está sob o nosso controle, e reconhecer isso e pedir ajuda é um grande ator de amor a si mesmo. Se uma pessoa querida se aproximasse de você e dissesse: “Olha, não estou conseguindo. Preciso de ajuda”, você responderia “Tudo bem, vou ajudar” ou “É culpa sua, seja forte”?

Química e biologia

Doenças como depressão podem ter causas emocionais, sociais, decorrentes de traumas, entre muitas outras. Mas algo que muita gente desconsidera ou até mesmo desconhece é que elas não afetam somente algo tão abstrato quanto nossos sentimentos.

Tomografias e outros exames de imagem são capazes de mostrar diferenças entre pessoas que sofrem com depressão e aquelas que não sofrem, por exemplo. Então entenda que não é só uma questão emocional, mas também um problema químico e biológico. Ou você vai se culpar por causa de uma doença cardíaca, por exemplo? Não, você usa as medicações, trata e depois volta a ficar bem.

Tenha uma rede de apoio

O início da medicação pode vir com alguns efeitos colaterais e uma fase de adaptação. Por isso, é importante que você tenha deixado algumas pessoas que se importam com você cientes de que vai começar a tomar medicação, para que elas te ajudem, caso seja necessário, e também auxiliem a identificar possíveis efeitos colaterais.

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Além disso, independentemente do problema pelo qual você está passando, ter pessoas que se importam e estão dispostas a trazer afeto, carinho e amor nos momentos de necessidade é fundamental. Por essa razão, garanta que está cercado de gente disposta a ajudar você, se isso for possível.

A psicoterapia vai ajudar

Conversar com nossos amigos e familiares pode ser ótimo para aliviar o peito e desabafar, mas somente as sessões com um psicólogo é que promoverão um ambiente sem julgamentos, no qual você pode se expressar sem sentir receios, vergonhas ou medo de ser mal interpretado.

Além de fazer o tratamento psiquiátrico com a medicação, conversar em terapia vai, inclusive, ajudar você a medir o progresso do tratamento, além de ter, do outro lado, uma pessoa que vai ajudar a calcular e reparar os efeitos colaterais da medicação ou as causas dessa fase ruim que você está vivenciando.

Enfim, não há vergonha nenhuma em precisar fazer uso de medicação para passar por uma fase difícil, em que suas próprias forças não são suficientes. Não se sinta mal por isso e lembre-se de que tudo um dia vai passar, inclusive esse momento delicado. Então use todos os recursos disponíveis para ficar bem, inclusive o medicamento.

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