Autoconhecimento Sagrado Feminino

Mulheres que correm com os lobos: por que você deve ler esse livro?

Imagem de um anoitecer com um lindo lobo branco e ao fundo a imagem da lua cheia.
Álvaro Pradas / Pixabay
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Com mais de 550 páginas, o livro “Mulheres que correm com os lobos” contém 19 capítulos. Eles apresentam mitos e histórias pesquisados e selecionados de várias culturas, que embasam os assuntos abordados para desvendar ao leitor o arquétipo da mulher selvagem, que, durante milhares de anos, foi “domesticada”.
Se você procura se aprofundar mais sobre a essência da mulher livre, descubra os motivos para ler esse livro que virou um sucesso mundial!

Um livro abre um universo diante de quem o lê. Quando pensamos em Universo, logo a nossa imaginação nos leva ao firmamento, com os planetas, a Terra, a um lugar amplo… Mas esse, de “Mulheres que correm com os lobos”, vai nos transportar para um outro tipo de universo, um bem próximo de nós, porém tão imenso e tão desconhecido quanto aquele – o da mente feminina. Descubra conosco!

Apresentando o livro – “Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem”

Imagem de um penhasco. Uma linda mulher está na beira da montanha olhando para um grande lobo branco que está a uivar.
Hundefan / Pixabay

Com mais de 550 páginas, o livro “Mulheres que correm com os lobos” é apresentado em 19 capítulos. Eles contêm mitos e histórias pesquisados e selecionados de várias culturas, que embasam os assuntos abordados para desvendar ao leitor o arquétipo da mulher selvagem, que, durante milhares de anos, vem sendo “domesticada”.

Após cada história, é incluída a análise arquetípica da escritora, que, ao longo da obra, vai propondo o resgate da essência feminina na sua forma original e selvagem, entendida como primordial. É a essência da mulher livre, forte e capaz de vivenciar os seus princípios e as suas vontades, que explora a sua própria natureza, muito distante das convenções impostas por sociedades patriarcais, conservadoras e misóginas.

Ele foi publicado em 1992 e permaneceu cerca de 70 semanas na lista dos mais vendidos do “The New York Times”, um verdadeiro best-seller, a despeito do volume denso e da complexidade da leitura. Deve-se lê-lo de forma atenciosa e no próprio ritmo individual, preferencialmente realizando os exercícios propostos pela autora ao final de cada capítulo.

É uma obra atemporal, escrita a partir de uma vasta pesquisa da autora Clarissa Pinkola Estés, uma renomada psicanalista junguiana. Ela reuniu a sabedoria ancestral da tradição oral dos contos de fadas à psicologia analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961), médico e psiquiatra suíço, fundador dessa teoria, num trabalho rico e transformador do autoconhecimento.

O título do livro se refere aos lobos Canis lupus e Canis rufus, que, segundo Clarissa, são como as mulheres em relação à energia e ao trabalho, com características psicológicas comuns, como a percepção ativa, um espírito alegre, uma elevada capacidade de dedicação, a intuição, a resistência e a força. Também destaca a natureza comunitária, o cuidado com a família, a capacidade adaptativa, a coragem e a determinação.

Clarissa reúne e analisa os arquétipos ligados à mulher que são nocivos no sentido de fazê-la acreditar na fragilidade, tolhendo a força interior, a autoestima, a criatividade e possibilitando a depressão, o medo e os bloqueios psicológicos.

Motivos para ler “Mulheres que correm com os lobos”

O primeiro motivo é conhecer o pensamento e a abordagem da autora, uma mulher que corre com os lobos. Clarissa se formou em Psicologia e Psicoterapia pela Colorado Heights University em 1976. Tornou-se doutora em Psicologia étnico-clínica pelo Union Institute & University, em Cincinnati, com foco na história indígena e em padrões psicológicos e sociais de grupos e de culturas tribais em 1981.

Concluiu pós-doutorado pela The Inter-Regional Society of Jungian Analysts, na Suíça, em 1984. Atuou como psicanalista especialista na recuperação pós-traumática em locais de desastres naturais e massacres entre os anos 1993 e 2003 e ensinou escrita criativa em várias prisões dos Estados Unidos.

O livro “Mulheres que correm com os lobos” é um excelente instrumento de resgate da força, do instinto e da intuição mais profundos da mente feminina, perdidos no fim das sociedades matriarcais onde o sagrado feminino era valorizado. Segundo a autora, para dar lugar às sociedades patriarcais e controlar a sexualidade e a força feminina, o arquétipo selvagem da mulher foi cerceado.

É impossível não ter uma autoidentificação em algum momento do livro. Tanto mulheres quanto homens se deparam com a mulher que conhecem ou um dia conheceram, as avós, as mães, as irmãs, as amigas, etc.

As histórias, mitos, contos e lendas de várias partes do mundo que compõem o livro “Mulheres que correm com os lobos” são uma estratégia poderosa para mostrar como as mulheres conectadas à própria natureza e ao modelo de liberdade e de amor-próprio emergem da superação ao condicionamento social e cultural. Assim resgatam a sua essência adormecida para vários assuntos, como autoconhecimento, amor, sexualidade, perdão, criatividade, cuidado, vida, morte, renascimento e tantos outros.

O reconhecimento da própria identidade, sem máscaras e artifícios que fazem a mulher ser aceita socialmente, são abordados no livro e colaboram para que as mulheres se libertem do desejo de agradar para dar lugar ao desejo de se agradar, permitindo relações mais verdadeiras.

Ao ler “Mulheres que correm com os lobos”, vamos encontrar um caminho para superar o medo de perder o controle, ouvir a voz da intuição e desobstruir a autoconfiança. A obra permite ainda, acessar os aspectos indesejáveis da nossa personalidade, as nossas feridas. É possível tomar contato com a própria história e aceitar a oportunidade de transformação que até o final do livro se vai conseguindo. A leitura é revolucionária!

“Mulheres que correm com os lobos” e o que significa quando o sangue está escuro

Imagem de um lindo lobo marrom e uma jovem mulher ao lado dele. Está nevando e a garota está segurando um patins para uso na neve.
Sarah Richter / Pixabay

Buscar o autoconhecimento e a evolução significa identificar as próprias sombras e atuar nas profundezas mais obscuras e, às vezes, dolorosas, desafiando-se com coragem para fazer surgir a força do amor-próprio, a própria salvação. Esse é o contexto oculto no conto “O Barba Azul”, de Charles Perrault, integrante do livro “Mulheres que correm com os lobos”.

No conto “O Barba Azul”, resumidamente, um conde muito rico, apelidado com o nome do título, já havia se casado anteriormente, e suas mulheres haviam desaparecido sem que ninguém soubesse do paradeiro delas. Casado com uma moça ingênua, ele decide viajar e entrega à esposa as chaves do castelo onde moram e lhe permite que convide seus irmãos para ficar com ela.

Tomada pela curiosidade para conhecer todo o local, junto com as irmãs mais velhas, ela vai testando as chaves e intuitivamente encontra o aposento da menor e mais diferente chave de todas. Ao abrir, entretanto, se depara com os restos mortais das ex-esposas do marido.

Mesmo depois de trancar a porta, ela percebe que a chave não para de jorrar sangue vermelho-escuro. O marido, retornando de viagem, descobre o que a moça encontrou e, enfurecido, espera que ela se prepare para a morte. Ela, aparentemente, a aceita com resignação.

O conto é cheio de simbolismo: o que significa quando o sangue está escuro na chave que o jorra sem parar, assim como no cômodo que a protagonista encontra, e que suja o seu vestido? Quando o sangue está escuro, ele representa, na análise arquetípica, a consciência que, uma vez acessada, não tem mais como retroagir e chama à tomada de decisão.

Quando o sangue está escuro no contexto da história, ele domina o quarto, a chave, o vestido, o guarda-roupas. Assim como a consciência que se expande. A protagonista inicia um processo de amadurecimento e perde a ingenuidade sobre as amarras impostas à sua força interior, passa a fazer uso pleno de sua inteligência e enxerga a verdade sobre o seu predador, que, embora seja personificado pelo Barba Azul, também representa tudo o que a impede de perceber a sua natureza de liberdade e de poder. Ela passou por uma iniciação.

O que está contido no sangue vermelho-escuro?

No livro “Mulheres que correm com os lobos”, a autora analisa o arquétipo feminino selvagem oculto no conto “O Barba Azul” e esclarece o que contém no sangue vermelho-escuro que verte da chave, alertando para o fato de que ele representa a lembrança da descoberta do que aprisiona, padroniza e inibe o poder da mulher selvagem. Ele comprova que a tomada de consciência foi iniciada, é visível e incontrolável, já houve um processo de compreensão permitido pelo questionamento e pelo amadurecimento.

Foram feitas as perguntas adequadas, cujas respostas estão contidas no sangue vermelho-escuro: O que eu sei sobre mim que prefiro não saber? O que em mim já não vive mais? O que só aparenta ser, mas não é de fato? Quais são as minhas fragilidades reais, que, nas sombras ou na escuridão da minha consciência, são, na verdade, as minhas forças?

O autoconhecimento e a clareza das potencialidades é o que está contido no sangue vermelho-escuro. Nele está a sabedoria sobre tudo o que a sociedade patriarcal foi cerceando da mulher ao longo do tempo: a intuição, a força, a astúcia, a justiça e a bondade na medida de não ser tola nem perder a afetividade.

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Aqui trouxemos apenas alguns aspectos do maravilhoso trabalho feito no livro “Mulheres que correm com os lobos”. Se você deseja um despertar da mulher selvagem que encara com coragem a sua evolução, de forma livre, numa jornada de respeito à própria natureza e individualidade, essa é uma boa oportunidade. Encante-se pela possibilidade de expansão da consciência! Corra com os lobos, forte e fiel à sua verdadeira identidade.

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