Autoconhecimento Psicanálise

Perdão

75993321 - afro-american couple going through hard times in their relationships. guilty unfaithful young man keeping hands pressed begging his angry wife to forgive him for infidelity, trying to sweet talk her
Escrito por Ana Racy

Perdão… Qual o real significado dessa palavra tão falada, tão ouvida, tão difundida e, ao meu ver, tão pouco praticada?

A palavra perdão tem sua origem no latim “perdonare”. Uma junção de “per-” (total, completo) + “donare” (dar, entregar, doar). Ao ligarmos essas palavrinhas, encontraremos uma forma de nos tornarmos seres melhores. A prática do perdão exige doação, uma doação de amor. Ou seja, a compreensão é necessária para perdoarmos uma pessoa.

Percebo que muitas vezes as pessoas dizem que perdoaram alguém explicando que já esqueceram o fato. Será realmente possível “esquecer” alguma coisa que nos tenha feito sentir magoados ou ofendidos?

É preciso lembrar que tudo que acontece em nossas vidas é registrado pelo nosso cérebro e não temos como apagar aquilo que fica ali registrado. Mas existe um mecanismo chamado recalque, que usamos com certa frequência para nos defender daquilo que nos magoa. O mecanismo consiste em mandar para o inconsciente o fato que nos magoou, e aquilo que fica lá “guardado” parece que está esquecido. O ponto é que não podemos esquecer das coisas, mas podemos tirar a emoção daquilo que nos incomodou. É aí que entra a compreensão. Compreendermos que cada um faz o que pode, buscarmos os motivos pelos quais a pessoa agiu daquela maneira. Será que ela está passando por algum problema? Ainda que aquilo que a pessoa fez não nos agrade, tiramos o foco da nossa mágoa e passamos a olhar para o outro. Isso significa que saímos do nosso egocentrismo e começamos a entrar na prática da empatia.

Mas quando e por que precisamos perdoar alguém?

Ou seja, lembraremos do fato e não sofreremos com ele. É claro que parece mais fácil falar do que fazer, mas é preciso começar por algum lugar em algum momento. Será que esse é o momento certo? Sim! Afinal, estamos nos dando a oportunidade de ler o artigo, refletir e está em nossas mãos dar início ao exercício do perdão. Além do mais, a hora é sempre agora, quando realmente queremos fazer alguma coisa.

Mas quando e por que precisamos perdoar alguém? Usamos do perdão quando nos sentimos ofendidos por alguma coisa. A mágoa, o rancor e as ofensas roubam nossas energias e podem nos fazer adoecer. Esses sentimentos podem gerar raiva, entre outras coisas, e a raiva fará mal a quem senti-la em primeiro lugar. Isso significa que estamos prejudicando a nós mesmos, adoecemos física e emocionalmente. Perdoar não apaga o fato ocorrido, mas, como dito acima, faz com que recuperemos o bem-estar e a paz.

Muitos podem dizer que somos bobos por termos sofrido um mal e perdoarmos quem o fez. No entanto, é importante lembrar que somos responsáveis pelas nossas atitudes. Se desejamos, de fato, nos tornarmos pessoas melhores, nessa hora podemos refletir de que lado preferimos estar: no de quem magoa ou no de quem foi magoado? No lado de quem perdoa ou no de quem precisa ser perdoado?

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Madre Teresa tem um texto lindo que tem alguns dos dizeres abaixo:

“Muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas. Perdoe-as assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo. Seja honesto assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo.

No final das contas, é entre você e Deus. Nunca foi entre você e as pessoas”.

Que possamos refletir e escolher o lado no qual queremos estar no nosso processo evolutivo. Portanto, boas reflexões e o amor necessário para que esse ato possa germinar e florescer no coração de cada um de nós.

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br