Você sente aquele aperto no peito que vem com a raiva… Em seguida, a vontade de gritar, de impor a sua voz ou, às vezes, até de partir para a agressão física. Essa é a raiva, esse sentimento que se apossa de nós quando nos vemos diante de uma situação que nos deixa inconformados, revoltados, magoados, feridos ou diante de alguma injustiça, entre outras situações.
O “problema” é que, para muitas pessoas, esses momentos em que precisamos nos mostrar “durões” e valentes vêm acompanhados daquela sensação de a garganta se comprimir e de lágrimas brotarem dos olhos. Afinal de contas, por que choramos quando estamos com raiva?
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Afinal, por que choramos quando estamos com raiva?
A primeira coisa que devemos entender sobre esse fenômeno é que a raiva inclui muitas emoções, entre elas a sensação de injustiça, de traição, de rejeição e de humilhação. Ainda que pensemos em agressividade quando falamos sobre raiva, a verdade é que a agressividade é uma espécie de resposta àqueles sentimentos negativos que nos fizeram ter esse sentimento.
Portanto podemos dizer que tristeza e raiva caminham lado a lado, já que a raiva normalmente surge a partir da tristeza, como um mecanismo de defesa àquilo que nos magoou, feriu ou nos deixou inconformados e revoltados.
Segundo consenso entre neurologistas e psicólogos, o choro é uma característica exclusivamente humana, isto é, verter lágrimas pelos olhos, numa demonstração visual de tristeza, é uma atividade que apenas nós, seres humanos, fazemos. E isso acontece porque o choro é um sinal de que estamos pedindo socorro e demonstrando a outras pessoas que precisamos de ajuda, o que pode provocar nelas empatia, para que venham em nosso socorro.
Podemos afirmar, portanto, que o choro de raiva é uma reação a duas coisas: em primeiro lugar, à tristeza, que é, afinal de contas, aquilo que causou a raiva; em segundo lugar, é como um pedido de socorro, para que as pessoas que estão vendo nossas lágrimas venham em nosso socorro.
Choro de raiva e suas substâncias
Mas o choro de raiva é uma coisa ruim? Para além da sensação de humilhação e de ainda mais raiva que ele pode trazer, o choro de raiva não é todo ruim, porque ele libera duas substâncias, a ocitocina e a prolactina, que têm como principal função diminuir a frequência cardíaca após o fim de uma experiência estressante. Podemos dizer, portanto, que esse choro é uma resposta do seu corpo para que você se acalme.
Mas sabemos que o choro pode ter duas principais reações: você pode se sentir mais calmo e relaxado caso seja confortado e acolhido quando chora, mas pode se sentir ainda mais agredido, humilhado e raivoso se o choro te causar ainda mais constrangimento numa situação que já vinha sendo suficientemente constrangedora.
Quais são os outros efeitos físicos da raiva?
Além do choro, que pode acometer algumas pessoas nesses momentos, há outras sensações físicas que comumente se abatem sobre nós quando nos vemos em situações nas quais sentimos raiva. Confira as mais comuns:
• Temos a sensação de calor e de rubor, responsável por fazer com que fiquemos com o rosto avermelhado.
• A frequência cardíaca e a pressão arterial aumentam consideravelmente.
• A glândula pituitária, o hipotálamo e a amígdala produzem, conjuntamente, ondas de cortisol e de adrenalina, que são responsáveis por causar o estresse.
• O excesso cortisol também faz com que a nossa memória de curto prazo atue com dificuldade; por isso, é normal que tenhamos dificuldade de recordar aquilo que dissemos durante um bate-boca acalorado.
• A boca fica seca e as palmas das mãos suam excessivamente, apesar de ficarem resfriadas, o que dá a sensação de “suor frio”.
Analisando todos esses sentimentos, pode-se “calcular” o quanto um período muito logo de irritação ou raiva pode fazer mal para o corpo a longo prazo, não é mesmo? Portanto evite manter esses sentimentos em seu coração e tente se acalmar ou buscar ajuda o quanto antes, para que a sua qualidade de vida não fique comprometida.
Como controlar o choro de raiva?
Se você costuma chorar quando sente raiva, e isso o incomoda, há algumas coisas que pode fazer para evitar que esse constrangimento aconteça, mas lembre-se de uma coisa: você não pode controlar o seu corpo ou mudar as reações que ele tem diante de certos acontecimentos ou situações. Se você costuma chorar quando isso acontece, aceite as características do seu corpo e não tente lutar contra elas.
Confira algumas coisas que você pode fazer para evitar chorar nos momentos em que fica com raiva:
1. Afaste-se: a primeira coisa que você deve fazer quando começar a se descontrolar emocionalmente diante de alguém ou de uma situação é se afastar do que está lhe fazendo mal. Ao se ver longe do que o deixa estressado ou sentindo raiva, é normal que o corpo vá se acalmando e voltando ao normal.
2. Entenda o que o estressa: o que tira você do sério? Quais palavras, situações, pessoas e discussões fazem você perder as estribeiras? Ao entender aquilo que causa estresse, mágoa ou raiva em você, será possível evitar estar próximo a essas situações, impedindo que esses tipos de sentimentos façam você passar por situações desgastantes e constrangedoras.
3. Resolva problemas: alguma pessoa estressa você? Há alguma situação que, só de você pensar, já causa estresse? Procure resolver esses problemas. Converse com as pessoas com quem você não se dá bem e encare os problemas. Muitas vezes, a única maneira de não passar raiva é resolver a situação o quanto antes.
4. Faça terapia: quando não nos conhecemos, ficamos mais suscetíveis a acontecimentos e pessoas que nos magoam, estressam e nos deixam irritados. Quando conversamos com um psicólogo regularmente, começamos a entender nossos traumas, nossas necessidades e nossas emoções, o que nos ajuda a passar menos estresse e tristeza na vida.
5. Trabalhe sua inteligência emocional: não chamamos de “maduras” as pessoas que conseguem lidar com problemas sem perder as estribeiras? Isso é inteligência emocional. É claro que parte dela vem da vida e de passar pelas experiências que ela nos proporciona. Mas há livros que podem ajudar você, como, por exemplo: “Vivendo a Comunicação Não Violenta”, de Marshall Rosenberg; “Ser Bom Não É Ser Bonzinho”, de Cláudio Thebas; e “Conversas Cruciais: Ferramentas para Falar Quando as Apostas São Altas”, de Kerry Patterson, Joseph Grenny, Ron McMillan e Al Switzler.
6. Peça desculpas: quando você discutir ou for parte de um problema com alguém, aproxime-se e peça desculpas depois do acontecido. Faça ficar tudo bem. Isso vai treinar o seu cérebro para entender, nos próximos estresses, que não há motivo para lágrimas e desespero, porque tudo fica bem no final.
7. Controle a respiração: quando sentir as lágrimas brotando ou impulsos agressivos surgindo, controlar a respiração é uma ótima forma de evitar descontroles emocionais. Quando nos concentramos em nosso fluxo de ar, abaixamos a temperatura corporal, liberamos a tensão muscular e regulamos o sistema nervoso autônomo.
8. Beba água: quando passamos por situações de estresse, nosso corpo tende a se desidratar, daí a sensação de boca seca e de suor frio. Ingerir água nesses momentos abaixa o cortisol inferior, responsável pelo sentimento de raiva e estresse, aumenta o estado de alerta, diminuindo a chance de imprudências, e abaixa a frequência cardíaca, promovendo a tranquilidade.
9. Vá caminhar: a movimentação ajuda a aliviar a necessidade de gastar energia e de se movimentar que vem com a raiva. Por essa razão, sair para fazer uma caminhada ou até mesmo uma corrida pode ajudar a evitar o descontrole emocional.
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10. Tome um banho quente: uma chuveirada quente relaxa o corpo e a mente. Aproveite para inspirar longamente o vapor da ducha, o que vai ajudar o seu corpo a se sentir cada vez mais calmo e controlado.
E aí, desvendou o mistério das lágrimas nos momentos de raiva? Como você pôde ver, não há nada de errado nisso, porque é apenas uma reação natural do seu corpo. Apesar disso, se o choro te causa problemas e constrangimentos, siga nossas dicas para evitar lágrimas nesses momentos e esteja sempre tentando aprimorar a sua inteligência emocional para evitar situações como essa.
