Esse é um texto sobre pequenas pausas. Começo revelando algumas coisas que escrevo em meu diário. Toda manhã, sento-me em minha mesa de trabalho e, serenamente, escrevo o cabeçalho: a cidade onde moro, o dia da semana e a data. Tudo com capricho e por extenso. Este simples ato repetido diariamente me dá um sentimento de ordem, ponho os pés no chão e traço um roteiro dos afazeres do dia. Anoto também as ideias, alguns trechos de falas que escuto em entrevistas, esboços de projetos e anotações de pequenos acontecimentos da vida diária, como a quilometragem da caminhada naquele dia.
O ponto alto fica por conta dos versos e frases afirmativas. São pequenos textos que me ajudam a ultrapassar a mania da mente de pensar sempre o pior. “Eu trago serenidade em mim, em mim mesma, eu trago as forças que me fortalecem”, verso de Rudolf Steiner e “Hoje é outro dia precioso sobre a Terra. Vamos vivê-lo com alegria”, são dois fragmentos dos meus textos favoritos preferidos para escrever logo abaixo do cabeçalho.
Às dez horas, ainda pela manhã, torno a me sentar e faço outra pequena pausa. Escolhi este horário juntamente com minha mãe e irmãs. Assim, como moramos muito distantes umas das outras, estaremos momentaneamente juntas. Chamamos este encontro de “A hora do Anjo”. Nele, pensamos na nossa família e, de um pequeno baralho com desenhos de anjos e qualidades escritas, retiramos o “Anjo do dia”. Hoje saiu “O Anjo da Bondade” que traz a afirmação: “Sou uma fonte livre e imensamente poderosa de vida e bondade.” Medito sobre ela e procuro trazê-la para enriquecer o meu dia. Fecho com uma oração, pedindo ao Anjo da Guarda de nossa família que zele por nós.
Pequenas pausas, principalmente com hora marcada, são especiais para nos tirar do frenesi diário e criar um movimento contrário à solicitação externa. Nesses tempos de vitrines digitais, tevês e outras coisas que nos levam a estar com a atenção fora de nós por mais tempo, é sempre bom olhar um pouquinho para dentro.
Outra pausa que admiro é a harmonização antes das refeições. Um momento de silêncio já basta. Se vier acompanhado de um verso ou de uma oração, melhor ainda. Aqui em casa, quando temos crianças à mesa, cantamos: “Terra, que esses frutos deu. Sol, que os amadureceu. Nobre Terra, nobre Sol, jamais os esqueceremos”. Estes versos de Christian Morgenstern já receberam diversas melodias. Eu tenho a impressão de que esta pausa antes de atacar influencia até na formação da saliva e do suco gástrico. É o silêncio e a atenção facilitando a digestão e ordenando a vida.
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Estou partilhando estas coisas simples e ingênuas do meu cotidiano, porque elas me ajudam a manter o equilíbrio e a tentar permanecer saudável e ativa. Espero que a minha experiência possa ser inspiradora na procura de meios de aumentar a potência do simples viver.