É simples: se você vai empreender junto com alguém, o mínimo que deve existir é um acordo claro, por escrito. E não estou falando de desconfiança, estou falando de responsabilidade.
Já vi boas ideias virarem dor de cabeça. Já vi amigas se afastarem, projetos promissores ruírem e conversas terminarem em silêncio. Não por maldade. Mas por falta de estrutura, de conversa séria e de organização básica.
Ter afinidade com alguém não é o suficiente para fazer uma parceria dar certo. Gostar da pessoa, admirar o trabalho dela ou sentir que há uma conexão bonita entre vocês também não é. Isso pode até inspirar o começo, mas não sustenta a prática.
O que sustenta um projeto conjunto é clareza. Papel assinado. Tarefa dividida. Expectativas alinhadas desde o início. Quem faz o quê, quando, como, com que recurso, com qual responsabilidade.
Se vai haver venda, como o dinheiro será dividido? Quem responde por cada parte? O que acontece se uma quiser sair no meio do caminho? Vai ter reembolso? Vai ter uso do material depois? Vai ter prestação de contas? Tudo isso precisa estar definido, de preferência por escrito e assinado. E não adianta pensar nisso só quando o problema aparece. Tem que ser antes.
Não é porque você trabalha com cura, energia, sensibilidade ou espiritualidade que pode deixar o profissionalismo de lado. Espiritualidade e maturidade andam juntas. Responsabilidade também é energia.
Quem não cuida disso no início está empurrando para frente uma confusão que, mais cedo ou mais tarde, vai estourar. E quando estoura, vira desgaste emocional, mágoa e até vergonha de ter começado algo que não tinha estrutura.
Se o projeto é sério, trate como sério. Parceria não é brincadeira. Não é favor. É trabalho. E trabalho exige compromisso. Exige documento. Exige conversa difícil, se for preciso. Porque parceria não é só quando está tudo fluindo. É também quando as coisas apertam, quando dá erro, quando precisa decidir o que ninguém quer decidir.
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Fazer contrato é um ato de respeito. Por você. Pela outra pessoa. Pelo tempo e energia que ambas vão investir. Se você tem medo de formalizar, talvez precise se perguntar por quê. Talvez a empolgação esteja maior que a maturidade. Talvez o medo de parecer “dura demais” esteja sabotando sua clareza. Mas acredite: é muito mais duro ter que resolver depois o que poderia ter sido evitado no começo.
Você pode ser gentil, empática e ter um coração enorme. Mas, se quiser empreender com saúde, vai precisar aprender a colocar limites e deixar tudo bem definido. Parceria consciente começa com responsabilidade compartilhada. E a responsabilidade começa no papel.