Saúde Integral

Técnicas que vão te ajudar a dominar o seu cérebro

Representação de um cérebro sendo segurado por uma mão
peshkov de Getty Images Canva
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Não sabemos muitas formas de hackear computadores porque não somos bons com números. Nós, do Eu Sem Fronteiras, somos bons em lidar com a vida, então te apresentamos agora alguns truques que vão mexer com seu cérebro, ajudando-o a mudar a sua realidade e a vida dos outros. As dicas vão desde parar de sentir a dor da tosse até aprender a ser mais atraente para o sexo oposto. Anos de experiência agora estão à sua disposição:

Se você pensar menos no futuro, estará pensando melhor sobre qualquer coisa

Considere as palavras passado, presente e futuro. Perceba a diferença entre “Maria está na padaria comprando pão” e “Maria vai na padaria comprar pão”. Existe um grande abismo entre pretender e estar efetivamente fazendo algo, o que é essencial. Pode ser surpreendente, mas alguns idiomas não tem o tempo futuro, isto é, apenas o presente e o passado são usados para a formação de frases. Em mandarim, por exemplo, é normal dizer “Maria padaria comprar pão”. Sim, nenhum chinês vai achar isso estranho.

Pode-se pensar que as pessoas fluentes nesses idiomas não tão comuns a nós, ocidentais, podem se confundir ao tentar entender o tempo da forma como o entendemos, mas a questão é que quem fala esses idiomas em que o futuro não existe ou pode ser ignorado tomam melhores decisões, quando comparados àqueles que não tem usam tipo de linguagem.

Por exemplo: um estudo feito por Keith Chen da Yale Business School analisou os dados de 76 países, abordando assuntos como economia, fumo, prática de exercícios físicos e saúde em geral. O resultado surpreendente foi que as culturas em que não existe o tempo futuro tomam melhores decisões, tanto sobre a saúde quanto sobre a vida financeira, em comparação a todas as outras culturas. Na realidade, foi descoberto que os falantes de línguas com mais tempos verbais, como o inglês, guardam 30% menos de dinheiro. Pensa-se que essas pessoas, a quem chamamos de untensers, veem suas vidas mais como um todo, não como um cronograma. Portanto, eles são automaticamente mais conscientes sobre como suas decisões irão afetar seus futuros do que nós, selvagens. Estranhamente, parece que essa realidade faz com que vejamos o futuro como algo distante, longe do nosso dia a dia, fazendo com que fiquemos mais propensos a comprar um segundo Xbox só porque o primeiro está se sentindo sozinho.

Untensers tem uma vida conscientemente mais saudável, aguentam firme por um bom tempo, são saudáveis e vivem mais. Eles sabem deixar o passado para trás e veem o futuro como um planeta distante, onde as consequências não são inteiramente compreendidas.

A música muda sua forma de perceber o tempo

Música, aquela coisa que você ouve enquanto está na espera de um telefonema da sua agência bancária, não está ali por acaso. Ela é usada especialmente para reduzir o tempo que você perde esperando alguma coisa, já que a arte te deixa menos propenso a se entregar à raiva. Outros lugares que envolvem a espera, como consultórios médicos, usam um truque similar. Essa técnica é uma das preferidas da maior parte das lojas de varejo. Esse é o motivo de você dificilmente entrar num shopping, supermercado ou numa loja de roupas, e não sair de lá dizendo: “Nossa! Eu realmente passei tanto tempo aqui?!”.

Desenho de cérebro em céu azul e roxo
Urupong de Getty Images / Canva

Como funciona?

Para entender exatamente por que a música provoca esse efeito, pense no cérebro humano como um leão-da-montanha comendo um saco de dinheiro. Não importa como os tratadores tentem distraí-lo — comida, objetos brilhantes ou um par de gritos — tudo que importa é que eles estão dando seu melhor para se esgueirar e recuperar o dinheiro, enquanto o leão está decidindo quem vai comer primeiro.

Da mesma forma, quando seu cérebro está constantemente distraído, você se sente menos tentado a notar os detalhes ao seu redor, inclusive a passagem do tempo. Nossos cérebros têm um limite e quando algo excede essa capacidade, pensamos menos em “fiquei 4 horas na fila para conseguir um autógrafo” ou “eu realmente preciso de um despertador do Garfield?”.

Porém esse fenômeno também funciona de forma oposta. Em algumas situações, ouvir música pode realmente aumentar a nossa percepção do tempo. Por exemplo: ouvir música enquanto realizamos atividades que pedem a nossa concentração nos faz subestimar o tempo que passou. A teoria é que a mente troca a concentração entre a tarefa e a música, formando eventos “separados” e memórias distintas. Quando seu cérebro pensa no que você esteve fazendo na última hora, você se lembrará mais desses eventos e perceberá que esse período foi realmente longo. Experimentos têm mostrando que o tempo também parece durar mais quando ouvimos músicas que não gostamos.

Quando ouvimos os acordes da introdução de uma música, nosso cérebro lembra a música toda e começa a “tocá-la” junto, automaticamente. Essa falsa música mental é extremamente vívida, já que trabalha as partes do cérebro que a música real realmente trabalharia. Logo, o efeito é que você vive a música toda antes de voltar à realidade e perceber que ainda precisa que ouvi-la inteira, no “mundo real”.

Mude a realidade de uma situação mudando a forma como você fala

Provavelmente você já notou que pequenas mudanças no modo de falar podem mudar a opinião dos outros. Durante o The Health Care Debate, realizado nos Estados Unidos, em 2010, por exemplo, quatro organizações separadas conduziram pesquisas para revelar a porcentagem de americanos que apoiava uma espécie de “opção pública”. Os resultados variaram de 44% a 66% de apoio, devido, em grande parte, às diferenças do discurso. Quando o projeto apresentado às pessoas foi chamado de “plano de seguro-saúde administrado pelo governo — algo como a cobertura da Medicare que atende pessoas de 65 anos ou mais”, a medida recebeu 66% de apoio. Quando foi denominado “um plano de seguro saúde administrado pelo governo”, o apoio caiu para 44%. Já usando a denominação “apenas aquilo que Mussolini gostaria de ter conseguido”, o percentual de apoiadores despencou drasticamente para 2%.

Você pode pensar que foi uma porção de pessoas que só não entendiam realmente como o sistema funciona (“Eu disse que queria Medicare, não GOVERNO!”), mas aqui vemos como o cérebro pode manipular cada diferença no discurso, independentemente do seu nível de conhecimento.

O quê? Como?

Noutro estudo, psicólogos sociais enviaram pesquisas para vários eleitores antes de uma eleição. Metade dos participantes foram questionados se era importante votar. A outra metade foi questionada se era importante ser um eleitor. Com essa única diferença, as pessoas que leram a palavra “eleitor” estavam 14% mais propensas a votar na eleição. Os pesquisadores suspeitam que usar a palavra “eleitor” fez com que as pessoas tenham se identificado. Quanto mais essas pessoas se considerassem eleitores, mais estariam propensas a agir como tal, exercendo o voto.

Por outro lado, usar a palavra “votar” parece ter implicado numa ordem para que as pessoas cumprissem uma tarefa. Ainda que a resposta fosse “sim” para essa pergunta, eles não fizeram nenhuma associação com a palavra (isto é, eles não eram eleitores, apenas estava seguindo uma ordem para votar), então se sentiam menos propensos a seguir o que era proposto. Um discurso era sobre uma ação simples, o outro era sobre ser um tipo de pessoa.

Você tem sido manipulado dessa forma durante a sua vida toda, mas agora pode começar a usar o mesmo truque. Em vez de perguntar ao seu amigo se ele pode te ajudar com a mudança, pergunte se ele não quer participar de uma iniciativa para apoiar a comunidade. Não peça ao policial para aliviar a multa por excesso de velocidade, pergunte se ele não quer estimular a economia local por meio de uma quebra altamente direcionada de imposto de classe média. Encontrar seu caminho é mais fácil quando você aprende a fazer as palavras trabalharem a seu favor.

A música te deixa mais forte

Menino ouvindo música de costas
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Não é novidade nenhuma que as pessoas preferem ouvir música quando se exercitam. Mas o som não faz apenas a atividade física ser mais prazerosa — ela faz com que sua performance seja melhor. Quando as pessoas ouvem música, são capazes de segurar peso por mais tempo do que segurariam se estivessem em silêncio. Elas também conseguem completar corridas de alta velocidade em menos tempo e são capazes de reduzir o oxigênio consumido.

Como funciona?

Parecido com a forma de perceber o tempo que mencionada anteriormente, um fator é a velha e simples distração. Obviamente, se a sua mente está ouvindo música, ela não estará pensando em como suas pernas doem ou sobre o quanto você tem corrido. Mas há muito mais além disso!

Primeiramente, há a sincronicidade. Quando você combina seus movimentos com o ritmo estável da música, gasta menos tempo e esforço na aceleração e força que está exercendo, quando comparado a momentos em você é quem dita o seu próprio ritmo. A música também aumenta a incidência de estados de “fluxo” — estados de meditação e calma que são essenciais para um atleta e que também estão fortemente ligados a um melhor desempenho.

A música, inclusive, pode te fazer sentir menos dor. Pacientes que escutam música após passarem por uma cirurgia precisam de menos sedativos, dizem sentir menos dor e apresentam baixa pressão sanguínea. E se isso não for impressionante o suficiente, os médicos descobriram que algumas músicas melódicas reduzem expressivamente o estresse em pacientes que passaram por cirurgia cerebral. Em alguns casos, a música fez com que pacientes relaxassem tanto, a ponto de caírem num sono profundo, enquanto pessoas mexiam com terríveis bisturis em seus cérebros expostos.

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Mesmo que você não seja sortudo o suficiente para cair no sono durante uma cirurgia, há uma grande chance de os médicos trabalharem em você enquanto ouvem música, já que a maioria dos cirurgiões acredita que uma boa trilha sonora também ajuda a melhorar o desempenho deles.

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Fechar um olho quando estiver saindo de um ambiente luminoso para um escuro ajuda os olhos a se adaptarem à mudança de claridade.

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