Passei anos me curando. Anos de terapias, medicamentos, acupuntura, mais terapias das mais diversas espécies. A cura foi de uma depressão e de crises de ansiedade, heranças da genética e de uma infância emocionalmente complicada. Hoje, 20 anos depois, a minha vida está caminhando para ser o que eu mais desejei estes anos todos. Ainda não “estou lá” em todos os aspectos, mas é uma questão de tempo.
E, por incrível que pareça, outro dia acordei de manhã e pensei: “Preciso dormir mais e descansar, estou tão cansada!”. Mas aí me dei conta de que, sim, tinha dormido o suficiente. Que meu amor estava ao meu lado, todos ao meu redor estavam bem e com saúde. Minhas finanças estavam em dia, meu trabalho prosperando, realizando sonhos. Espera, eu não estava cansada, estava tudo bem.
Mas, quando cheguei a esse ponto da vida – mesmo que ainda tenha chão pela frente –, bateu um medo. Uma ansiedade estranha, como se fosse bom demais para ser verdade. Me vi parada, sentada na cama, procurando pelo em ovo. Mas aí parei e pensei qual era o medo.
Sim, quem passou anos difíceis, por vezes, não se acostuma com o fácil. É como se não pudesse ser só isso. Como assim, não tem complicação? Como assim, está tudo caminhando na paz? Até o fato de estar em paz dentro de mim me assusta às vezes, e eu estou trabalhando nisso.
É como um estresse pós-traumático. Acontece também com pessoas que passaram por eventos fortes, mesmo que curtos. Perdas depois de doenças que duraram anos. Complicações financeiras, perda de emprego que durou muito tempo. Isso nos faz parar de acreditar no bom e no fácil, e é esse o ponto da mudança.
Não permitir que esses fantasmas do passado tomem vida novamente é um desafio muitas vezes. Simplesmente aceitar o bom e entender que nada é perfeito, mas tudo é o que é. E que, sim, ainda podemos caminhar e melhorar ainda mais as coisas. E ainda podemos realizar muito sonhos, mas nada precisa ser difícil para valer.
Você também pode gostar:
Este é o ponto: não precisa ser tudo difícil sempre para sermos merecedores. Sim, as coisas começam a dar certo quando decidimos parar de nos atazanar e simplesmente aceitamos a vida como ela é. Aceitar nos tira de um estado de alerta constante, e a falta desse estresse é que faz os nossos sonhos acontecerem.
Precisei descansar a minha mente. Entrei em profunda meditação e disse para aquela mulher que se reconstruiu: “Tá tudo bem, eu assumo daqui”. E, desde aquele dia, ainda acordo e vou atrás dos meus sonhos, mas na paz. Sem correr, bem no meu tempo. Sem sobressaltos. Tudo bem estar tudo bem.