Convivendo Dança do Ventre

Tudo mudou de cor entre danças e bordados

Escrito por Nira Lucchesi

Alessandra chegou em minha escola em outubro de 2009, buscando a dança como terapia para a depressão. Quando começou a fazer as aulas, Alessandra não tinha o sonho de ser uma empresária. O envolvimento de corpo e alma com a dança permitiu que seus dons artísticos de artesã despertassem e aflorassem.

Hoje ela continua fazendo as aulas de dança do ventre e também de percussão e diz: “Não consigo ficar sem as aulas, sinto fome de música e dança!”. Mas, preferi que ela mesma contasse sua história de superação. Seu depoimento deve valer para que as pessoas percebam que a dança tem uma ação que vai além do corpo físico, ela pode mudar a vida de uma hora para a outra, basta você acreditar.

Tudo mudou de cor quando a dança do ventre me trouxe vida, na verdade comecei a praticá-la por ser uma sugestão de atividade terapêutica quando iniciava um tratamento para depressão. Na época eu tinha como atividade física a natação, porém, sempre namorei a arte da dança e com a indicação de uma amiga resolvi conhecê-la mais a fundo.

alexandra
“Buscando a dança como terapia” depoimento de Alexandra Maciel

Sempre amei todos os tipos de dança e nelas buscava uma forma de realização, mas foi a dança do ventre que resgatou a minha feminilidade, e isso foi um grande passo, afinal quando nos tornamos mães passamos por um processo em que toda a nossa atenção é voltada para os filhos e esquecemos do nosso corpo.

Foi então através dessa arte que trabalha corpo, alma e coração que encontrei muito mais do que eu procurava, me trouxe amizades novas, carinho, respeito pelas diferenças, auto-estima e o principal que foi resgatar o que estava adormecido em mim. Os movimentos trazem dificuldades, nem sempre o corpo responde ao cérebro, mas com boa orientação e vontade própria não existe obstáculos intransponíveis.

Tudo mudou de cor novamente quando o bem-estar proporcionado pela dança incorporou a minha vida, foi quando em um certo dia eu precisei procurar um vestido para me apresentar em uma festa da escola e os que eu achava não me serviam, resolvi fazer um sob medida e fui muito elogiada por essa escolha.

Por serem difíceis de encontrar meu marido sugeriu que eu fizesse esses vestidos “plus size” e os colocasse à venda. Por minha mãe ser artesã, cresci em meio a trabalhos manuais, e é por isso que acredito na minha habilidade com os bordados e a criação de trajes.

Foi assim que há um ano e meio as ideias começaram a surgir e fui as colocando em prática, sempre atenta as tendências, novos tecidos, modelos confortáveis e produtos de qualidade. Participo de eventos de dança, hoje tenho o meu atelier, e é gratificante saber que as pessoas curtem o que eu faço.

Você também pode gostar

Dificuldades existem tanto para dançar como para produzir uma roupa, mas quando se tem amor de verdade e persistência, as pequenas conquistas são grandes vitórias. Confesso que conciliar as novas atividades de empresária, mãe, esposa, dona de casa e bailarina é trabalhoso, mas convenhamos que viver requer trabalho e hoje eu estou muito feliz.

Recomento a dança do ventre para todas as idades, ela me deu uma injeção de vida nas veias e me trouxe autoconhecimento, além disso, ampliou meus horizontes e toda pessoa que vive bem consigo mesma consegue ser melhor com os que estão ao seu redor. E é assim que vivo, um dia após o outro, com essa transformação do bem para o bem”.

Alexandra Maciel tem 39 anos, é dançarina da dança do ventre e proprietária do Atelier Ale Maciel (atelieralemaciel@hotmail.com)

Sobre o autor

Nira Lucchesi

Bailarina, professora e coreógrafa iniciou na dança do ventre em 1997 com a professora Salua Cardi. Em 2002, começou a ministrar aulas de dança no Espaço Artístico Salua Cardi. Já em julho de 2003 construiu o seu próprio espaço de dança, hoje chamado Espaço Allah Maak de danças árabes, mas apenas em 2007 que iniciou o seu trabalho como coreógrafa em concursos de dança.
Hoje possui mais de 70 títulos com solistas, duplas e grupos. Buscando desde sempre novas experiências, praticou dois anos de dança flamenca com a professora Mariana Trivino Pérez. Além disso, se formou em Dabke feminino, onde junto de seu professor Ahmad Arman e seu grupo foram campeãs da categoria grupo Folclórico no Mercado Persa de 2010. Além da dança, Nira Lucchesi diz que jamais abandonaria o seu projeto de inclusão social, onde em seu próprio espaço recebe com muito amor e carinho as suas alunas portadoras de síndrome de Down.

“Desenvolvo este trabalho voluntariado com o meu grupo Malak há oito anos, sou apaixonada pelos anjos que Deus me mandou e acredito que aprendo cada vez mais com cada uma delas do que elas comigo”.

Espaço Allah Maak de Danças Árabes: Av. Padre Arlindo Vieira, 673
Telefone: 11 2948-4073
E-mail: nira@allahmaak.com.br
Site: www.allahmaak.com.br
Facebook: /nira.lucchesi