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Yoga e veganismo

Yoga e veganismo
galitskaya / 123RF
Escrito por Alessandra Sofia

Há um tempo, existia um pequeno grupo de pessoas alternativas que praticavam yoga, e de repente não comiam mais alimentos de origem animal. Eles eram chamados de “bicho grilo”, muitos os achavam excêntricos.

De uns anos pra cá, com a aproximação do yoga e da medicina e a comprovação dos efeitos da meditação, esses preconceitos vêm sendo desconstruídos. Em paralelo, o veganismo também vem ganhando espaço. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, houve um crescimento de 40% no último ano.

Cada dia mais vemos informações dizendo que este estilo de vida é bom para nós, para os animais e para o mundo. Me perguntam muito se o yogi deve ser vegano ou vegetariano. E eu respondo: Sim! … e não, necessariamente.

Um dos principais resultados do yoga é julgarmos menos, logo, não cabe a mim dizer se alguém é ou não yogi por comer ou não carne. Na literatura do yoga, lemos que a alimentação incluiria apenas o leite, mas é incontestável que naquela época a forma que se adquiria o leite era diferente da atual, trazida pela industrialização.

Então, gostaria de compartilhar aqui o que os yamas e nyamas, que são o primeiro passo da vida yogi, dizem e como podem estar relacionados a uma vida vegana. Existem 5 yamas, que são basicamente preceitos para se viver em harmonia com o mundo ao seu redor.

O primeiro, ahmisa, significa a não violência. Um dos motivos da causa do veganismo é a compaixão com os animais, que não sofrem apenas na hora da morte, mas durante toda sua vida, para chegar ao prato de um onívoro.

A partir do momento em que você recebe esse entendimento, e se você é contra esse sofrimento, se ignorá-lo não estará praticando satya, não mentir, que é o segundo yama – comprometer-se com a verdade de que existe um sofrimento pelo qual somos responsáveis e que o mundo precisa da nossa ajuda para reequilibrar o meio ambiente.

Foto de várias vaquinhas olhando para a câmera.
Robert Bye / Unsplash

Veganos também praticam muito asteya, não roubar, pois eles acreditam que não só a carne do animal, mas também o que ele produz, não nos pertence. Logo, mel, ovo e leite são excluídos também.

Brahmacharya, que significa contenção dos prazeres, nos ajuda a repensar se gostar do sabor desses alimentos é realmente um motivo para não realizar essa mudança. Não quer dizer que não devemos ter prazeres, mas sim que eles não devem estar acima do nosso propósito, e não devemos nos deixar ser controlados por eles.

E o último yama, aparigraha, o desapego, te liberta para um novo estilo de vida, deixar crenças limitantes para trás e acreditar que é possível fazer diferente. Partindo para os nyamas, que seriam 5 preceitos para viver em harmonia com nós mesmos, temos:

Saucha, o primeiro, refere-se à limpeza, pureza. Acredita-se que tudo possui uma carga energética, e se sabendo que aquele alimento gerou muito sofrimento, ao ingeri-lo, essa carga vem junto. Existem também muitos estudos que mostram que o nosso sistema digestivo é comprido demais para receber a carne, então a decomposição deste animal morto acontece dentro de você.

Chegamos ao segundo nyama, santosha, contentamento nas ações. Sempre digo em minhas aulas que as pessoas têm uma visão errada sobre se “contentar”, como se fôssemos ensinados a sempre querer algo a mais do que o que temos, e se contentar “é para os fracos”, mas não, santosha é apreciarmos o que a vida nos traz!

Então, depois de tudo que escrevi aqui, se para você faz sentido o veganismo, é preciso aplicar este nyama para saber que nem sempre vai ter algo para comer onde você vai, e nem sempre os outros vão te entender. E está tudo bem, talvez um dia você também não entendeu, talvez um dia o outro entenda. Talvez não…

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Então, praticamos tapas, que é basicamente disciplina, pois às vezes é difícil, principalmente no começo. Pode ser que você erre ou se sabote, mas a disciplina vai fazer isso tornar-se fácil e natural.

Na vida do yogi, há Svadhyaya, o autoestudo, quarto nyama. Ao aplicá-lo, você começa a perceber os efeitos de uma alimentação mais limpa. Como você se sente e como o seu corpo responde. Então, você não come só pelo prazer, mas para se nutrir, nutrir o seu templo.

Falando em templo, chegamos ao último nyama, ishvarapranidhana, a entrega a Deus. O yogi acredita que a nossa alma é um pedaço de Deus, logo, ao nutrir o nosso corpo, de certa forma estamos fazendo uma oferenda a ele, e que lindo se nesta oferenda não houver dor nem sofrimento.

Além disto, quando alguém compreende a causa vegana e retira a ignorância desse processo, recebe uma certa necessidade de querer “mudar o mundo”. Eu, pessoalmente, vejo neste nyama um certo conforto, pois quando falamos sobre mudança de hábito, a motivação é muito pessoal. O que vale é fazer a minha parte.

Hari Om…

Sobre o autor

Alessandra Sofia

Meu primeiro contato com o Yoga foi aos 20 anos, quando iniciei aulas no estilo Swasthya Yôga. Queria aprender umas posturas diferente e de quebra ficar mais calma, pois estudava Administração e trabalhava muito, estava sempre correndo. Fiz um tempo e parei, por questão financeira.

Aos 23 anos, logo após ter minha primeira filha, fui morar em Jundiaí, queria emagrecer o peso da gravidez e comecei a fazer personal trainer, mas não estava satisfeita.

Foi quando comecei a sentir que minha vida não caminhava para um lugar que fizesse sentido para mim. Resolvi voltar para o Yoga. Consegui uma professora que fosse em casa e me ensinasse enquanto minha pequena dormia. Ela ensinava Hatha Yoga,e me fez conhecer o outro lado do yoga.

Essa parte, abaixo da superfície, que pode mudar a sua vida e a forma como você lida com ela. Entendi que todos aqueles asanas(posturas) tem apenas um objetivo, preparar o seu corpo e a mente para a meditação. E então a meditação te propõe um sentimento de unidade, conecta você à sua espiritualidade. Pra mim, essa consciência me trouxe o sentido da vida, a felicidade.

Então, em 2015, iniciei minha Formação de Professora de Hatha Yoga pelo IEPY (Prof.Marcos Rojo) que possui dupla titulação com a Escola de Kaivalyadhama, na India, centro de excelência em pesquisa e estudos sobre yoga. Em paralelo realizei uma formação de Aerial Yoga, que trabalha anti gravidade através da suspensão do corpo.

Buscando mais auxilio nas práticas tratativas complementares ( holísticas) fiz cursos de Reiki, Meditação, Vedanta, Neurofisiologia da Meditação, Quiropraxia e me formei como Massoterapeuta em 2017.

Em 2017, fiz também um curso especifico de Yoga Asthanga Vinyasa, uma prática de yoga considera forte.

Desde o inicio de 2016 leciono Yoga regularmente, e iniciei recentemente em um projeto de Yoga no Leite, no Hospital Emílio Ribas (Centro de Infectologia).

Hoje, mas do que nunca acredito nos efeitos da prática realizada com regularidade. Não importa o que te faz estender o tapetinho, se é uma dor nas costas, o estresse, uma busca de auto conhecimento ou até por fins estéticos, a própria prática em si, aos poucos te mostra o seu potencial. E ela te surpreende…

“Pratique e tudo virá!” ( Pattabhi Jois)

E continuando este caminho das Terapias Integrativas estou iniciando a formação em Acupuntura também. Acredito que tanto a Medicina Oriental como a filosofia yogi cada dia mais está se aproximando e agregando a medicina atual. Para mim, este é o futuro para o trabalho de uma longevidade saudável!

Hari Om

Aulas particulares e em grupo
Contato: (11) 98399-4491 (WhatsApp)
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