Convivendo

A vida de Marc Chagall vista pelo olhar dos ciclos de sete anos

O artista Marc Chagall.
Reprodução / Saint-Paul de Vence / Canva
Escrito por Dulcineia Santos

Marc Chagall foi um artista excepcional e um ser humano que sobreviveu a duas grandes guerras. Ao ler sobre sua vida, fiquei bastante impressionada com o quão ativa foi sua vida na maturidade: além de suas pinturas, as quais o fizeram famoso, também descobriu os vitrais, aos 70 anos, e os pintou magistralmente.

Como podemos ver os setênios (períodos de sete anos) marcados na vida desse grande ser?

Primeiro setênio (0-7) – “O Mundo é Bom”

O quadro "Maternidade", produzido em 1954. Este quadro pertence a Marc Chagall.
Reprodução / Middle Way Society

Chagall nasceu em 1887, em uma família judaica de origem humilde, sendo o mais velho de nove filhos. Foi educado em uma escola religiosa. Seu trabalho é amplamente influenciado por sua vida religiosa e pela vila em que nasceu e onde esteve confinado, devido à sua origem judaica. Seu biógrafo diria que, apesar de ter se tornado um artista internacionalmente conhecido, o escopo de sua obra nunca ultrapassaria as lembranças das paisagens da sua cidade.

Segundo setênio (7-14) – “O Mundo é Belo”

Além dos setênios, vivemos vários outros ciclos. O ciclo jupiteriano, por exemplo, tem 12 anos. Normalmente nessa fase, ou próximo a ela, o pré-adolescente pode ter um vislumbre de sua vocação. O ciclo jupiteriano tem a ver com a criatividade, a profissão e, também, com a expansão.

Aos 13 anos, Chagall foi enviado para a escola secundária russa. Foi lá que, ao ver um colega desenhando, teve uma epifania, e, seguindo seu conselho, passou a copiar figuras de livros.

Chagall foi incrivelmente impactado pela beleza, tão importante nesse setênio, e a replicou na sua vida, por meio de sua arte.

Terceiro setênio (14-21) – “O Mundo é Verdadeiro”

O nodo lunar, que ocorre aos 18,5 anos, é uma oportunidade para se reavaliar a própria trajetória, deixando para trás o que não serve mais e recalculando a rota.

Nessa ocasião, Chagall começa a estudar pintura, mas não se sente identificado com a escola, tendo mudado alguns meses depois.

Ali, seu mentor passa a sugerir que ele abrace sua ancestralidade, incorporando-a em sua arte.

Reproduzir em sua arte sua “verdade” foi a chave para o sucesso do artista.

Quarto setênio (21-28) – “Centauro”

Uma fotografia de Chagall e Bella.
Reprodução / Ás Na Manga

No setênio em que o homem se funde com a experiência, Chagall conhece Bella Rosenfeld, que se tornaria sua musa e, aos 28 anos, sua esposa.

Muda-se para Paris e conhece também Picasso, que afirmou que, depois de Matisse, Chagall era o único que realmente entendia de cores. Disse: “ele deve ter um anjo na cabeça”.

Em 1914, aos 27 anos, com o estouro da Primeira Guerra Mundial, fica em sua cidade natal, já que as bordas haviam sido fechadas. Decide ficar famoso para ser aceito como marido de Bella, já que seus pais se preocupavam com como ele iria sustentá-la. Começa a pintar imagens mais bucólicas, e seu trabalho ganha visibilidade.

Quinto setênio (28-35) – “Cavaleiro”

Nesse setênio, o homem quer saber como o mundo está organizado e como ele próprio deve se organizar. Quer fazer o contrário do que fez dos 21-28: se viajou, quer agora criar raízes.

Chagall casa-se, aos 28 anos, e instala-se em sua cidade natal. Mesmo com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Guerra Civil Russa continuava, e Chagall e sua família, que agora incluía um filho, passaram por muitas dificuldades financeiras.

Sexto setênio (35-42) – “Andarilho”

Chegamos à “metade” da vida, a idade de 35 anos, quando, então, nada acontece a não ser que o indivíduo seja motivado internamente, e a não ser que ele mesmo se mova para fazer acontecer.

Por ocasião do segundo nodo lunar, temos novamente a oportunidade de revisar a vida e escolher um novo caminho. Aos 36 anos, Chagall escolhe voltar para Paris.

Sétimo setênio (42-49) – Espelha o setênio de 14-21

O quadro "Violinista Verde", pertencente ao artista Chagall.
Reprodução / 1000museums

A verdade experienciada na adolescência agora toma um aspecto pessoal, e o mote passa a ser: ser “verdadeiro comigo”.

A missão de vida começa a aparecer mais fortemente e tem a ver com essa motivação intrínseca que apareceu no setênio anterior, quando a vida não está mais sendo tão fortemente determinada pelas circunstâncias externas.

Foi nesse ciclo que Chagall conheceu Israel, onde se sentiu em casa. Recebeu, lá, a missão de pintar o Antigo Testamento, ou seja, de pintar a verdade na qual sempre acreditou. Foi um período extremamente produtivo e, na volta à França, produziu 32 peças.

Oitavo setênio (49-56) – Espelha o setênio de 7-14

Com o crescimento do nazismo, Chagall recebeu ajuda e partiu com sua família para a América, após ter seu nome incluído em uma lista de artistas que os Estados Unidos deveriam proteger. No setênio que espelha aquele em que ele encontrou a arte, sua arte o salvou.

Sua cidade natal foi devastada pelos alemães, e Bella, sua esposa, morreu abruptamente quando Marc tinha 56 anos.

Chagall decide parar de pintar por um tempo — por ocasião da crise causada pelo terceiro nodo lunar, cuja pergunta é: “O que ainda tenho para realizar?”

Nono setênio (56-63) – Espelha o setênio de 0-7

Aos 57 anos, Chagall escreve um poema lamentando ter um dia saído de sua terra.

No setênio denominado “Nova Vida”, conhece Virginia e começam uma relação que dura sete anos (um setênio), tendo também com ela uma filha.

Aos 59 anos, logo após o fim da guerra, o MOMA, em Nova Iorque, faz uma grande exibição de seus trabalhos. Aos 60 anos, Chagall volta a viver em Paris.

Após os 63 anos – “Anos livres”

O artista Chagall durante a sua velhice.
Reprodução / Britannica / AP / Shutterstock

Nos chamados anos livres, não temos mais uma influência tão grande do impulso que trazemos do passado, do que viemos fazer.

Nessa época, Chagall casou-se novamente e expandiu seu campo artístico. Sua obra, nas palavras de seu biógrafo Goodman, traduzia seu mundo interno e o externo. O artista pintou os famosos vitrais, bem como murais, palcos e trajes de teatro, tapeçaria, cerâmica e cultura, trabalhando até as 16:00 do dia de sua morte, aos 98 anos — uma maturidade inspiradora e extremamente produtiva.

A importância de fazer a revisão de sua biografia

Este é apenas um pequeno exemplo de uma biografia rica. À medida em que revisamos nossa biografia de forma sistematizada, podemos ver lá nossas forças e habilidades, como superamos obstáculos e o que ainda podemos fazer na maturidade.

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Fica aqui o meu convite para que você comece hoje!

Sobre o autor

Dulcineia Santos

Dulcinéia Santos é consultora de desenvolvimento para a maturidade, praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos e coach. É também autora do livro “A Namorada do Dom”, em que conta as lições que aprendeu nos relacionamentos e na sua jornada até a Suíça.

Acredita que a vida é cheia de lições e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados para viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando.

Formações:

Bacharel em línguas aplicadas

Brain Based Coaching Certification
NeuroLeadership Group – Londres

MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator – Step I and Step II
Myers-Briggs Foundation – Florida, USA

Antroposofia
Goetheanum – Dornach, Suíça

Terapia Multidimensional
Genebra – Suíça

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