Por sua variedade de sabores e também por sua sutileza, a gastronomia francesa é tida por muitos especialistas como uma das melhores do planeta. Entretanto, apesar do reconhecimento internacional, alguns pratos típicos dos europeus são questionados por ecologistas e defensores dos direitos dos animais. O principal deles é o Foie Gras, uma espécie de patê obtido do fígado hiperdesenvolvido de um pato, ganso ou até mesmo de um marreco.
Considerado um dos pratos mais nobres da culinária ocidental, o Foie Gras pode ser servido de diversas formas. Alguns chefs preparam a iguaria sob algum molho de fruta ácida, como por exemplo, a laranja. Outros preferem apresentar o prato acompanhado de pães, torradas e frutas secas. Na França, o consumo do prato é muito comum em datas festivas, como o Natal, e em ocasiões especiais, como reuniões familiares e casamentos.
Por conta deste processo, denominado Gavage, os animais apresentam sinais de estresse e complicações físicas, e consequentemente, têm o tempo de vida reduzido. Algumas aves não conseguem suportar a intensidade das refeições e acabam morrendo em poucos meses.
Sendo assim, grupos que militam pela defesa dos direitos dos animais criam petições on-line e protestos para conscientizar as pessoas sobre esta crueldade. A L214 Éthique & Animaux, entidade francesa que fiscaliza e denuncia inúmeras infrações aos direitos dos animais, criou um manifesto on-line chamado ‘Não ao Gavage’. No fim do texto, os europeus são firmes em afirmar que não consomem o Foie Gras.
“Enquanto consumidores determinados em pôr a ética em prática no nosso prato, e constatando que tais sofrimentos existem simplesmente para agradar ao nosso paladar, recusamo-nos a comprar e a consumir fígados doentes de animais torturados”, diz o documento.
No Brasil
Cientes disto, Argentina, Alemanha, Polônia e mais vinte outras nações já proibiram a comercialização deste patê em seus territórios. No Brasil, o assunto começa a entrar na pauta dos governantes. A cidade de São Paulo chegou a vetar o Foie Gras, mas uma ação da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) fez com que a lei fosse suspensa em caráter liminar. O processo corre na Justiça.
Procurada pela reportagem, a ANR afirma que o veto não se dá por conta da crueldade contra os animais, e sim pela ilegitimidade da ação. Isso porque, segundo a associação, a Prefeitura não tem este poder. “No entendimento da entidade, acatado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, os municípios não podem legislar sobre o consumo e a produção de qualquer produto”, declarou a ANR.
- Texto escrito por Yago Rudá da Equipe Eu Sem Fronteiras