Autoconhecimento

Felicidade. O que é felicidade, para você?

Jovem branca sorrindo com os olhos fechados.
rgags / Reshot
Escrito por Juliana Ferraro

Sabe a sensação de cumprir um dever, realizar algo difícil, comprar uma coisa nova, participar de uma festa, dar um abraço apertado verdadeiro, fazer algo de que gosta? Pois bem, sinto te decepcionar, mas essa sensação é apenas uma alegria passageira. A felicidade, de verdade, é um estado de espírito que reside em todos os momentos da vida, sejam eles bons ou ruins. A felicidade pode ser descrita também como contentamento, um estado de espírito no qual estamos quando sentimos que tudo vai bem, independente do nosso julgamento sobre o que acontece em nossas vidas.

No começo do mês de novembro, participei do Congresso Internacional da Felicidade e ali aprendi que felicidade de verdade não é um sentimento passageiro, não é meramente uma sensação boa que passa. E, para estar feliz a maior parte do tempo, ou o tempo todo, não devemos esperar sempre por recompensas, como se ser feliz fosse uma recompensa para algo, e que passa, então devemos estar sempre cumprindo tarefas ou realizando coisas que, lá no final, nos deem uma sensação prazerosa.

Não quero dizer que, para ser feliz, nada se deve fazer. A felicidade é a sua natureza, é intrínseca a você e todos temos o direito inato de sermos felizes. Mas, para achar essa essência aí dentro, algumas coisas precisam ser feitas no dia a dia, sempre repetidas e aprimoradas, sem esquecer que durante o processo existe uma sensação sempre sutil de que estamos caminhando neste sentido e cada passo é feliz.

Mas, então, quais são os passos para ser feliz?

Nem digo que são passos, por que todos os comportamentos ou pensamentos que se deve cultivar e propagar pela vida são feitos em conjunto e não um após o outro.

Dentro do congresso, assistimos a muitas palestras de pessoas que têm tido experiências com a felicidade, com o trabalho com outras pessoas e que passaram adiante um enorme conhecimento. Vou contar aqui o que eu posso resumir sobre o que aprendi:

Aprenda a ser humano. Esse é o primeiro passo e o mais importante. Porque, para ser feliz, você também tem que aprender a sentir todos os outros sentimentos, já que todos eles passam pelo mesmo canal. Então, se quando sente raiva, reprime, está reprimindo mais todos os outros sentimentos que pode experimentar. Precisamos aprender a sentir raiva, tristeza, inveja, medo, ciúmes, etc. Para deixar que eles fluam e passem, pois aprender a lidar com os sentimentos nada têm a ver com reagir aos outros e aumentar o mal-estar que causam. Dentro deste ponto ressalto

Duas mulheres asiáticas gargalhando.
tabitha turner / Unsplash

Ser vulnerável. Aprender a ser vulnerável é imprescindível para a felicidade. Saber que tem coisas que não te agradem em você e colocar isso para fora, sem vergonha. E aí escutar o que você disse, receber apoio dos outros, tirar o julgamento.

Acolher-se. Sabe uma mãe cuidando de um bebê? Assim é que você deve ser com essas partes suas das quais não gosta: compassiva, amorosa, acolhedora. Escutei uma história que ilustra isso em uma das conversas do TED (se chama Higiene Emocional, vale a pena assistir). A história é a seguinte: uma mulher se divorcia depois de 20 anos de casamento. Foi um momento difícil para se recompor e juntar os cacos novamente. Depois de um bom tempo, ela se sente bem de novo e se dispõe a encontrar um namorado. Ela se inscreve num site de encontros e acha o par perfeito! Eles combinam de sair e se encontram para jantar. Depois de 10 minutos juntos, o homem se levanta e diz que não quer mais continuar e vai embora. Ela se sente mal e liga, no dia seguinte, para uma amiga. A amiga lhe diz: lógico que ele quis ir embora, olha o tamanho do seu quadril enorme, olha as rugas nos seus olhos, olha a cor do seu cabelo… depois de 20 anos de casada, é claro que você não ia sair com o homem dos seus sonhos. Que amiga, hein? Acontece que, na verdade, essa amiga era sua própria voz interna lhe dizendo todas essas coisas. Quantas vezes você não fez isso contigo? E que tal se tornar sua melhor amiga e dizer coisas agradáveis quando as coisas não dão certo?

Está cientificamente comprovado infinitas vezes que, para ser feliz, é preciso mexer o corpo. Atualmente diz-se que 30 minutos, 3 vezes por semana, faz seu efeito, mas é claro que pode ser mais. Ter uma regularidade para mexer seu corpo e liberar endorfina e serotonina é muito bom! Pode até mesmo ser caminhar mais todos os dias, carregar sacolas de compra, subir escadas ao invés de usar o elevador. Coisas pequenas no dia a dia que somando viram 30 minutos. Mexa-se, leve mais oxigênio para seu cérebro, faça a energia circular!

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Resiliência. Essa é a capacidade de levantar a cada vez que cair, aprender com os erros, se deixar errar e tentar de novo. Não existe o sentimento de derrota, de que acabou. É cair 7 vezes e levantar 8. Ser resiliente pode ser aprendido e é super importante pra vida, é entender que tudo acontece para que você aprenda e se torne melhor no que quer fazer. Faz parte do caminho de se encontrar e se tornar autêntico, de se conhecer melhor e de achar e seguir seu propósito de vida. Aliás, encontrar e confiar para seguir esse propósito é um ingrediente muito importante na conquista da felicidade e envolve o aprender a ser humano, acolher quem se é e ser sua própria referência.

Simplifique sua vida! Qualidade é muito melhor que quantidade. Fazer menos dá muito mais resultado positivo do que fazer um monte de coisas ao mesmo tempo. Sua atenção deve estar direcionada para fazer uma coisa bem, de cada vez, com concentração. É uma das primeiras coisas que colhemos como benefício da prática da meditação. Um belo exemplo é: quando você trabalha no computador e deixa seu e-mail aberto, ou Facebook, a perda de capacidade intelectual, o QI, baixa em 10 pontos. Para ter uma comparação: é o mesmo que se perde ficando 24 horas sem dormir. Quem fuma um cigarro de maconha perde 4 pontos de QI. Ou seja, multitasking deixa você mais lento mentalmente do que fumar maconha! Além disso, simplificar envolve menos consumismo, menos lixo, menos estímulo mental, sensorial (TV ligada e comer ao mesmo tempo, ou estudar ouvindo música, e por aí vai…)

Na onda da internet, todo mundo passa muito tempo nas redes sociais achando que está interagindo com pessoas, mas nada substitui o relacionamento ao vivo. Ter amigos de verdade, mesmo que poucos, faz muito mais efeito positivo na sua vida do que incontáveis amigos virtuais. Doe seu tempo, sua atenção e seu carinho para amigos de verdade!

Mulher branca sorrindo com os braços abertos.
Yarden / Unsplash

Gratidão! Agradeça sempre, todos os dias. Agradecer engrandece o que você tem, o que você fez e tudo o mais. Valoriza tudo. E multiplica aquilo a que está agradecendo. Faça um diário, todos os dias antes de dormir, escreve por que você é grata do que aconteceu no seu dia. Outra coisa linda é, uma vez por mês, escreva uma carta de gratidão para uma pessoa querida. Isso vai espalhar alegria por todos os cantos. E quanto mais gente feliz no mundo, mais gente feliz vai ter, vai multiplicando.

Essas são estratégias para ser feliz, nada muito difícil, né? Pode começar a fazer hoje mesmo, um pouco a cada dia, até virar hábito, e ser feliz se torna hábito, também!

Para colocar tudo isso em prática, é muito importante desenvolver o hábito de olhar para dentro e encontrar sempre essa fonte infinita de felicidade que está aí dentro de você. Nem que seja 1 minuto por dia de silêncio e introspecção, isso vai te ajudar a seguir nesse caminho, é nesse silêncio que surge a vulnerabilidade e o acolhimento, os direcionamentos para seguir o propósito, o momento de saber quem se é e seguir o caminho com confiança, apesar das pedras e das quedas.

E lembre-se: a felicidade acontece aqui e agora, pois esse é o único tempo que existe!

Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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