Autoconhecimento

O que é uma pessoa permissiva e por que não ser uma?

Jovem com boca tapada e linhas desenhadas brancas e setas em volta da cabeça
ra2studio / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Perdoar e saber ceder são, com certeza, virtudes. Quanto à primeira, é importante pensar que perdoar-se e perdoar os outros é um ato nobre e extremamente necessário para seguir em frente sobre diversas situações da vida. É somente por meio desse ato que conseguimos reconhecer os nossos erros (bem como compreender os erros das outras pessoas) e acessar um caminho para nos tornarmos pessoas melhores.

Entretanto ser demasiadamente autocomplacente ou mesmo ser extremamente tolerante com os erros dos outros pode nos encurralar e trazer consequências desagradáveis. Isso porque perdoar demais e ceder demais pode nos tornar permissivos. E uma pessoa permissiva enfrenta dilemas e problemáticas que vão ao encontro de temas como insegurança, falta de respeito por si próprio e passividade (este último, no sentido negativo).

O que é uma pessoa permissiva?

Em suma, ser uma pessoa permissiva é não saber dizer “não”. Geralmente, para agradar aos outros e por não saber enfrentar a rejeição, a pessoa permissiva aceita e acata tudo aquilo que dirigem a ela — pedidos, favores, convites etc. Diz “sim” àquele amigo que pediu dinheiro emprestado, diz “sim” ao crush que insistiu em trocar alguma intimidade, diz “sim” a alguém tóxico de sua vida, e por aí vai.

Nessa onda de afirmar tantas perguntas que queria negar, a pessoa permissiva está constantemente se encurralando em situações desconfortáveis, que fazem mal a ela. Isso traz consequências graves para o psicológico não só a curto prazo, mas também a longo prazo, já que ser alguém tão passivo nas relações sociais pode deixar sequelas para uma vida toda. Ao permitir tudo a todos e sempre, essa pessoa está também permitindo que abusem dela e que lhe faltem com o respeito, dando abertura para que se aproveitem dessa boa vontade.

Preguiça e permissividade são a mesma coisa?

Não necessariamente a preguiça e a permissividade são a mesma coisa, mas, com certeza, uma pode levar à outra. A preguiça, vez ou outra, pode resultar na afirmação de um “sim” indesejado, e isso provavelmente já aconteceu com todas as pessoas, pelo menos uma vez na vida.

Mulher deitada na cama
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Às vezes, temos preguiça de refutar algo ou alguém, ou então achamos muito trabalhoso ter que justificar e sustentar o nosso sincero “não”, então simplesmente cedemos e acabamos nos envolvendo em alguma situação com a qual inicialmente não queríamos. Até aí, tudo bem! Por ora, acabamos encarando aquela situação para fazer uma média com alguém querido ou acabar de uma vez por todas com algo que vínhamos enrolando há tempos.

O problema é quando isso vira rotina, e, pior ainda: quando nos tornamos incapazes de contornar isso e enfrentar as respostas verdadeiras de nossas vontades. É nesse momento que nos entregamos à permissividade, que pode ser realmente nociva à nossa saúde mental, aos nossos relacionamentos e a nossa vida.

O excesso de perdão é um problema?

Saber desculpar, tanto a si mesmo quanto aos outros, é um ato nobre e que permite que muitos caminhos se desobstruam e sigam em frente, contribuindo para diversos processos e relações nas nossas vidas. Porém, tanto quanto é sabido que nada em excesso faz bem, o excesso de perdão também culmina em consequências negativas para quem desculpa demais.

Ilustração de ponto de interrogaçãoo
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Isso porque, quando perdoamos demais alguém, nós o acostumamos a errar conosco. Por exemplo: a pessoa que você namora vacila o tempo inteiro com você, mas você sempre cede e acaba perdoando-a, sem que ela enfrente as consequências do próprio erro. Então ela continuará vacilando, porque sabe que, no fim, sempre terá o seu perdão e sairá ilesa das falhas dela. E isso também se aplica a nossa relação com nós mesmos.

Quando somos autocomplacentes demais, nos impedimos de evoluir. Tolerar demais os nossos erros e nos fixarmos como vítimas de todas as situações são sintomas de autossabotagem. Enquanto nos perdoamos o tempo todo, achando que estamos arrasando em respeitar nossos limites e a nossa saúde mental, estamos, na verdade, duvidando da nossa própria capacidade de agir de formas diferentes. De crescer e mudar como seres humanos em constante processo e mutação.

Como se perdoar sem ser permissivo?

Apesar de você não dever se perdoar em excesso, também não é saudável que caminhe para o outro extremo disso, sendo rígido demais consigo mesmo e não deixando nenhum defeito seu passar. É importante que exista um equilíbrio: que você saiba se cobrar, sem pender para a intensa autocobrança, mas que saiba também se perdoar, sem virar uma pessoa permissiva.

Para que haja esse equilíbrio, você deve estar atento a si mesmo e aos seus singulares processos. A resposta de “Como se perdoar sem ser permissivo?” é, na verdade, uma resposta que só pode vir de você, diante daquilo que você observa de possibilidades dentro da sua própria vida. Tenha em mente que você precisa, acima de tudo, se respeitar sempre. Isso inclui respeitar seus processos de enfrentamento e encarar aquilo que te tira da sua zona de conforto. E, antes de sair perdoando tudo que você fizer, por “dó” de si mesmo (que é o que acontece na maioria das vezes), racionalize.

Muher sentada pensando
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Na hora de enfrentar seus erros, pergunte-se se você não tinha mesmo uma saída ou se poderia ter encontrado outra alternativa. E o mais importante de tudo: esteja atento também para as próximas vezes em que coisas parecidas vierem a acontecer, para que esteja desperto e consciente perante suas próprias atitudes, procurando não cair nos mesmos erros.

Como esquecer sem ser permissivo?

Do mesmo modo que a questão anterior de saber perdoar-se sem virar uma pessoa permissiva, esquecer e superar algo sem cair na permissividade trata-se de observar a si mesmo e entender a diferença entre aquilo que é aceitável na sua vida e aquilo que cruza um limite a ponto de ser nocivo para você.

Você não deve sair por aí esquecendo todas as vezes em que vacilaram com você para ser alguém maduro e bem resolvido. Aliás, ser alguém maduro e bem resolvido funciona do jeito contrário: é preciso saber impor limites. Não permita que nada ultrapasse a linha dos seus limites, e leve o tempo que for preciso para elaborar situações que te fizeram mal ou que te deixaram chateado.

Homem de braços abertos em cima de uma montanha
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Em contrapartida, se o vacilo de outrem se trata de algo que não mexe tanto com você, e que é passível de esquecimento, liberte-se e não perca tempo, desapegue-se desse erro alheio. Novamente, o importante é sempre estar atento a como as coisas reverberam dentro de si mesmo, respeitando-se.

O medo de mudar também é um problema?

O medo nos impossibilita de trilhar muitas jornadas que são essenciais à nossa trajetória de evolução pessoal. Apesar de ser positivo para nos manter alertas e fazer com que evitemos conflitos, ele pode ser um grande problema. Dentro do assunto da permissividade, o medo de mudar e de enfrentar a vida dizendo bons “nãos” pode estar te impedindo de alcançar objetivos de suma importância em sua vida.

Você conhece uma pessoa que parece ser boazinha em excesso? Alguém que nunca se incomoda com nada, não impõe limites aos outros, aceitando qualquer tipo de comportamento? Em um primeiro momento, esse indivíduo é uma companhia agradável, já que faz tudo pelos outros, perdoa todos os erros e nunca reclama de nada. Mas será que essa pessoa é realmente feliz? Para refletir sobre esse assunto, você precisa entender o que é uma pessoa permissiva e por que você não deveria ser assim. Com base nas informações que separamos, analise como você tem se comportado para priorizar o seu bem-estar. Mude seu comportamento, se for necessário!

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Ainda nesse sentido, pode-se dizer que, quando você se perdoa o tempo inteiro e “passa pano” para os próprios erros constantemente, está recusando a sua chance para a mudança. Você está dizendo a si mesmo que não é capaz de mudar; você está com medo de mudar e isso é, sim, um problema que te assola. Por mais doloroso e desafiador que seja, sair da zona de conforto e enfrentar a mudança é necessário. Vista-se com a coragem e então se surpreenderá com os resultados que esse movimento te trará!

Dito isso tudo, concluímos que é preciso, sim, ser tolerante consigo mesmo e com os outros, mas também é necessário ser sensato e julgar se há algo te lesando (seja vindo de fora, das ações dos outros, ou de você mesmo). Para não ser permissivo, portanto, é necessário não permitir que te façam mal ou que você mesmo se cause danos à custa da sua própria saúde e do seu bem-estar. Por isso, é necessário aprender já a dizer “não” àquilo que te faz mal.

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