Autoconhecimento Educação Educação dos filhos

Disciplina Positiva – Entre o Autoritarismo e a Permissividade

Garota abraça o pai.
Igor Pushkarev / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

O que é a disciplina positiva? A disciplina positiva foi criada e desenvolvida por Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, ambos austríacos e psiquiatras estudiosos do comportamento humano. Adler foi um discípulo de Freud, mais tarde criando a psicologia do desenvolvimento individual.

Dentro dessa filosofia, eles estudaram a infância e os estilos de vida, motivações e crenças que influenciam diretamente em como a criança irá se perceber e se comportar.

A disciplina positiva é um programa baseado nesses ensinamentos e tem como objetivo encorajar crianças e adolescentes a tornarem-se responsáveis, respeitosos, resilientes e com habilidades para solucionarem problemas.

Uma das principais descobertas da neurociência é que as crianças são essencialmente empáticas e colaborativas, podemos então ter influência para que isso se manifeste no dia a dia delas, se utilizando de firmeza e gentileza ao mesmo tempo, conceito primordial dentro dessa filosofia de educação. A não utilização da punição e do castigo, físico ou verbal, também é um dos principais pilares da disciplina positiva.

Pais ensinam filha a andar de bicicleta.
Agung Pandit Wiguna / Pexels

O erro é tratado como uma oportunidade de aprendizagem e não como algo passível de punição. Outra grande premissa é que os adultos desenvolvam habilidades para ensinar diretamente por meio do exemplo. A disciplina positiva tem grande foco na solução dos desafios com a criança e não em culpabilização.

Quando começamos a praticar esse novo olhar, as nossas crenças sobre a educação mudam. Fomos ensinados que a melhor maneira de ensinar as crianças é fazê-las se sentirem mal, quando já está provado que o oposto é verdadeiro: as crianças aprendem e agem de forma colaborativa quando se sentem bem.

Ao contrário do que se pode pensar, não estamos falando de recompensar os maus comportamentos, mas de trabalhar na autoestima e no relacionamento com a criança, focando na solução dos problemas e a encorajando, para que a criança seja a protagonista da resolução, aprendendo assim as habilidades importantes para o seu futuro e para que desenvolva o seu senso de aceitação e importância.

Quando dizemos que o maior trabalho é o relacionamento com a criança, isso de maneira nenhuma significa que faremos tudo o que a criança quer ou nos pede. Significa que o olhar da criança será respeitado, considerado e ela será tratada como parte importante daquela família, contribuindo na criação das regras, participando ativamente da resolução dos problemas e aprendendo a entender as suas próprias necessidades e sentimentos.

O respeito mútuo é incentivado, os pais tornam-se guias e não chefes. Aprende-se empatia na prática, pois ela é praticada diariamente pelos pais, assim como o autocontrole. Não estou aqui defendendo que exista um relacionamento perfeito, onde gritos e descontrole emocional nunca existam, porém, na disciplina positiva, isso se torna a exceção e não a regra. Não é correto que nós aprendamos a controlar o nosso comportamento antes de querer ensinar isso às crianças?

Os adultos são inclusive livres para errar e fazer do erro grandes oportunidades de fazer tudo melhor do que antes. O erro das crianças em geral é visto como mau comportamento e precisamos saber separar o erro, a sobrecarga emocional e o mau comportamento propriamente dito. Podemos entender o erro como algo que se faça sem consciência da consequência ou acidentalmente, a sobrecarga como um momento de grande confusão emocional onde a criança perde momentaneamente o acesso à parte racional do cérebro (“birra”) e o mau comportamento como uma ação para satisfazer uma necessidade, mas baseada em crenças equivocadas. O problema é que tratamos essas três coisas como manipulação, mimo, pirraça, manha e não como pedidos equivocados de ajuda da parte da criança ou como parte normal de uma pessoa em desenvolvimento. A agressividade é natural do ser humano, assim como todas as emoções, mesmo as consideradas ruins: tristeza, raiva, frustração e medo.

Criança gritando com as mãos erguidas.
mohamed Abdelgaffar / Pexels

O que fazemos na disciplina positiva é mostrar na prática formas aceitáveis de demonstrar essas emoções, para que as crianças não se prejudiquem e nem prejudiquem outras pessoas ao fazê-lo. A premissa é de que quando não permitimos que essas emoções apareçam, ou seja, quando reprimimos essas emoções na criança, utilizando de ameaças, castigos e punições, ela não aprende a lidar com a frustração, medo, raiva e tristeza. Ao passo que quando permitimos que essas emoções sejam demonstradas, mas focamos a nossa atenção na maneira como elas devem ser demonstradas, aquelas emoções vão passar pela criança deixando aprendizados.

O grande foco passa a ser a aceitação da pessoa, mas não do comportamento. O iceberg da disciplina positiva é esse: o mau comportamento é apenas a ponta, na base e embaixo d’água estão as crenças daquela criança e as suas necessidades, é ali que os pais que praticam a disciplina positiva vão atuar.

A frase “conexão antes da correção” trata exatamente disso: ao trabalharmos no relacionamento com a criança ou com o adolescente, modificamos as suas crenças, entendemos as suas necessidades e o comportamento melhora por conta disso.

Fica claro então que a disciplina positiva vai muito além de um conjunto de técnicas para fazer as crianças e adolescentes “obedecerem” ou para calar o seu choro. Entende-se também que a firmeza atrelada à gentileza é uma alternativa viável ao autoritarismo, à negligência ou à permissividade. A disciplina positiva dispõe de mais de 50 ferramentas para nos ajudar a praticar o binômio firmeza + gentileza sem precisar recorrer ao grito, punição ou ameaça.

Os 4 critérios para uma disciplina efetiva

O primeiro critério para uma disciplina ser considerada efetiva é a gentileza e firmeza ao mesmo tempo. Não é sobre correr de um extremo ao outro, mas ser respeitosa e encorajadora ao mesmo tempo que fomenta a ordem. Parece difícil, porque em geral fomos educados entre o autoritarismo e a permissividade, em alguns casos até a negligência. O novo assusta e traz medo aos adultos, mas o potencial de mudanças que essa premissa traz é imenso.

Quando conseguimos passar as nossas expectativas e necessidades enquanto pais de maneira respeitosa e firme, estamos mostrando na prática que é importante se posicionar, mas que existem maneiras adequadas de se fazer isso. Deixamos de lado a repressão do autoritarismo e a liberdade excessiva da disciplina permissiva (vamos falar mais disso nos próximos capítulos).

Mulher adulta brinca com crianças.
Alex Green / Pexels

O segundo pilar para uma disciplina efetiva é ajudar as crianças e adolescentes a desenvolverem um senso de aceitação e importância. Muitas vezes, quando queremos ensinar os nossos filhos por meio de punições, ameaças e gritos, estamos quebrando a conexão com eles sem perceber, além de estar contribuindo para que entendam que são filhos ruins, ou que a saída é sempre se afastar do problema, ou ainda que eles SÃO o problema.

Se, por outro lado, trabalhamos na conexão e no senso de importância dessa criança, passamos a ideia de que eles estão acima de qualquer mau comportamento que pratiquem. É importante ressaltar que fomentar o senso de importância não é igual a elogiar a criança. Os elogios são parte de nossas expectativas, falamos “EU GOSTEI do seu desenho”, enquanto na disciplina positiva utilizamos o encorajamento que, nesse caso, seria ” Eu vi que VOCÊ se esforçou bastante nesse desenho, vejo que VOCÊ está satisfeito com ele”. A grande diferença de elogiar e encorajar é o foco no processo e não no resultado, no esforço e não na perfeição, na evolução diária e na comparação apenas consigo, sendo uma grande base de construção da conexão do adulto com a criança, porque fomenta a autoimportância.

Existem muitas outras formas de criar conexão com as crianças. Sempre peço para os pais pensarem em como criam conexão com os seus amigos ou com os seus parceiros de vida. Eles me respondem que é demonstrando as suas emoções verdadeiras, sendo respeitosos, rindo junto, tentando criticar pouco, sem ofender a pessoa, agindo de maneira justa, incentivando a melhora da pessoa por meio de parceria e ajuda mútua, tratando aquela pessoa com consideração e respeito, agradecendo sempre que fizerem algo que consideram bom e pedindo ajuda de maneira respeitosa quando precisam. E digo que com as crianças também é assim que criamos conexão.

Homem adulto e menina pintam papelão.
Tatiana Syrikova / Pexels

O terceiro e importante pilar da disciplina efetiva é ter efeito de longo prazo. Falaremos mais dos males dos castigos e punições… E esse é um dos motivos: eles não funcionam a longo prazo! É muito difícil que um castigo e uma punição sejam dados só uma vez, muito pelo contrário, quando se utiliza dessa forma de disciplina, o aumento da rigidez é sempre necessário, porque a última punição “não surge mais efeito”.

O problema é que aumentar a rigidez do castigo também não surte. Punição pode funcionar para parar um mau comportamento, geralmente por conta do susto e do medo que a criança sente, mas não traz entendimento de como poderiam ter feito melhor, de como fazer da próxima vez e dos motivos que o levaram a agir daquela maneira. Ou seja, punição não funciona para educar, se entendemos educação como entendimento, mudanças e evolução.

Além de não trazer ensinamentos positivos, a punição tem resultados negativos, que iremos falar no próximo capítulo.

O quarto e último critério para uma disciplina efetiva é ensinar habilidades sociais e de vida valiosas para a formação de um bom caráter, que os pais definem como respeito e preocupação com os outros, cooperação, responsabilidade, resolução de conflitos e de problemas.

Queremos que os nossos filhos sejam felizes, mas também queremos que eles sejam bons para o mundo e que se tornem pessoas boas, pois entendemos que isso trará significado às suas vidas e que fará da sua comunidade um lugar melhor.

Para além desses motivos, sabe-se que pessoas responsáveis, conscientes e que possuem boas habilidades intra-sociais têm mais chances de sucesso em todas as áreas de suas vidas.

Abordagens permissiva, autoritária e negligente

Posicionamos as abordagens disciplinares em dois eixos, o da firmeza X o da gentileza, o resultado é esse:

disciplina positiva

No autoritarismo, ou na alta firmeza + baixa gentileza, temos a ordem sem liberdade, falta de escolhas, temos o “obedecer”.

Na permissividade, ou na baixa firmeza + alta gentileza, temos a liberdade sem ordem, escolhas ilimitadas e filhos que fazem o que querem.

Na negligência parental, temos firmeza e gentileza baixas, é o pior estilo parental porque a criança e o adolescente estão sem rumo, sem cuidados, sem ordem e sem apego.

A disciplina positiva está no eixo contrário da negligência emocional, está no apego emocional. Significa que teremos ordem e teremos gentileza para que essa ordem se estabeleça. As escolhas individuais da criança e do adolescente são cerceadas pelo respeito a si mesmo e aos outros.

A atitude dos pais e educadores que escolhem as três abordagens é muito diferente: na autoritária, há controle excessivo, punição e rigidez: “estas são as regras e essa é a punição que terá se violar as regras”.

Na permissiva, não existem regras: “tenho certeza que nós vamos nos amar, seremos felizes e você será capaz de fazer as suas próprias regras no futuro”.

Na negligente, não há regras, não há muito contato físico e nem apego emocional, muito menos gentileza. Simplesmente não há presença suficiente para que a ordem ou a liberdade sejam definidas pelos pais.

Na disciplina positiva, há apego emocional (que é diferente de superproteção): as regras são responsabilidade de todos e definidas em conjunto sempre que possível, as soluções são o foco e, quando os pais precisarem usar o seu discernimento para decidir algo, ao invés da agressividade e da rigidez, se utilizarão da firmeza gentil. As emoções são aceitas e os comportamentos é que são o foco da solução.

Sobre punições e recompensas

Estamos acostumados a pensar em castigos como alternativa viável à punição física. Podemos definir castigos por tirar a criança do ambiente por meio de comando, retirar benefícios da criança por ter se comportado mal ou deixar de dar algo que seria de direito da criança, incluindo afeto.

As punições trazem consequências ruins para a autoestima da criança, como explicamos na regra dos 4 R’s da punição:

  • Ressentimento: a criança pensa que está sendo injustiçada e para de confiar no adulto;
  • Retaliação: a criança pensa em se vingar e piora o comportamento;
  • Rebeldia: a criança vai querer provar que pode fazer do seu próprio jeito a todo custo;
  • Recuo: dissimulado (mentir para se safar da punição) ou da autoestima (acreditar que é uma pessoa ruim).

Além disso, a punição traz o que chamamos de ciclo do pagamento: a criança sente que já pagou pelo que fez e está livre para agir novamente.

Outro grande problema da punição é que ela faz a criança sentir que errar é ruim e traz sentimentos de insegurança, timidez e ansiedade. A criança pode também pensar que se ela não pode errar, é melhor nem começar a fazer nada que possa causar a punição. O problema é que a criança ainda não sabe distinguir direito o que pode ou não fazer e acaba se acanhando em outras áreas da sua vida também.

A punição ensina para a criança que ela não pode demonstrar os sentimentos dela, já que não explicamos, durante uma punição, que tudo bem sentir raiva, mas que o que não podemos, por exemplo, é bater no amigo. A não demonstração dos sentimentos a longo prazo pode causar uma imensa desconexão consigo, ou seja, não saber nomear o que está sentindo e nem saber como agir depois de sentir aquilo.

Menina com expressão facial triste.
Polina Zimmerman / Pexels

Outro grande malefício da punição é que não mostra para a criança que acreditamos que ela tem potencial para fazer melhor do que aquilo que fez. Não passa a mensagem que acreditamos neles.

Em última instância, a punição tem muito mais a ver com afastar o problema ou nos vingarmos pela criança ter nos decepcionado ou magoado, do que com mostrar para a criança que ela deveria e poderia ter feito diferente.

O maior problema da punição, sendo física ou com castigos, é que ensina para as crianças que quem ama também machuca deliberadamente, que punição também é forma de demonstrar amor. Veja, não estou dizendo que quem pune não ama, muito pelo contrário, estou dizendo que a criança pode entender que amor é sofrimento (inclusive físico).

Outro grande malefício é que o castigo atrela a consequência diretamente ao adulto que está aplicando a punição. Quando o adulto não está por perto, a criança entende que está livre para fazer o comportamento. A punição não ensina algo importantíssimo que é a autorregulação.

Um dos motivos pelo qual as crianças não respondem mais às punições é porque asfalta modelos de submissão, isso em última instância é bom: o pai não está sujeito a uma vida inteira respondendo ao mesmo chefe, a mãe não está mais sujeita a uma vida inteira sendo submissa a um homem. A criança reluta em ser submissa porque basicamente ela não tem na sua vida um modelo de submissão para se espelhar.

Os tempos mudaram e a educação permaneceu a mesma. A punição física ou verbal, quando recorrente, pode causar estresse tóxico, que se caracteriza por níveis elevados dos hormônios cortisol e adrenalina no corpo, com alta chance de transtornos emocionais sérios a médio e longo prazo.

Por fim, a punição não cumpre o seu objetivo primário, que é fazer as crianças refletirem sobre o seu comportamento e o modificarem. Por isso que as punições são, em geral, ciclos sem fim.

Menina ao lado de um cachorro preto. Ela está sorridente e segura um tablet nas mãos.
Helena Lopes / Pexels

Sobre as recompensas, elas são o oposto da punição, ou seja: não ensinam a criança ou o adolescente a colaborarem, participarem e entenderem o que podem ou não fazer, assim, quando não há recompensa, não agem de acordo com o que esperamos deles. Acostumar uma criança a contribuir com as atividades de casa, por exemplo, focando em recompensas, além de ter efeito oposto (quando não houver recompensa, ela não colaborará), ensina a criança que ela merece um presente ou um agrado por fazer o que ela deveria fazer naturalmente, sentindo que é o correto a se fazer.

A recompensa é um certo alheamento da realidade, por passar a mensagem que merecemos algo quando damos algo. Isso não é necessariamente a verdade!

Neurocientistas recentemente descobriram que as crianças são naturalmente empáticas e predispostas a ajudar, desde que saibamos pedir. Foram além: descobriram que quando davam agrados pelas crianças terem contribuído, elas perdiam a motivação genuína de ajudar. Crianças não precisam de recompensas para serem colaborativas.

A recompensa não ensina senso de pertencimento e de equipe, não ensina a gostar de colaborar e a fazer pelo bem comum.

Existem mais de 50 alternativas à punição e recompensa na disciplina positiva. Essas ferramentas incentivam e desenvolvem a autoavaliação, o senso de pertencimento, a colaboração, respeito às regras, o foco na resolução e a autorresponsabilidade.

Expectativas X realidade

Quando atendo pais e mães nas sessões de aconselhamento que faço pela internet, é muito frequente que me digam que as crianças estão agindo mal, quando, olhando pela visão do desenvolvimento infantil, elas estão fazendo coisas perfeitamente naturais para a idade em que se encontram.

Somos levados a construir expectativas irreais sobre crianças de um, dois anos, bebês com cérebros ainda não desenvolvidos e que precisam da nossa ajuda para se acalmar, para desvendar o que estão sentindo e os motivos disso. Crianças desafiam, crianças têm sobrecargas emocionais (conhecidas popularmente e injustamente por “birras”), crianças estão construindo a sua personalidade e começando a entender que são pessoas, que elas e as suas mães não são uma pessoa só.

Muitos dos problemas que temos com os nossos filhos seriam evitados se efetivamente soubéssemos o que esperar em cada idade.

Uma criança de um ano não consegue manipular os seus pais, não da maneira com que acreditam que ela possa fazer: seus cérebros apenas não desenvolveram as partes que precisariam para nos manipular de forma deliberada.

Crianças pequenas possuem necessidades e não possuem repertório de fala, ou ainda não sabem expressar o que estão sentindo. Entendemos aqui que necessidades não são desejos: uma criança tem uma necessidade física de fome e desejo por sorvete, por exemplo. Essa é a diferença.

Homem adulto segura criança que está chorando.
Ba Phi / Pexels

Quando os bebês ainda não conseguem planejar como agir quando sentem uma necessidade, eles choram e se jogam quando se frustram porque não entendem o que estão sentindo e não possuem ainda ferramentas para nos mostrar. A criança deve ter sempre as suas necessidades atendidas, não estou aqui falando de desejos.

Crianças pequenas ainda não desenvolveram a capacidade cerebral de planejar como agir, de pensar diretamente em causas e efeitos mais complexos, não sabem ainda expressar com palavras o que querem e sentem. Elas simplesmente mostram as suas necessidades da maneira que conseguem.

Cabe a nós entender que criança sente saudade, sente falta de encorajamento e toque físico, sente medo de coisas que ainda não entendem, sentem frustração, raiva e não sabem ainda como demonstrar de maneira adequada. Está com os adultos a responsabilidade de aprender a se acalmar diante de uma situação que os tira do sério (incluindo as “birras”) e ir ensinando as crianças por meio do seu próprio exemplo, como agir diante de emoções confusas e desafiadoras.

Carta aos pais – Mudar

A essa altura você deve estar pensando em como fazer para começar a mudar. Toda mudança, do ponto de vista emocional, tem três fases: a fase em que fazemos as coisas sem ter consciência de que não é a melhor maneira, a fase em que percebemos que fizemos de maneira contrária ao que queríamos somente depois que já fizemos e a fase em que conseguimos perceber que podemos fazer diferente, mesmo antes de efetivamente fazer a ação.

Essa terceira fase é a fase da inteligência emocional, onde temos controle do que queremos mudar, ainda que às vezes façamos diferente do esperado. Quando isso acontece, o melhor a fazer é entender os motivos daquela “escorregada” e pensar em soluções para que não volte a se repetir ou que se repita o mínimo possível. E o mais importante: se perdoar! Se não achamos certo colocar culpa e vergonha nos nossos filhos, também não devemos fazer isso conosco.

Mulher adulta brinca com criança em cima de brinquedo móvel.
Gustavo Fring / Pexels

Praticar uma disciplina tão diferente do que estamos acostumados leva tempo, demanda esforço e vontade, porém um conhecimento adquirido nunca volta ao estado de desconhecimento, ainda que possamos voltar aos padrões antigos em algumas vezes.

Minha mensagem é que as nossas crianças e adolescentes merecem uma educação respeitosa, baseada em conexão e não em obediência. E que conseguir isso e criar filhos autênticos, conscientes e colaborativos é, sim, possível.

É uma grande alegria e privilégio poder espalhar essa mensagem de amor e respeito, te convido a se juntar a mim nessa empreitada.

Artigo de Educação não violenta por Thais Basile

Nós fomos ensinados, por meio da ação dos nossos próprios cuidadores, que lágrimas eram sinal de fraqueza, de exagero, de manha. Você sabia que as lágrimas contêm proteínas tóxicas que, quando liberadas, permitem que o emocional volte a se autoregular?

Como Althea Solter afirma: “Quando as crianças choram, a dor já aconteceu. Chorar não é a dor, mas o processo de parar de doer.”

Todas as lágrimas não são criadas iguais – há uma diferença entre lágrimas de raiva e as tristes. São lágrimas tristes que estão por trás da adaptação e resiliência. Lágrimas tristes são as que choram em resposta a perceber que algo não pode ser mudado. É aqui que a resiliência nasce, em perceber que você pode sobreviver sem conseguir o que deseja.

Você também pode gostar

Lágrimas de raiva, por outro lado, em geral nos fazem raeagir com raiva também, ignorando a frustração que a está impulsionando e, com isso, perdendo uma oportunidade de transformar sua raiva em lágrimas de tristeza, e finalmente, acolher essa tristeza e pacificar a situação.

Facebook: @educacaonaoviolentaporthaisbasile

#comunicação não-violenta #criação dos filhos #educação

Sobre o autor

Eu Sem Fronteiras

O Eu Sem Fronteiras conta com uma equipe de jornalistas e profissionais de comunicação empenhados em trazer sempre informações atualizadas. Aqui você não encontrará textos copiados de outros sites. Nossa proposta é a de propagar o bem sempre, respeitando os direitos alheios.

"O que a gente não quer para nós, não desejamos aos outros"

Sejam Bem-vindos!

Torne-se também um colunista. Envie um e-mail para colunistas@eusemfronteiras.com.br