Sabe aquela ideia preocupante, que te deixa ansioso, que incomoda, que te diminui, mas que, mesmo assim, martela sua mente sem parar, mesmo que você tente fugir? Isso é um pensamento obsessivo, que pode tanto ser sintoma de um problema mais grave quanto um incômodo por si só.
Pensamentos obsessivos podem destruir nossa saúde mental, prejudicar nossos relacionamentos, nossa autoestima, nosso potencial e nossa capacidade de realizar objetivos. Mas por que eles acontecem, e o que podemos fazer para lidar com eles? Vamos entender!
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O que são pensamentos obsessivos?
Você já deve ter ouvido falar sobre TOC (transtorno obsessivo compulsivo), aquele problema que faz com que a pessoa seja obsessiva com tarefas e atividades, como limpar uma superfície que já está limpa, ligar e desligar interruptores uma série de vezes, entre outros tantos comportamentos.
Um efeito parecido acontece com pensamentos obsessivos. Eles simplesmente vêm, mesmo que a gente saiba que eles não refletem uma verdade, ainda que a gente tente fugir deles, inevitavelmente eles vêm. E esses pensamentos têm muitas formas e podem nos afetar de muitas maneiras. Veja alguns exemplos, entre tantos outros que podem nos pegar no dia a dia:
— “Não sou atraente.”
— “Não me acham uma pessoa interessante.”
— “Não tenho capacidade/habilidade de realizar isso.”
— “Sou um fracasso completo.”
— “Não mereço a felicidade que estou vivendo.”
— “Tudo vai dar errado daqui a pouco.”
Em geral, os pensamentos obsessivos são causadores de ansiedades (pensamentos catastróficos), baixa autoestima (pensamentos autodepreciativos) e falta de reconhecimento sobre si mesmo (pensamentos distorcidos).
O que caracteriza um pensamento obsessivo?
Em um momento ou outro da vida, eventualmente todos temos problemas causados por ansiedade, baixa autoestima ou falta de reconhecimento de nossas capacidades. Portanto isso é normal. Ninguém se sente atraente o tempo todo, um acumulador de vitórias e sucessos ou capaz de dar conta de tudo.
Porém o problema do pensamento obsessivo acontece quando essas ideias se tornam extremamente frequentes, a ponto de você acreditar nelas e distorcer a sua visão a respeito de si mesmo. De tanto pensar que é incapaz de fazer algo, no fim das contas você será realmente incapaz de fazer isso.
Além disso, o pensamento obsessivo nunca é benéfico. E isso é importante salientar. Alguns pensamentos críticos e autocríticos nos ajudam a crescer, amadurecer e evoluir. Mas, quando a autocrítica é pesada, frequente demais ou distorcida, ela deixa de apresentar qualquer benefício.
Adicionalmente, confira outras características de pensamentos obsessivos (há várias outras, mas essas já conseguem descrever o problema):
— Ocorrem diversas vezes ao dia/semana.
— Podem ser gerados por gatilhos (pessoas, ambientes, situações, conversas).
— Atrapalham a concentração, pois “assumem o controle” da mente.
— Se analisados racionalmente, sua lógica é duvidosa.
— Frequentemente surgem “do nada” e “fazem morada”.
— Normalmente estão relacionados com traumas.
— Costumam apresentar possibilidades de consequências catastróficas.
— Causam uma autocrítica excessiva e nociva.
O que causa pensamentos obsessivos?
Cada caso é um caso, e reagimos de maneira muito única e individual a tudo que nos acontece. Por isso, somente um psicólogo pode acompanhar a sua condição e entender de onde vêm os seus pensamentos obsessivos e quais são os causadores dele, porém podemos explorar algumas possibilidades.
Traumas, por exemplo, são grandes causadores de pensamentos obsessivos. Pessoas que sofreram bullying por causa de sua aparência podem ter o pensamento obsessivo de que não são atraentes. Pessoas que sofreram uma traição podem sofrer com insegurança e medo de abandono como pensamentos obsessivos, entre outros.
Momentos de estresse, medo e ansiedade também são causadores de pensamentos obsessivos. Imaginar que é incapaz de realizar uma tarefa com a qual está com dificuldade, receio de ficar “sozinho para sempre” por não estar num relacionamento amoroso, pavor de um futuro catastrófico só porque algo deu errado no presente, e por aí vai.
Relacionamentos também causam pensamentos obsessivos. Cobranças absurdas e exageradas vindas da família causam sensação de incapacidade. Abusos emocionais em relacionamentos afetivos causam o sentimento e o pensamento obsessivo de que não somos suficientes para os nossos parceiros, e assim por diante.
Enfim, a forma como nos avaliamos, a nossa autoestima, nossos valores e crenças, nossos traumas e experiências passadas, o que pensamos que seria bom para nós… enfim, tudo isso influencia os nossos pensamentos obsessivos.
Só é importante salientar que todo mundo tem pensamentos assustadores, ansiosos ou indesejados em momentos de insegurança. Porém esses pensamentos passam, e, depois, percebemos o quanto eram “bobos”. Quando eles nunca passam, é que são pensamentos obsessivos.
Problemas relacionados com pensamentos obsessivos
Assim como acontece com muitos transtornos psicológicos, o pensamento obsessivo é tanto sintoma como causa de alguns problemas de saúde mental. Uma pessoa depressiva, por exemplo, pode ter pensamentos obsessivos de insegurança. Porém pensamentos obsessivos de insegurança podem fazer uma pessoa ficar depressiva.
Ou seja, ambos os casos (causa e sintoma) são verdadeiros e não se anulam. Confira uma lista de transtornos psicológicos que podem ser tanto causados por pensamentos obsessivos como podem ser a explicação por trás deles:
- Depressão
- Depressão pós-parto
- Síndrome do pânico
- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
- Transtorno dismórfico corporal (TDC)
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
- Distúrbio de acumulação
- Fobia social
- Transtornos alimentares
Como lidar com pensamentos obsessivos?
Antes de mais nada, saiba que os pensamentos obsessivos não são pensamentos normais. Ou seja, eles são um transtorno psicológico ou sintoma de um. Portanto o mais indicado é procurar ajuda de um psicólogo para lidar com essa questão. Mas você pode dar alguns passos para combater os seus pensamentos obsessivos. Veja, a seguir.
1 – Entenda quais são os gatilhos
Será que os seus pensamentos obsessivos começam quando você interage com alguém, é exposto a uma situação, lembra algo do passado, projeto algo no futuro, entre outras situações? Identificar se existe um gatilho é um bom primeiro passo para prever quando eles vão começar, e fugir ou combater isso.
2 – Escreva esses pensamentos
Faça esse teste. Escreva um dos seus pensamentos obsessivos e, momentos depois, quando eles já não estiverem perturbando você, leia o que escreveu. Perceba como, na maior dos casos, esse pensamento vai soar absurdo, irracional e ilógico. Dar de cara com a mentira que ele é se torna uma boa maneira de desconstruí-lo.
3 – “Converse” com os seus pensamentos
Tente questionar e dialogar com os seus pensamentos obsessivos. Se você pensa que é incapaz de fazer algo, questione-se: por quê? Se não tiver um porquê, o pensamento obsessivo vai perdendo a força; se tiver um porquê, ao menos você saberá como agir para se sentir capacitado.
4 – Movimente-se para mudá-lo (se puder)
E aí entra este conselho: mude, se for possível. O pensamento obsessivo anda lado a lado com a procrastinação. Muitas vezes percebemos coisas em nós e na nossa rotina que causam ansiedade, tristeza, medo, insegurança, entre outros, e acabamos sucumbindo a isso, em vez de combatermos. Vá em frente e combata, mude!
5 – Ocupe sua mente
Quando perceber que está sendo tomado e engolido por esses pensamentos, mude o seu foco e se concentre em outra atividade. Uma conversa, um filme, um jogo, um livro, carinho nos seus pets… Enfim, quebre o ciclo do pensamento obsessivo ao depositar o seu tempo e a sua energia mental em outras coisas.
6 – Coloque o corpo em movimento
Você já sentiu um alívio mental e psicológico por se sentir cansado depois de uma atividade física? Colocar o corpo em movimento, praticando um esporte ou uma simples caminhada, por exemplo, é uma maneira muito efetiva de combater os pensamentos obsessivos.
7 – Converse com um amigo ou familiar
Ser acolhido por alguém que sabe que você não pode ser resumido pelos seus medos, ansiedades, angústias e inseguranças é essencial para que você se lembre de quem é de que isso tudo não resume a sua verdadeira essência. Por isso, procure sua rede de apoio sempre que os pensamentos obsessivos tomarem conta.
8 – Faça psicoterapia
Fazer terapia nos permite explorar os caminhos de quem somos, o que nos leva a sermos quem somos e o que podemos fazer para arrumar, corrigir, aceitar ou lidar com quem somos e com a vida. Por isso, a psicoterapia pode ajudar muito a lidar com os seus pensamentos obsessivos. Invista nisso!
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Enfim, pensamentos obsessivos podem ser muito incômodos, diminuir nossa autoestima, nosso bem-estar e nossa qualidade de vida, mas eles podem ser combatidos para que tenhamos uma vida melhor e mais tranquila. Por isso, invista na sua saúde mental, cuidando de si mesmo e do seu estado psicológico. Você vai vencer isso!
