Autoconhecimento Comportamento

Observe seu silêncio

Mulher com o dedo indicador levantado sobre o rosto, pedindo silêncio.
Escrito por Lilian Campos

Atualmente, são disseminados vários ensinamentos sobre a necessidade de silenciar a mente, buscar a autoconhecimento no silêncio interior e optar pelo silêncio nos momentos de irritação. Todos esses conhecimentos, se colocados em prática constante, podem provocar mudanças significativas, mas até onde sabemos silenciar?

Se observarmos com atenção, notaremos que existem vários tipos de silêncio, no entanto, eles raramente brotam da sabedoria, ou partem da nossa alma, geralmente são apenas silêncios superficiais, comandados por nosso ego.

Muitas vezes, nos silenciamos por uma questão de sobrevivência básica, essa autodefesa é tão sutil que sequer percebemos, é aquela nossa parte do ego que se sente ameaçada e prefere se calar a perder um debate ou qualquer outro benefício que sacie nosso desejo. Disfarça-se, assim, de um silêncio nobre para se proteger e se preservar.

Outras vezes, silenciamos as palavras e, enquanto isso, a mente mantém um diálogo agressivo e incessante, estratégia que não demora para falir, pois a mente inquieta, cedo ou tarde, transbordará com palavras, que, em sua maioria, vêm acompanhadas pela amargura e revolta contidas nos pensamentos.

Existe o silêncio irônico, que é aquele momento no qual silenciamos as palavras enquanto os olhos viram de um lado para o outro, os cantos dos lábios deixam escapar um sorriso ardiloso, é até possível ouvir um suspiro entediante rompendo o suposto silêncio, a face demonstra aquilo que a mente está gritando, e, o pior, é que fazemos isso sem perceber e com muito mais frequência do que imaginamos. Aquele que nos observa, contudo, percebe e pode ser que se cale para evitar algum confronto, ou seja, se autoprotege.

Ainda temos o silêncio punitivo, é aquele que vem para dar uma lição ou castigar; é mais ou menos assim, você me magoou e agora não falarei com você até que perceba meu silêncio, sofra com isso, adivinhe o que me feriu e se desculpe.

Mulher com uma fita em X sobre a boca, com o dedo indicador levantado na frente do rosto, em sinal de um pedido de silêncio.

Existe aquele silêncio conivente, momentos em que nos entregamos à preguiça mental e aceitamos tudo que nos falam, não argumentamos, não debatemos, apenas aceitamos, mesmo reconhecendo a necessidade de manifestar nossa opinião.

Então até onde nosso silêncio é nobre e benéfico?

É cada dia mais comum ouvirmos relatos de pessoas que estavam prestes a “explodir”, mas optaram pelo silêncio, e, junto, engoliram aquele enorme sapo que, mais tarde, se tornou uma doença.

Nietzsche afirmava que era melhor expressarmos nossos sentimentos, mesmo sem encontrar as melhores palavras, do que ofender com o silêncio.

A intenção aqui é observarmos as reais intenções de nosso silêncio.

Com toda certeza, em muitas situações o melhor é silenciar, mas não apenas as palavras, é necessário observarmos como nossa mente e pensamentos estão fluindo, como nossos sentimentos e emoções estão se manifestando. É um silenciar para se auto-observar e conhecer; mas, principalmente, para se compreender, cuidar e acariciar!

Sim! Acariciar! Silenciar para estar com você, voltar-se para sua dor e dificuldade e ser generosa com seu conflito, compreender-se e aceitar-se, nesse momento de dificuldade exterior.

A autodefesa, o silêncio punitivo e conivente dão lugar à sabedoria da alma, que passa a fluir, cada vez mais abundante e contínua, ela percebe que está sendo observada e agora é sua oportunidade de se manifestar e expor tudo que sabe e traz guardado em seus arquivos.

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Com o tempo e prática, começaremos a compreender o silêncio que mestres e sábios nos falam há milênios e que até hoje buscamos de maneira equivocada; encontraremos o silêncio interior que se manifesta em cada um de nós.


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Sobre o autor

Lilian Campos

Em meus mestres encontrei o exemplo, o amor, a força, a alegria e um caminho de luz.

Em meu companheiro de jornada, encontrei a mão estendida que me apoiou durante a caminhada.

Nas pessoas que cruzam meu caminho, encontro oportunidades de aprender e crescer. E no meu interior encontrei a perseverança e a coragem para aceitar a lapidação.

Assim sigo esta vida buscando aprendizados que me tornem um ser humano melhor e mais consciente da minha responsabilidade e tarefa neste planeta.

Acredito sinceramente que a mudança do mundo começa em nós, e só acontece por meio de nossos exemplos.

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