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Perfeccionismo, insegurança e o paradoxo da excentricidade como manobra de autorregulação existencial

Imagem de uma parede de tijolinho na cor bege e em destaque uma mulher feliz e dançando. Ela está sendo autêntica e mostrando do que é capaz.
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Escrito por Fabiano de Abreu

Perfeccionismo e insegurança vêm do medo de falhar. A chave é a finitude: entender que erros e julgamentos alheios não têm peso. A excentricidade autêntica libera da prisão da performance, permitindo que a imperfeição seja parte da sua grandeza e beleza.

O perfeccionismo e a insegurança não são opostos. São, em essência, estruturas dependentes sustentadas por um mesmo circuito de validação: o medo de falhar. A falha, no indivíduo perfeccionista, é um evento que ativa a amígdala como se fosse uma ameaça à integridade da própria identidade.

Já a insegurança opera como vigia permanente desse cenário, mantendo a dopamina modulada por expectativa e frustração. São dois fenômenos neuro funcionalmente conectados. Ocorre que ambos perdem poder quando confrontados com uma consciência simples e irrefutável: a da finitude.

Essa foi a chave que usei como manobra de reversão: “Sendo eu um perfeccionista inseguro, comecei a utilizar como marcha de manobra a consciência da finitude para não me importar.” Não é um desapego superficial, mas uma recondução do eixo da importância.

Quando você entende que não é eterno, percebe que o julgamento alheio e o erro não têm o peso que seu sistema límbico atribui a eles. Não se trata de se desvalorizar, mas de libertar-se da prisão da performance constante.

Essa é a origem do meu paradoxo:
“A excentricidade supera a imperfeição para a perfeição.”

Na prática, o que isso significa? Significa que, em vez de tentar esconder a imperfeição com máscaras sociais, você a desloca para um campo onde ela se torna irrelevante: o da autenticidade. A excentricidade, nesse sentido, é a liberdade de errar sem que o erro comprometa sua trajetória.

Se erro, não me justifico com desculpas — uso a verdade, ou assumo minha posição fora do padrão como escudo: “Se eu errar, uso ou a verdade para justificar e causar impacto, ou sou excêntrico em comprovar que não me importo, que posso estar por baixo, mas que isso não elimina o meu histórico genuíno.”

Essa lógica não é apenas emocional. Ela é neurológica. O córtex pré-frontal dorsolateral precisa de liberdade para planejar e criar, e a insegurança contínua interfere nisso, desviando energia para o controle obsessivo.

Imagem de uma mulher morena com tranças loiras no cabelo. Ela segura um ramalhete de flores do campo na cor branca. A foto traz o conceito de autenticidade.
Eliza Alves / Capturenow / Canva

A excentricidade autêntica, por outro lado, desvia o foco do julgamento externo e devolve potência ao sujeito — ou melhor, ao indivíduo que reconhece sua história, sua autenticidade e sua limitação.

O perfeccionista inseguro se liberta quando compreende que o erro não é exclusão da sua grandeza, mas parte da sua trajetória. E que a excentricidade não é uma anomalia, mas um território onde a imperfeição não ameaça. É onde ela pode, inclusive, ser beleza.

A minha escolha foi simples, mas profunda: entre esconder a falha e viver sob tensão, ou expor minha excentricidade e viver em coerência, optei pela segunda. Porque ninguém vence o medo de errar tentando não errar. Vence-se reconhecendo que, ao errar, não se perde a essência. Aprende-se.

Sobre o autor

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é um jornalista, psicanalista, neuropsicanalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e especialista em neurociência cognitiva e comportamental, neuroplasticidade, psicopedagogia e psicologia positiva.

Pós PhD em Neurociências e biólogo membro das principais sociedades científicas como SFN - Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Sigma XI, sociedade científica onde os membros precisam ser convidados e que conta com mais de 200 prêmios Nobel e a RSB - Royal Society of Biology, maior sociedade de biologia sediada no Reuno Unido.

É membro de 10 sociedades de alto QI, entre elas a Mensa, Intertel, ISPE, Triple Nine Society, coordenador Intertel Brazil, diretor internacional da IIS Society e presidente da ISI e ePiq society, todas sociedades restritas para pessoas com alto QI comprovados em testes supervisionados. Criou o primeiro relatório genético que estima a pontuação de QI através de teste de DNA e o projeto GIP - Genetic Intelligence Project com estudos genéticos e psicológicos sobre alto QI com voluntários.

Autor de mais de 50 estudos sobre inteligência, foi voluntário em testes de QI supervisionados, testes genéticos de inteligência e estudo de neuroimagem já que atingiu a pontuação máxima em mais de um teste de QI em mais de um país corroborando com os demais resultados genéticos e de neuroimagem.

Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional.

Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo, criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil.

Lançou os livros “Viver Pode Não Ser Tão Ruim”, “Como Se Tornar Uma Celebridade”, “7 Pecados Capitais Que a Filosofia Explica” no Brasil, Angola, Paraguai e Portugal. Membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo, Fabiano foi constatado com o QI percentil 99, sendo considerado um dos maiores do mundo.

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