Psicanálise

Psicanálise como caminho para a compreensão da psique espiritual

Homem numa sessão de psiquiatria.
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Escrito por Vitor Vieira

Na história da evolução e dos diversos processos pelos quais a medicina já passou, existem alguns que ainda sofrem com uma visão limitada sobre o que é, de fato, a cura, tratando-se sobre como e por que adquirimos doenças, traumas, angústias, medos e inseguranças.

Quando vivemos uma vida repleta de dúvidas, vivemos uma vida repleta de respostas, porém nem sempre na linguagem que estamos habituados, mas algo sempre é despertado quando questionamos algo externo ou nós mesmos. Entregar-se para si é um mergulho de luz e escuridão, pois não sabemos o que vamos encontrar, sendo assim sempre haverá surpresas para nós e para quem vem depois de nós.

Como vemos ao longo da história, basta um despertar e viramos uma chave-mestra no mundo das revelações, que de tempos em tempos são desenvolvidas em arte, política, religião e ciência. Integrando esses quatro pilares da nossa sociedade, daremos um salto, e acredito que é para isso que estudamos a parte mais vulnerável do nosso corpo: a mente.

Quando falamos em psicanálise e seu profundo estudo ao longo dos anos, deparo-me com algumas questões da humanidade, como: de onde vim? De onde veio? Quando se trata sobre nossa estrutura psíquica, partindo do princípio da primeira tópica, inconsciente, pré-consciente e consciente, sendo o inconsciente como armazenamento de conteúdos, memórias e lembranças que não têm contato com o consciente, o pré-consciente que faz a ligação entre o inconsciente e o consciente, mas não pertencendo a eles, assim o consciente é responsável por percepções, atenções e discernimento da nossa mente.

Sabendo disso, percebemos que temos diferentes formas de lidar com inúmeras situações, tanto para reprimi-las quanto para compreendê-las. Se pensarmos que isso se dá a tudo que já vivemos a partir do momento de nosso nascimento, ainda no útero de uma mãe, reflito sobre como armazenamos o que está além da matéria, o que trazemos de outras experiências vividas em nossa psique espiritual.

Por meio da teoria hermenêutica, é possível ver além do objeto, do que está visível e superficial, mas quando pensamos em ver além do inconsciente, que, segundo Freud, é a camada mais profunda da mente humana e é o que deu o início aos estudos até chegarmos ao termo psicanálise, fica a questão: o que enxergamos?

Homem negro numa sessão de psiquiatria.
Alex Green / Pexels

A busca pelo autoconhecimento é antiga. Voltando no tempo, também nos deparamos com grandes nomes da filosofia que contribuíram para quem somos hoje e para como a sociedade se comporta perante a isso. As famosas frases de Sócrates, como: “Conhece-te a ti mesmo” e “só sei que nada sei” são perfeitos exemplos de que vivemos em uma dualidade ilusória, que na verdade estamos aqui para evoluir de forma individual e coletiva, então não há uma sem a outra. Assim sendo, trago a contribuição de Carl Jung, discípulo de Freud, para o mundo da psicanálise, em que ele conclui, sem hesitar: “O inconsciente individual repousa sobre uma camada mais profunda. Eu a chamo de inconsciente coletivo”.

Vivemos sendo contaminados pelo simples fato de estarmos vivos, e se não estamos em alerta, isso nos consome, mas a busca pelo pleno entendimento psíquico faz com que não cansemos de caminhar em busca do respeito, empatia e compaixão por nós e pelo próximo. Pensando assim, somos divididos em quatro partes: corpo físico, energético, emocional e psicológico.

Nossa estrutura psicológica seria a última a ser lapidada na nossa evolução como seres humanos diante de vidas e vidas, idas e vindas, que na espiritualidade chamamos de reencarnação, que seria a oportunidade de vivermos várias experiências em um mesmo planeta, como um espírito vivendo uma experiência humana e se desenvolvendo a partir de uma alma superior que rege nosso espírito, tudo ligado ao nosso corpo. Se prestarmos atenção em como reagimos às interferências externas diante de um organismo, veremos a eficácia que essas evoluções nos causaram, por exemplo: um machucado simples, um corte, sem pensarmos em nada, sem nos esforçarmos. Nosso corpo já tem uma capacidade própria e domada para lidar, curar e cicatrizar; essa capacidade se dá ao decorrer dessas experiências entre alma, corpo e espírito ao longo do tempo e das encarnações.

Em nosso estado atual mental, vemos quanto temos dificuldade para lidar com distrações externas e como isso se reflete de forma significativa em nosso psicológico, desde uma cena que vimos quando criança, uma frase que ouvimos, elogios, críticas, processo de luto, conquistas, derrotas, o que temos controle e o que não temos controle… Tudo com o qual lidamos no dia a dia de nossas vidas.

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O que impressiona é como não há comparações entre as situações e as circunstâncias, pois cada um traz uma certa particularidade em seus conflitos, e a ideia de associação livre me remete exatamente ao caminho do autoconhecimento e ao nosso “EU”, que existe em todas as instâncias da primeira tópica, pois em certos momentos falamos o que mais precisamos ouvir ou ser o gatilho para demonstrar uma emoção reprimida. Sendo assim, dar essa oportunidade ao analista, de interpretar o que sentimos sem julgamentos, faz com que gere uma sensação de liberdade. Como somos diferentes, as reações são imprevisíveis e assumir um sentimento é desafiador, mas não há dúvidas de que esse é o primeiro passo para encarar o que de fato nos tira do trilho da vida e, dessa forma, confiar no propósito de si mesmo e da psicanálise como um caminho para desvendar o que carregamos de vidas passadas e da nossa existência atual.

Sobre o autor

Vitor Vieira

Vitor Vieira, 26 anos, psicanalista, cantor, compositor, escritor e apaixonado por filosofia.

Sou colunista nos sites Eu Sem Fronteiras e Ajudaria, e professor no Instituto Paulista de Psicanálise.

Acredito que somos todos um só, dentro de cada particularidade. Somos irmãos, aprendendo e evoluindo, dia após dia, sempre em busca de somar e multiplicar conhecimento e sabedoria.

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