Comportamento Convivendo

Vidas negras importam

Garoto negro segurando megafone em protesto
rawpixel / 123RF
Escrito por Luis Lemos

Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial

Três de julho não é uma data qualquer, é o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial. E essa data não pode passar despercebida, principalmente depois da morte de George Floyd, nos Estados Unidos, que desencadeou um movimento mundial contra o racismo, e que aqui no Brasil vem ganhando força, também, depois da morte do garoto João Pedro, que caiu do 9º andar de um prédio em Recife, onde sua mãe trabalhava como empregada doméstica.

Nos últimos meses, principalmente depois da pandemia do coronavírus, os casos de assassinatos de jovens negros no Brasil aumentaram muito. Estatísticas apontam que a cada 48 horas um jovem negro é espancado, revistado, ou assassinado sem um motivo aparente, simplesmente por ser negro, numa clara demonstração de preconceito racial. Contra a violência policial, nas favelas e becos desse imenso país, é preciso gritar: toda vida importa!

E para que toda essa situação acabe ou diminua é preciso colocar a situação dos negros às claras no Brasil. É preciso envolver a todos no debate, fazendo um verdadeiro trabalho de resgate dos negros e seus descendentes, oferecendo-lhes educação de qualidade, trabalho digno, respeito mútuo, cidadania. Ou seja, dizer que “Vidas negras importam” é reconhecer o grau de importância que teve e tem o negro na formação cultural desse país, e de como vem enfrentando as dificuldades nessa mesma sociedade, dando-lhe igualdade de oportunidade com as demais etnias.

O Brasil é um país multirracial e pluriétnico, o que, por consequência, implica a existência de diversidade ou pluralidade cultural, muito embora exista enorme dificuldade de reconhecimento dessa diversificação por parte de muitos brasileiros. Dessa forma, o povo brasileiro precisa avançar no conhecimento de sua própria história, só assim conhecendo as suas origens, talvez, teremos um pouco mais de respeito e tolerância com os negros.

Pessoas em pé de costas com braços dados representando diversidade
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É possível acabar com o racismo disfarçado que existe no Brasil? Ou você é um daqueles que acham que não existe racismo no Brasil? O racismo no país ocorre por meio dos comentários maldosos que fazemos sobre os negros, as mulheres, os nordestinos, os nortistas, os indígenas, os estrangeiros, etc.

Como é triste, para não dizer deprimente, ver as nossas autoridades, especialmente o Presidente da República, o Ministro da Educação, fazer piadas sobre os chineses, os japoneses, os indígenas! É preciso respeito com a cultura do outro; é preciso entender que toda vida importa!

Será mesmo que “vidas negras importam”? Quantos atores negros você conhece? Quantas novelas com atrizes negras em papel de destaque você assistiu? Você já foi atendido por algum médico negro? Quantos livros de autores negros você já leu? Você saberia dizer qual o líder negro ou indígena que desempenhou ou vem desempenhando papel de destaque na vida pública brasileira?

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Por fim, e não menos importante, pensamos que para contribuir com a mudança de rumo da sociedade brasileira, para que ela seja mais justa e igualitária para todos, é fundamental que valorizemos o trabalho dos negros, não apenas no futebol e no samba, mas em todos os campos do conhecimento humano, na literatura, na filosofia, na moda, na novela, no cinema, na religião, na ciência e na política.

Vamos pensar sobre isso?

Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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